27 de dezembro de 2016


Notas de linguagem
Lágrimas de fogo-seco
Grafias de prazer
E palavras em forma de navio
Ponte ou soleira
Num contorno de escrita
Devagar e assombrado.

Como ir e voltar na raiz do tema a sedimentada visão da pedra precisa espécie de cultura, que parece impensável, chegado a saber, das vielas vagarosas dá que pensar, nessa sua dimensão, do efabular dos tempos ser a carne assim, descuidadamente, aos horizontes do acontecer, em esvanecida substância, no início o silêncio, que tudo reconduz a um fundo de troca e restos dali.

Como páginas de carne
Estar num relance
Os surpresos silêncios
E cada página da soberana erosão.

(Oráculo da cruz que nos carrega).

Numa pausa da respiração propriamente
A queda e os territórios em significativa desordem.
O contorno edificado em numérico
Suporta os sucessivos desdobramentos
Do ensinamento da morte
A morrer nos cânticos finais das vielas -
Sucessivas linhas
Do olhar extático em oração sibilante.
O apelo dos séculos
Em manifestos de particular convénio
Redondel de gestos
E silêncios imateriais corpos de exaltação deste mundo.
Como estátuas na terra dois sinal
De humano assim mesmo
Esboço da espécie do instante
Em moribundo momento ao lugar da prata
E do cetim gritos de vazio -
E na parede o esquecimento - cada segundo regenera.

E a verdadeira arte da passagem
Nas acústicas texturas
Das elaboradas
Memórias em quanta gestação
Do olhar desatado
Da terra funda
Em lentidão corpos a recomeçar de súbito.

Como aquela impressão do momento em mudança que nunca chega aos tempos da terra irradiado das mais diversas situações do dia-a-dia por meio de uma simples ida ao exaltado dos mitos da matéria. A verdadeira novidade a quotas de mercado, o bem de todos. E como sendo a verdadeira arte de ser reconhecido em nome do interesse geral os tempos são outros plásticos de anunciação derivada, as maneiras defuntas, como as da simples sonata, ficam, qual fonte dessa ortografia, num homem que não é uma ilha, deste mundo indiferente, ao iniciar a semana e meia em que faz-se o tempo de atmosferas desconcertantes, ou por vias daquela delicadeza pré-primaveril que de tão precoce é raramente associada e permanece, silenciosa degustação, nas cadências fortuitas, de tão expeditos idílios em material do além a um olhar profundo, quase literal, qual fonte da magia, ou a certeza daquilo que se diz e daquilo que se pensa da natural disposição dos objectos ou o que bem se entenda por natural disposição dos objectos assim entendidos.

18 de novembro de 2016


Da velocidade

Qual gesto casual
Espontaneamente mímico –
Caísse –
Na tentação do sobreolhar
As letras-sombra
Em avassaladora lentidão.

Como rituais numéricos
Em debandada quase apocalíptica
As sonoridades
Que tocam os carnais
De ninguém
Numa solução pictórica
Por simbólicas
Da velocidade imaterial –
Quase expirada.

Sim, esta é a espécie de velocidade que procura uma saída. Um certo tipo de movimento considerado do qual se veicula aquilo que não e o mais dos momentos por maneiras daquilo e pelos quais começamos ou começámos. Aconselharia portanto calma. O cair na contemplação que segue um qualquer imediato de uma qualquer conquista acaba não raras vezes por ser tomado como a própria incorporação mental dos caminhos o que é manifestamente um efeito da velocidade como algo daquela condição que contraproduz das manifestações verbais do reconhecimento em sobrevivência supérflua por vias tais que nunca ou quase nunca se corre a direito por muito paradoxal que isso possa parecer.

Extrai-se ainda assim da incorporação mental dos caminhos. Ressalta de si qual autografia do deserto metafórico por meio daquilo a que normalmente se chama a impessoalidade do erro ou o próprio da direção do resíduo que - na realidade e apenas aparentemente - diz-se. É pois este um tema que atravessa e que é transversal e a pergunta fica afinal para quê sem interrogação ou o que fazer também. As respostas a estas questões marcadas de uma tal e labiríntica incompletude são como os gorjeios de uma teatralidade instante em manifestação do espaço limitado que fazem o corpo total numa absoluta imaterialidade quase místico numa acepção livre e esta distanciação do acontecer enquanto momento de substanciação cultiva as circunstâncias em matéria por lapidar pois o não podemos escolher mas podemos fazer por isso é já uma atitude de escolha e uma escolha-escolha portanto.

Enquanto desenho dos interiores visíveis e previsíveis esta (escolha) marca cada passo no caminho em sugestão de cor e por notas de uma cor em sucessão de tonalidades que entre si limitadas já não tratam do princípio ou do fim da inocência mas de um certo tipo de exercício de enchimento e degustação que assim levado à exaustão cai nos entretantos que regem os corpos de palavras e saliva. Sobrevive ou sobrevivem, é tão simples quanto isso.

Apresenta-se por meio da representação de uma alternância da mente e da “sua” vontade esvaziada afinal de critérios e padrões que apelam o fundo de uma verticalidade disposta por cortinas de horizontalidade na face da revelação do sentido da tendência e que chega talvez por isso a perfazer e coligir as numerosas audiências em substâncias de ficção e relato e tanto assim é que percorre efectivamente possuída da mesma determinação ousada os caminhos contrários da indiferença e da renúncia. Esta iluminação heurística do instante é o que de mais “verdadeiro” se pode considerar no momento. Um qual “peso” disposto em potencial vector da curva invisivelmente derramada num resto ou numa fronteira e inevitavelmente em transgressão dessa mesma inevitabilidade que fica nas entre linhas do semelhante acontecer como a mais-valia sobranceira ao sinal qualificado da pertença mais o seu virtual desejo ao mesmo lugar num quanto baste de eficiente sentido a não busca do não chegar a um fim daquilo que percorresse o vazio em vazio.

Qual vento a soçobrar das beiradas
Estende em regresso o ar da sua ausência
Num sentido que escapa a condição
Da vigília ao fim do tempo
E perfila as roupas puídas como a terra num rodopiar
Implacável do ar fresco, incessante.

9 de novembro de 2016


Vou (apenas) estar uma hora
E arrelia-me um bocadinho este bulício
Que sinceramente…
Enquanto não chega o momento
Das poucas posses quero
Fazer e é um direito que lhe assiste
Interiorizado em afectos
Como se diz das bátegas de chuva
Que persistem na qualidade da indumentária
E quanto mais olha-me -
Pois - com toda a força da imaginação possível.

7 de novembro de 2016


Nitro benzeno - like.

Foco pontual ao ponto de navegação.
E os céus aproximados da substância
Propícia em guacamole de conjunto.

Um bom dia para ti também.
Não tarda aí o inverno
E lembra-me pois, de manhã-
Exactamente o que devo fazer – por maneira douta
Ou então saio já aqui.
Recomendo o sociávelmente
Apelo de estar a dor
Da memória escrita com tudo ao abandono
Numa inexistência disposta
Que conheço mais ou menos… e sinto-me
Como se me pertencesse
A algo de maior
Em comunicação verbal… de ausência
Senão morreria.

Quero deixar expressa
A imagem da posição das figuras
Em movimento para mim -
Pois também para mim apenas o significante
Conta - isso de tão perene
E palpável como a existência
(ou a inexistência) de uma tinta
Que assente bem
Recatada de Ifigénias ao amanhecer
Do touro ou ainda mais
À espera da lua cheia e candente -
Uma quanto e necessária manifestação
Do aspecto reclamo
O sentido alimentar nas funções manuscritas.
E isto na hora da marítima.

Quero portanto apresentar-me.
Sou eu destas pedras da calçada em basalto agreste
Exorbitantemente em passeio
Nesta vida que de tão intensa quase chega a desfalecer…
Mas estou bem, tropecei naquele instante
Mas estou bem, e agradeço a pele
Já que as bebidas
São de um gás ligeiro e ainda mais deliquescente.

27 de outubro de 2016


Tudo o mais ficaria bem
Continuasse a fanfarra à maneira dos malucos
Com cinturas de coisas
E palavras postas a concurso.

Deixa-me só terminar este cigarro
E vamos daqui p’ra fora a um outro dia de mais palavras
Até que eu seja o caso de ficar desfigurada
Nos gritos com que me corto neste vazio que me invade
Rasgada dessa imagem que não chega…
Olha-me, poderíamos sair a dizer
Desta agitação que me rodeia de línguas e sorrisos
Mas primeiro gostaria de me permanecer
Refletida nestas vidraças iridescentes
Enquanto cais na pálida tarde e deixas-me ouvir-me
Debruçado a decidir o que te parece distante
Daquilo que te parece distante
E chega da tua indiferença – dita-me
Desse lado antes que me chegue o silêncio –
A presença, qualquer coisa, diz-me que tenho de ir.

Adormecido ruíra a tua face
Em compartimentada presença os murmúrios
Que dessa e desta parte não reconheço
O reflexo e gasta-me a pele
Em debandada qualquer expressão… como sendo.

26 de outubro de 2016


Diz então como dizer
Composta por palavras
Essa maneira de insistir
Que toca o olhar liquefeito
Ao demorado recanto
Do ritual disposto
Em sobrepostas camadas
De uma argila muito fina.

Em caso de dor
Sobra o histórico percurso
Matizado a cabelos
De embriaguez nos degraus
Da manhã cedo
Pois também
Eu fui jovem, risonho diz.

25 de outubro de 2016


Idade

Significativamente soletra
O devido espaço/apreço da cabeça
Em cânticos da região
E nas mãos depuradas a idade
Avança e a pele acetina
Naturalmente nesta altura do ano.

24 de outubro de 2016


Máquinas silencosas.

Como estar feito de espanto
E alguns destes corpos sucumbidos
Em combustão lenta - residual
Da noite estes movimentos inventam
As memórias dos semelhantes abraços
Que parecem a noite apenas
E a noite cheia de luz num dia aqui.

Qual velo de procissão distrai, sabendo, no entanto, do que é feita a distracção:

A significação de uma qualquer coisa
Investe os recortes de luz nas formas motorizadas
De alguma vegetação
Qual rasto de circunstância
Mecanizada e centelhas de chaminés
A exalar sinfonias
Em aproximação ao lugar desconhecido.

O resultado de semelhante percussão apresenta-se a cada dois ou três dias naquilo que é considerado o seu modo garante e o mais prodigioso dos concertos que atenta ao pormenor e à regeneração do património através da elucidação e da dilucidação de todo um conteúdo sufragado ao modo do acontecer propósito do artelho batalhador e do barro e sua demais constituição assim glorificada disso.

Tudo ao acaso no pensamento da imagem feliz.

O que por semelhante elevação pedestal não saberia perder em consciência tais mananciais de literatura com todas as letras substanciadas em rotação recipiente e consensual qual oração do pão para todos que é a máxima que desprende-se a cada linha universal em fio condutor das arquibancadas e das vozes aparecidas e desaparecidas num relance considerado em centelhas da nova luz e na sólida tradição da mais valência à sombra dos expeditos telégrafos e da bem-aventurança arremetida noutros elementos.

A grafia disso …

É como a elegância do contorno que excita uma certa proliferação de uma certa abundância e ainda uma certa degustação sendo que qualquer proclamação do bom gosto ou do bom garfo é relativa como o tempo e precisamente porque está de chuva a delicadeza quer seja ela do traço ou da expressão contida em sedimentação silenciosa fica no aparentemente distraído mordiscar dos lábios que empresta-lhe um ar desprendido e como que casualmente concentrado pois não é por ser minha mas ainda bem que a população dos ligeiros não para de aumentar, é uma constatação:

Mas será que por estes lados ainda não sabem que o mundo acabou? – pensou consigo.

Outro dia esvaiu-se
Focado e languescente
Nesta cor de chuva
E o rio pincelado
De silhuetas - oscilações
No olhar percorrido
A verde e torrentes
De pedra impaciente
E momentos de vegetação.

Por maneiras de quem diz não-não vou sair na próxima paragem até porque está muito frio e mantenho o que disse aos olhares que em volta se buscam nunca vi mas não me desgosta pois o correr da forma é outra coisa não como a luz de uma certa cor de fundo e firmamento súbito de azul e desertos brancos bolbos de sumo pardacento e ácido.

Por razões à partida da terra
E paredes velhas
Arcas de tijolo colorido
A frio no tempo
Veloz esvanece o espaço
Permanente lugar das escritas
Invariáveis não
De menoridade mas de gozo.

E correm os territórios
De olhar passageiro e mendicidade
A framboesa invisível
Sombra do vislumbre
E forma das palavras
Por detrás dos espelhos
Magnéticos nomes da canção
Da luz o mesmo
Olhar suspenso em panoramas
De sedução e cor
Sólida no tempo inerte.

Que num movimento lento de expressão passível gesto interlocutor exercitara o rasto pista de primeira terra.

19 de outubro de 2016


Suavidade

A suavidade encíclica do pedestal clássico
Por hábito antigo de anatomia
Do sangue calcula a contínua migração dos povos
Potenciais num particular da solenidade
Entronizada ao cuidadoso manuseamento dos materiais
Multiformes em pertença líquida.

Numa ligeiríssima diferenciação
Do resto faz da pertença a antecâmara
Da partilha ou o acontecer
Manifesto de uma certa casualidade – o chiste ocaso –
Que quando alimentar
Fica e fumegante padece de uma certa uniformização.

Na esfera orbital do pensamento o pintar deste acto físico excita a substância em subsistência e não é verdadeira oscilação como nos decálogos antes suspende-se em memórias de uma certa emancipação integrada.

Do que afinal pouco fica
E nos braços que são
Como quem não carrega
O sopro que dali os entreolha.

Esta sentença corta como o “verdadeiro acto” da criação e da ligeira tendência e conquista e é reconhecida por momentos como sendo a memória da implantação de uma qualquer outra coisa que percorresse em processos de passagem a desapiedada condição das montanhas altas e o relevo que persiste em calafrio na pele as ancestrais verbas da vaidade.

Permanece assim como o não atingido movimento da cor estupefacta numa expiração que sobe regulada a um ponto de luz e percorre os dizeres da falta por meio de um qualquer tempo depois da vida ou o que seja da mais leve inexistência a um qualquer fundo inolvidável e em respiração pausada, como nos filmes.

14 de outubro de 2016


Palavras – umas a seguir às outras.

Nada é palavra
E a palavra floresce
As abundantes palavras
Febris - primaveris
Umas a seguir às outras.

Como na multidão
Das fábulas os sinais
Da ágil travessura
Na imagem de ser muitas
Palavras num céu
De azuis já esquecidos
E palavras que chegam
E dizem da primeira
Na segunda pessoa.

13 de outubro de 2016


O aprendiz

Uma mesma falta e o mesmo reconfortante cansaço. O cuidado de insónia e os olhos cobiçados ao que sai da regra – o mundo. Dissipado no que das prosas sobra em corpo abre e sobe e desce e as cadências chegam, preenchem de representação.

Pálidos decibéis outonais
Um cheiro a terra
Erigida – habitada, restrita.


A silenciosa sintaxe do signo na parte medida e perdida ao mesmo instante em escalas de paradigma e circulação do peso, ao centro, a falta investida em palavras que, na imagem do minuto só seu, carregam uma oração de tudo e a vista frugal do tecido.

Gargantas sequiosas
De cenas e combustão - o ápice -
E naturalmente o vazio.

12 de setembro de 2016


Mitos - fronteira - etcaetra.

A semelhança hesita
O transporte ao momento
Seguinte repente
Do qual se faz figura
Escrita e acontecimento e objeto.
Como arestas
E mais a luz que as ilumina
Chama palavras
A receber-te aqui – pormenor –
Do que ficou por fazer.

9 de setembro de 2016


Diz então como dizer
Composta por palavras
Essa maneira de insistir
Que toca o olhar liquefeito
No demorado recanto
Do ritual disposto
Em sobrepostas camadas
De uma argila muito fina.

Em caso de dor
Fica qualquer visão
Do histórico percurso
Matizado a cabelos
De embriaguez
Nos degraus da manhã
Cedo, que também
Eu fui jovem, risonho diz.

25 de junho de 2016

Mais logo

Começará o jogo
E não quero perder em consciência
Nenhuma das repetições
Em slow motion
Poderia vê-las mais tarde
E na íntegra - com certeza que sim -
Mas não era a mesma coisa.

19 de maio de 2016


Da vírgula

Os mesmos formais carregados de cinza subitamente voluptuosas placas de céu carregado.

13 de maio de 2016


Uma paisagem desfila no tempo
duplicada entre as superfícies do vidro
e as curvas de uma cor que entretanto morreu,
escapa da penumbra num momento
que não tem nome, oscilação de luz ou nem isso-
um jogo de cambiantes, de superfícies pisadas…
por exemplo: musgos em posteridade
e copas de um arvoredo nu a castanho esgotado
e traços de estação, ainda não chegada
ou apenas em mudança, ou assim o quero acreditar-
nada muda e a luz é outra,
efeitos de um clarão ou nem isso,
ao longe parece uma montanha de água
a descer em cortina sobre o rio,
nasce da multidão das nuvens e vem poisar
a serenidade aparente dos caules
como cimento velho na estação do silêncio-
envolvida do pormenor impávido,
das desconcertantes cadências, soberanas
colunas de socalcos celestiais
que dormitam debruçados, sem nome,
no outro lado do silêncio, visível forma do tempo.

Estava a nascer o dia,
mas permaneci deitado
a aguardar o levante
que observo agora
da janela embaciada-

Sinal de que a noite foi fria, húmida.

11 de maio de 2016


Uma referência fílmica - um pouco atrasada - a propósito da morte do artista

- I just like the sound of it

11 de fevereiro de 2016


Partes

Da inquieta ablução toneladas de metal retorcido e a suscitação do cabelo em desordem, a um movimento de partida a multidão, entretecida das memórias – produzidas – da processão dos objetos sucedidos, por cada passagem dos dedos erigidos fica, aquela forma, como que ao outro lado ornamental da exclamação e numa mesma voz uma destas noites que chega - luminosa razão de origem – em múltiplos, mutilados corpos intuídos, de cortinas inquietantes, e escadarias intransponíveis.

27 de janeiro de 2016


Sombra

Por delicadeza nasceu entre os juncos sugerida,
falta verbal aqui no entanto em transmissão,
por símbolos do olhar sepulcral extremamente contigo,
digamos assim, as paredes do que parece aveludado,

e aquilo das palavras – isoladas - que depende
em contraluz suposta, todo o seu encanto, as mais
complexas hesitações, são crisálidas como dizias
por desventura, madeixas em trezentas mil situações,

o que é preferível, bem entendido
o silêncio da natureza impossível.

25 de janeiro de 2016


Repouso

Como gramática elementar dos cidadãos doravante as éticas da expedição e os escombros levemente expeditos, a circunstância da tinta, espalhada sobre o olhar artístico.

Tiras de um papel muito apertado o lugar da dissertação criteriosa cor num suporte de excelência azul ainda, que de todas as cores possíveis, logo.

Que a madeira, por displicente entrada ao fim da tarde em modorra, e nas frontarias de uma qualquer região fica, adormecida da suavemente brisa, bem devagar, em repouso imerecido.

23 de janeiro de 2016


Cálida brisa.

Jogral forja da imaginação tal ideia chama o subterfúgio, alma dessa condição nunca houvera, a matéria das memórias iniciais.

No centro da melodia eterna e providencial os gestos da suavidade e o singelo da flor que jorra esquecida por entre o trigo o centeio e a cevada e ali empresta um brilho de frescura que espontaneamente acaba por sagrar-se à cercania e aos terrenos limítrofes, a suave inclinação dos outeiros pela manhã.

Uma brisa açoita as ramadas jovens, e também por isso, os sinos a replicar à tardinha - corações suspensos - os enclaves de sol e sementeira, a tempo da celebração nos corpos fazem, estival uns, outros, nos braços que tudo solenizam.

22 de janeiro de 2016


Seca.

A pele atrasa em ritual de boca o silêncio da progenitura. O calor, fica em processos de alucinação, distante. Defronte a uma palavra perdida vê como vagamente a sombra seduz num pulsar próximo, acaba, quando os corpos sangram siderados, preenchidos. A noite é vigília de um movimento apenas, tragédia de veste invisível, significação do sangue, um simples rumor cru da pele extinta, ressequida.

21 de janeiro de 2016


Duas linhas

O instante, só por si, não faz a vista desarmada,
como nos campos desapiedados sais da condição sobretudo, mesmo resto.

19 de janeiro de 2016


O esquecimento dos anciãos.

Os homens na labuta, cada dia. As mulheres, belas incansáveis, partilham sofrimento defronte ao sorriso das crianças, cada entardecer à volta do fogo. Sombras e florestas, risos, a noite dentro aos corpos estarrecidos, refeitos mesmo assim, como se rendiam tranquilos nas almas apaziguadas.

Já tarde era o indício reparador e o gesto dessa maneira até que nada fique da inominável barbárie. Na memória dos homens perdura o esplendor azul. É estranho o hábito da substância absurda e como ousa, nos gestos fustigados da condição latente, os pedaços de uma condição silenciosa.

Num repente acordado à espécie da agonia cada instante, todos no território do olhar tão perto, a permanência pesada, as normas da implicação, os artefactos consigo e a memória dos corpos em silêncio.

16 de janeiro de 2016

O tempo e o ritmo.

Foi pelo tempo em que cai temporais na planície depois da longa visão do festim queimada - sabores amargos em comoção indescritível - que por sílabas de morte tardaria o seu principio ocasião dos poentes esbatidos.

Como gravura ainda não verdadeiramente à conquista do sujeito serão, dias de festa e rotina, os cenários da criação encarada no seu modo natural, reprodutor disse, e em face dessa primeira demonstração que gesticula a pertença como se tocariam autenticamente a terra áspera e o pé flamejante com toda a assistência reduzida a um estado de neblina.

A esta distância - registo do qual não houvera memória - do primeiro esplendor nas casas janelas e cabeças não há memória tal nos caracteres da passagem de época, são doze as profundezas da vegetação, e a gordura incendiada corre os recessos da humanidade até um momento seu semelhante correr da figura diga-se, pois, que desde aqueles tempos tudo não passa do mais que o destino ditaria e é verdade, sabemos da exaltação e do próximo instante, por detrás de um olhar contigo, (isto é o que se dizia), quando os campos se acendem de abelhas e cores variadas e o céu permanecia os olhares todos um só feito e derramados na terra sequiosa, como os corpos fisicamente entoam versos, cânticos, magnólias.

12 de janeiro de 2016


Branco, corpo, espelho, roda, limite.

Nada é mais verde que a companhia ... e o que percorre.

2 de janeiro de 2016

Relíquia, corcéis, elipse e caldeus.

A terra em ameno convívio à primeira vista. Seu corpo, forma de mel, por caudais acima, traz a matéria de que é feita a rua e as ruas, os pretéritos de falas encadeadas. E presumivelmente fica-te, cada vez mais, como fora a imagem de uma pedra justa aquele movimento de alma que faz do mesmo um tempo em presença. Como a vida aqui suspende-se a noite em tentação de chegar a palavra, para além de toda a luz habitaríamos a imagem do olhar completo, o regresso aos vagarosos lugares vivos, cores de cada um.