13 de maio de 2016


Uma paisagem desfila no tempo
duplicada entre as superfícies do vidro
e as curvas de uma cor que entretanto morreu,
escapa da penumbra num momento
que não tem nome, oscilação de luz ou nem isso-
um jogo de cambiantes, de superfícies pisadas…
por exemplo: musgos em posteridade
e copas de um arvoredo nu a castanho esgotado
e traços de estação, ainda não chegada
ou apenas em mudança, ou assim o quero acreditar-
nada muda e a luz é outra,
efeitos de um clarão ou nem isso,
ao longe parece uma montanha de água
a descer em cortina sobre o rio,
nasce da multidão das nuvens e vem poisar
a serenidade aparente dos caules
como cimento velho na estação do silêncio-
envolvida do pormenor impávido,
das desconcertantes cadências, soberanas
colunas de socalcos celestiais
que dormitam debruçados, sem nome,
no outro lado do silêncio, visível forma do tempo.