19 de maio de 2016


Da vírgula

Os mesmos formais carregados de cinza subitamente voluptuosas placas de céu carregado.

13 de maio de 2016


Uma paisagem desfila no tempo
duplicada entre as superfícies do vidro
e as curvas de uma cor que entretanto morreu,
escapa da penumbra num momento
que não tem nome, oscilação de luz ou nem isso-
um jogo de cambiantes, de superfícies pisadas…
por exemplo: musgos em posteridade
e copas de um arvoredo nu a castanho esgotado
e traços de estação, ainda não chegada
ou apenas em mudança, ou assim o quero acreditar-
nada muda e a luz é outra,
efeitos de um clarão ou nem isso,
ao longe parece uma montanha de água
a descer em cortina sobre o rio,
nasce da multidão das nuvens e vem poisar
a serenidade aparente dos caules
como cimento velho na estação do silêncio-
envolvida do pormenor impávido,
das desconcertantes cadências, soberanas
colunas de socalcos celestiais
que dormitam debruçados, sem nome,
no outro lado do silêncio, visível forma do tempo.

Estava a nascer o dia,
mas permaneci deitado
a aguardar o levante
que observo agora
da janela embaciada-

Sinal de que a noite foi fria, húmida.

11 de maio de 2016


Uma referência fílmica - um pouco atrasada - a propósito da morte do artista

- I just like the sound of it