30 de agosto de 2018


Algo se configura dos silábicos ritmos num precipitado e jovial das artes festivas ou minuciosamente e mais convencional do exercício das nocturnas que é qual receptáculo das imprecisas ou seja do acto propriamente dito

em que ele
argumento da presença
num cenário de tu
limite do discurso dele
avança por entre a multidão das memórias perdidas
até que dele a ideia chega
no distanciado respirar de um eu escandalosamente
causa de estar num outro
e diz que regurgitou na excepção dessa terceira pessoa
entretanto ausentada
aquela parte a minha e a tua em narrativas
de valor e lamenta de seguida por meio de algumas metáforas
do lugar nos celebrados ossos
uma certa e determinada sensação de epiderme
em função vital da ligeira palavra
ou seja forma de pensar
o qualitativo solo da percepção
num ponto de vista
lateral o que bem vistas as coisas é usual
nas artérias comunicantes
e mergulha directamente no silêncio dos sóis contemplativos
primeiro e do natural madrugar dos dedos
depois imbuído do caloroso
vislumbre que clama de combustão naquela densa posição
de ser forma singular no suposto corpo
e desse mesmo suposto segue ao canto das veias
feito miraculoso espelho
onde por norma o silêncio é melhor
e o ribombar só de si causa uma certa imprecisão
no equilíbrio mas apenas durante cerca de trinta minutos
de vendaval caído aquele em silêncio
da sucessiva chamada ao ventre dessa palavra

29 de agosto de 2018


Do face a face em caractere

Uma outra maneira
de não estar muitas e muitas
mais linhas traçadas em aparente acaso
da aparição
da contemporânea palavra
um não sei quê das orquídeas
algumas oitavas acima de consciência animal
e subterrânea
toma-se desses mesmos
fragmentos de espanto nas cadências
de uma voz altercada
e de lado e de fora se faz dentro e silenciosa

28 de agosto de 2018


linha acidental da palavra
agora chama musical adormece os sentidos no afectivo suceder daquilo que se queria
significaria
da alegoria
o breve encanto dos perfumes raros
e o da flor esvaida
no mesmo
de tanto tempo
no tempo
acaba por ficar
ao pensamento seguinte
que é melhor
que é elementar
e ecoa tautológico
como que num sussurro
de quem ora baixinho
em silêncio
a silábica compulsão das palavras elevadas
à profundíssima altura
do indizível
das auroras das romãs
do trigo e do azeite
do pão de cada dia
do vinho da reunião
da rosa e dos seus espinhos
da correspondente gota de um sangue vivificador
e metaforicamente corpúsculo
de barro
de manhã
do fundo
do raciocínio
chega circunstanciado na estação dos tecidos

27 de agosto de 2018


ao sair do lugar
desliza ao centro da posição
da sua mais ínfima carne
e dá que pensar
numa aparente facilidade

25 de agosto de 2018


não se pensava o que é próprio das ideias

casa silenciosa
o abissal da carne
a passo de modo
cortês
sabor de qualidade insisto
serpenteava
parecer-me-ia
por entre os corpos
ao redor
em volta
da noite
quando da sombra
de repente
supra o impassível
e encontra
nesse local
o coração do vazio
e aí permanece

24 de agosto de 2018


nunca é tarde
e na pele uma cheiro
rodopia de musicalidade
e enlace na voz
as mundanas imagens
daquelas demais ternuras

véu entre muitos
no chão da palavra escrita
estendido
traça o tempo
por meio do tempo inxistente

como dizer assim
daquilo ao primeiro instante
segue adiante
num sincopado silabar
linha fica
que escapa ao fundo da parede

do natural das partes mas em contratempo

em volta dos tecidos
um segundo deixa ficar
a tensão muscular
de seu fim significado
mas ainda distante da forma

23 de agosto de 2018


esotérica das ideias depois desenhadas ao fundo dos ossos num instante desaparecem

não de momento não mas seria
levado a cabo pois tinha de fazer melhor na sua carne
interior mas e aí pelo menos
mais dia fechado menos dia nas coisas
mais naquela imagem da carne em tentação mas sem nada de novo
mas de valor sem nada
mas antes queria brincar com as pedras

22 de agosto de 2018


esotérica do pensamento do mundo: faltam palavras para dizer

mesmo cor de castanho
tensiona de paradoxo
o parecer do sedimento
na curvatura da carne
não tanto por palavras
mas fragmaentos
mas antes irreconhecíveis

analogia do funcionamento da mão num movimento furtivo

o que de bom
se diz
ao de leve
e da noite
e de perto
de qual apelo
numa mesma volta
ressoa
de som
e de caminho
de a de

21 de agosto de 2018


esotérica da extensão mágica: a palavra é como que uma extensão mágica do resto do corpo por assim dizer isso ou uma outra maneira de dizer as coisas

de maneira desce
em lábil canto à vibração
localizada
no sentido segundo residual
da faixa do grito
cintilantemente
das pedras ressaltou de matéria nas palavras
mas ainda se sente o sabor

enigma quanto

nessa noite sucumbiam dedos por entre os veios da madeira e as azuis formas de uma suava envolvida carícia

nada do que importa
alguma vez chegou a ser dito
em nenhuma palavra
de historicidade e falta comum

basta ver que nesse tempo
e isto não deixa de surpreender
o silêncio das palavras
supunha-se chegaria no mistério
das elevadas notas
de dentro e de perto
à impossível raiz das gramáticas
através da noite quais partes
sem saber de sonho adiantadas
em sintonia de uma nova regra
(de um outro espaço)
em derrocada se extinguiam
e só ficava o sangue
nos descompassados ecos da linguagem
feita à medida do lugar
na pele por aromas interpretados
da convulsão dos antigos
escritos nasceram
aquelas negras sílabas
qual mais valia da exultação
da palavra que fica das letras
a descodificar de beleza
o eu pormenor da vogal acentuada
num esquecido segundo
ao redor dos olhos mas não
dos lábios como é mais usual
e que pois refere e (se) refere

20 de agosto de 2018


chegar nunca
será dessa dor
das outras vidas
tu antes de partir
de madrugada

o que conta na expressão é a descrição clara e precisa da intuição elementar pois as intuições elementares do pensamento são as intuições elementares da linguagem

linha

por momentos vacila
mas depois não seria assim que caminhavam
as máscaras
a iluminar a inicial da primavera
numa voz (eram poucas as palavras)
da paragem das horas
e os céus caiam em luminosidades terríveis

18 de agosto de 2018


esotérica das ideias: clarões de coincidência, de semelhança

Na fábula o consumar do acto está sempre suspenso de uma última palavra de réplica, como se desta lhe chegasse o motivo do desenlace, e daí se sublimasse, numa exterioridade sentida por assim dizer

Elea nunca se entre olham
para não se revelarem
e o campo vai-se povoando
dos seus gritos e murmúrios
e quando por fim tudo acaba
cobrem-se emudecidos
de reprodução e lamento

17 de agosto de 2018


esotérica da palavra: o dizer pela máscara, ou pela palavra, aquilo que não deve ser dito, é como que a estratégica expressão do eufemismo na fala, ou na escrita.

por sucessivas camadas
do ar da palavra
distende a respiração
num tu e eu evasivo
a sincopar as letras
- distraído -
do ponto de vista
das pneumáticas analogias

da hesitação

algo eu de não estar
em cada pedaço de uma despedaçada nuvem
e outro ao passar do tempo
sublinha em algumas linhas
de diferença
o hesitantemente agora chegar da rosa de olhar perdido
desce
aos joviais labirintos
das soberbas ofegantes metonímias
de origem
numa alterada respiração de amarelo carnal

16 de agosto de 2018


esotérica do objecto: o objecto deixa uma impressão de opacidade e o meio pelo qual o objecto é observado aumenta-lhe a opacidade

lapso

em língua de corpo
é noção de cansaço
perpassa o preliminar
da súbita altercação

sintagma de cansaço

outro de tangente e nocturnas imagens
da passagem do tempo escorre em lábios naturais
palavras de espelho e sangue
e em segredo (se) vai ficando como num sonho

15 de agosto de 2018


esotérica da atenção: uma não atenção de atenção

o olhar (reflexivo)
suspenso nos dedos
de uma nova pintura
mais garrida talvez
se costumasse
aliás de cada palavra

demora a dizer
numa língua de noite
um verso de página lenta
(não) tarda das palavras
a sombra o envolve
de impassível sentido

14 de agosto de 2018


esotérica do segredo: suspenso na face do único instante

cada qual consigo
se faça ideia
ao som da plavra
- por meio
de algumas incisões
de terra -
no sossego das coisas

em ansioso rubor
chama ao despertar
e de margem se veste
a voz adormecida

11 de agosto de 2018


esotérica da discrição : o detalhe de cada situação elaborado de sono

no ponto de equilíbrio

jorra em prateado reflexo a palavra
de perto sobrevoa lugar nenhum
e levanta o olhar enquanto se pensava
e faz aparecer o ocultamento da parte conhecida
por meio da correspondente dissertação

nada mais alentai da noite!

uma folha desce
a traço de outonal melancolia
naquela imagem
de quem chega ao caroço
das coisas e não volta
nas mesmas palavras de sempre

esotérica da irradiação silábica : basta um pequeno nó e as palavras sucedem-se como chap´wus ou origamis

10 de agosto de 2018


Breve monólogo do órgão de si espelhado por meio da palavra

por sinal um dizer
agradável sabes qual respirar das bocas
do nariz dilatado ao limiar do acontecer
em percurso indicador
táctil no caso
prossegue assim sabes
ou então como quem diz que é assim

esotérica daquilo que aparece : eles não se entre olham para não se revelarem

9 de agosto de 2018


brilha no telhado
um pardal intermitente
e alado se faz
ninguém
de estar num segundo

Do crepúsculo

por entre as ruínas
daquela reflectida imagem
crepuscular
e quase de noite
pulsam restos de fogo e de calor
que rodopiam verdadeiramente

8 de agosto de 2018


esotérica da opacidade: o dizer vive de ser dito e cada palavra é máscara de uma outra palavra

De madrugada

incolor silêncio de filigrana
antiga lei sussurra de orvalho
a manhã num esquecido vapor
sobe a causa do aborrecimento
por meio de uma voz cantada

7 de agosto de 2018


se tens de chegar a tudo isso
pelo menos que seja para sempre

retrato do tempo em partes de tempo

algumas linhas
de citadino recorte
contrastam primeiro
o movimento dos transeuntes
que chegam
depois aquelas nuvens passam
povoadas da sugestão
dos outros momentos possíveis

4 de agosto de 2018


ao circular cedinho de manhã
como que se fazia um parecer de terra queimada
e seca de pormenor
e alegoria e os seus veios chamar-se-ão
doravante o caído fruto
daquele pensamento que se situa entre a disposição
e a origem da palavra torre e de memória

Uma mão

de distante valor
em volta marca de espelho
os ajustados corpos
das palavras produção
de metais de sentido
entranha e corta, outra vez…

3 de agosto de 2018


acorda o dia
em trinados de passeio
e comovido sentido
nas imagens dos violinos
pungentes crescendos
de despertos dedilhados
em cadências de azul
porém de uma melancolia ligeira

2 de agosto de 2018


Uma lágrima sustenta
o escorrer interior
da face no seu caminho
e desconhecida se deixa
olhar que houvera
dos silenciosos suspensos
dias de nós sussurrados