30 de dezembro de 2019


o lentamente suspenso
de todos os caminhos
indefinidamente chegava
numa volta ao que de si
se sentira e uma vez
de perto iniciado
da mudança imperceptível
em gesto se desfez
no silêncio tenso que fazia

28 de dezembro de 2019


por antigos caminhos
se faziam na pedra rasgadas
aquelas profundidades
de uma cor e da sua sombra

e o que se respirava
de uma maneira de ser soturno
passava no mesmo instante
em que se afastava longínquo

27 de dezembro de 2019


o olhar lançado
e abandonado na paisagem
como que retomava-se
daquilo que se deixa ver presença
e exangue se sente
em volta dessa mesma presença

23 de dezembro de 2019


tocava distante aquela
presença que por momentos pausava
num mesmo peso
que preenchido a cada difusão
se dizia que ficava em desacerto

21 de dezembro de 2019


Outro um dia
dizia que passava
e não deixaria de insistir
que subia naquelas partes
se foi adentro e lentamente
em presença se recebe
como que uma luz apaziguada

20 de dezembro de 2019


O que esfera dentro
a que assim se chega
de um gesto reconhecido
concede o oposto
em silêncio luminoso
que não deixa o olhar
agora de tão perto

19 de dezembro de 2019


em rasgo de calor
se trazia o sorriso consigo
e ao tornar se recomeçava
de uma luz então requentado
fazia-se como de um fogo vazio

18 de dezembro de 2019


Do que respira
de dar-se em qualquer coisa
ressalta que uma luz de estanho
se fazia tempo naquela terra
que não decide e porém se concede

17 de dezembro de 2019


Surpreendido de nascente
como que recolhia-se ao interior
transparecido a coberto
de uma chama o olhar se levantava
aproximado e aberto
como numa sugestão de surpresa

16 de dezembro de 2019


Em hábito
Se faz o mundo
E dessa terra
E dessa cor
Que o sabor
Perdura
De tão perto
O dizer-se agora
Respira divagar
E agitado vai

14 de dezembro de 2019


Trazia no olhar pausado
uma qualquer coisa de luxuriante
e verdadeiro no qual
como que tocavam-se os planos
desvanecidos assim numa primeira figura

13 de dezembro de 2019


Cansava o sentir
se a um afazer que tudo
preenchia e agora
cai numa primeira voz
que se canta
se ao ficar se deixa

12 de dezembro de 2019


Algo de estranho
em contrapeso introduzia
o instinto ao lugar
que não de si
surpreso de qualquer outro
efeito sentido se fazia
ao inverso dessa mesma sedução

11 de dezembro de 2019


Ali repousava
o que apercebido a um movimento
defronte a traço inicial
pertencia se denso se ficava
(como que de uma sugestão estranha)
em algo assim que chegava
mas que todavia lhe não pertencera

10 de dezembro de 2019


Daqui ou dali
de qualquer outro lugar
se chegasse
em vida aos arrabaldes
e que bem
dessa maneira se apresentasse
aqui depois e agora
como que se plasmava partido
em movimento de uma única condição

9 de dezembro de 2019


E uma vez mais
que de cor povoado e distante
como que inclinava-se
mas não chegava a adormecer
desataria-o de si
como que esbatido
nesse qual pó que se faz em terra

7 de dezembro de 2019


Por todo o lado
se punha que caído em silêncio
de uma qualquer outra coisa se retomava
o olhar em contemplação
que lugar de uma vez e não pertence
e assim também não fica sempre em silêncio

6 de dezembro de 2019


Um dito de qualquer
coisa que se chegue bem reconhece
aquilo que agora a saber
se sorri chamado em silenciosa abertura

5 de dezembro de 2019


Se de uma fala
perdida lhe passasse
a um outro lado
chegado se buscaria
abertamente

4 de dezembro de 2019


Se ali se fixasse
como que n'aquele lado da memória
de uma sombra em posição
não traz consigo
e ainda mais de um sabor claro
que se dá de qual ao mesmo
lugar chegaria desvelado
em olhar defronte ao que se faz partido

3 de dezembro de 2019


Era uma vez dessa chama
da qual se parte em defronte
ao sentido dos espaços cadentes
uma e outra vez se depara
que nos damos ainda mais chamados
era o mesmo ainda possível

2 de dezembro de 2019


Por assim cansado
e a um que não chega
se fica ao limiar
como que a dormir
que acossado se torna