14 de maio de 2021

O jogo da sensidade 

entoado ao avesso da satisfação 

dispõe numa condição 

aquela sincronia que passa 

por marca mundana 

e em vontade origina 

um elíptico ensinamento 

que domina o corrosivo hábito

Passa do que parece 

O de cada um que acontece

A dizer quando a noite

Cai que nos desconforta

O intender assim alimentado

De um lugar que não fica


13 de maio de 2021

O previamente marcado

Sentido se esvai na pele

Passa por nada e chega

Em pressentida memória

Como nem não nem nada

Nem este ou aquele

E não apenas das palavras


 A linguagem (racional e não só) é como que o sucessivo marcar de um contorno aos 'obstáculos em actualização, estes objectos, como que descontinuam o que é sentido do uso da linguagem, num determinado (ou predeterminado) sentido, e esse desvio sentido, vem assim, a constituir-se, como marca de sentido.

 A palavra surge de um pensamento que se encosta. 

Mas a propria ideia de um pensamento não versado em palavra, ou seja, apenas de pensamento encarnado,  como se faz uma qual vida em corpo mental na palavra, e chega-se do choque entre o pensamento e um pensamento, que assim se põe, por palavra, ao encostado pensamento, e numa qual espécie de choque. 

De sentir-se duvidoso

Em acção distante se lança

O lugar de resto

Em satiração legado



Diz-se mais 

do que se pensa a serena ribeira 

daquela constrangida atitude 

de quem diz que sim simulacro

 Distendido numa tela 

de cor húmida de nada se faz longe 

o momento ao iniciar 

de uma linha sugere que quando do corte 

não jorra o esquecimento 

se torna ainda mais difícil continuar

Estendido defronte 

a uma inspiração lentamente 

suspiro de noite 

e a lateral do sorriso 

em paradoxo se esclarece 

das águas paradas 

o que é muito estranho

12 de maio de 2021

De um a outro

O reflexo da passagem

Fica qual fantasma na memória

Do silêncio que faz a mais

11 de maio de 2021

O dizer erigido 

em coluna de estátua 

fica como espelhado 

e se atrasa nas cinzas 

das coloquiais 

em gestos de fogo

O depois das palavras 

costuma ser mais palavras 

daquilo que a entender 

se dá num ciclo cansado


De um duvidoso sentir-se 

em acção distante se larga 

o lugar em resto de legado 

 

Numa palavra se lamenta 

a dor toda ostracizada em adverso 

ao conotado cabeçalho 

que desenvolto sustenta a referida multidão

Assolado de pormenor 

se liga o daqui redundante 

por meio de algumas palavras

8 de maio de 2021

O instante aplicado

Em silêncio depois ao silêncio

Qual corpo de promessa

Como se adentra ao desejo

Das palavras irrompe

Uma qual ciência do detalhe

Que ao ritmo da composição

(e numa atitude ingénua)

Faz-se em sensalualidade viva

No sítio ao engano

Uma estrutura de estilo

Fugaz e aberta 

Se fazia alegórica via

Em campo espalhado

De dor semeado

Procura nas palavras

O olhar encarcerado

Daqyela original memória

Que qual luar de vitrina

Fica numa ausência 

Perto ao silêncio

E ao passar da passagem

Caído em si de dizer

As coisas em calafrio

Fazse o colorido bastante

Na terra em teatro de saber

7 de maio de 2021

Então do lugar circulava 

Um túrgido antigamente 

Que de ser antigo passava 

Nos caminhos daquilo 

Que discursava a virtude 

Numa latinidade pura

O baixo rosto na terra

Distenso tomava num sopro

A circulação do momento

Que em espalhamento

Do espelhamento se fazia

Híbrido surgir 

Do soberbo do desejo

Que qual decisão ao fundo 

Do pior atingia

O tempo do tempo

Em produção de um instante 

6 de maio de 2021

Qual manta de retalhos caída ao alvorecer 

Nas cercanias do espalhamento em sacrifício

Contemplava os admiráveis regressos

Que quais mundos de circunstância

Em pensamento chegava defronte

Ao que é não como se diz de um mundo

Que de tão versátil basta em sombra daquilo

E por entre o mesmo do solilóquio irrompe

5 de maio de 2021

A cada momento

Irrompe uma palavra

Cortada da matéria

De um pensamento

A dizer abertamente

A latinidade itálica

Em devir de existência

Em vigília se completa

O acto inicial

Que qual sonho cortado

Numa lâmina de pensamento

Vazio encosta

A uma palavra falada

4 de maio de 2021

 O paradigma do ligamento

É silencioso e único

E quando dito em lingua decomposta

Fica ao alcance de um outro

Qual aparelho de decisão

que apresenta-se como se pensado

De rompante e não apenas

Solícito mas ainda providencial

30 de abril de 2021

 Uma temporada tinha passado 

e naquela ocasião cansado 

de repetir se lançava como que atencioso 

num desejo de enlace 

que assim de repente se apresentava 

qual dia de artifício silencioso 

como se de um ouro muito antigo

29 de abril de 2021

 O sol antes de tornar

Como que vai alto em perfomance

De silêncio e quando visto

De recanto revigora numa platina

Fria que em caso de maleita deforma

Uma suma larga

A que voltamos no mesmo

Ligamento que se faz assim

Como se de uma repetição que passa


28 de abril de 2021

Uma palavra de mar
Liquefeita de elementos
Em choque e fugaz
Como que se informava
Em grama de licor
E por rios de papel
Ontem a toda a largura
Do alcance disto
Feito em gramatical
De corrida entrava
Como que entretecido 
Um qual rouxinol
Que ao acontecer deixava
Um rasto resplandecente

27 de abril de 2021

Entrar o ponto de vista 
 Do outro qual inversão do sentido 
 Num espelhamento do espelhamento 
 Estranho como que (se) objectiva 
De (seu) um outro universal ressentido 

O atingir da essência de algo mais que um mero diálogo identifica e precede 
Como que o recair-se conotado a um princípio pratico ou seja moral 
E conotá-lo (esse ponto de vista do outro) como que ressentido dessa mesma imagem 
Écomo permanecer por momentos em território estranho 
Ou seja num qual toque de realidade que impregnada dos usos e costumes daquilo que é efectivamente 
Como que espelha ou inverte o gesto 
Que unicamente concerne a esse mesmo gesto olhar etc. 
E a essência do outro (digamos assim) é portanto como que um mesmo de ressentimento clarificado 
E que assim permanece como que desvelado na sua causa ao atingir da razão ou do principio 
No que estes têm de degenerado por assim dizer 
E a inversão do sentido neste sentido é como que uma objectivação (conotada) do ressentimento no outro
Ou seja em si como se a estranheza do sentido adquirisse uma certa universalidade 
E essa revelação do carácter ou do aspecto suspendesse o outro assim 
Desvelado numa dentificação a um outro 
Que assim reconhecido se objectivasse em algo e daí se constituísse.