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10 de março de 2020
chega-me como se num
que por demais se faz tarde
e alcança-me aí esse mesmo
como dizes de qualquer
coisa inútil mas que assim sim
esse mesmo diria
que um outrossim de uma qualquer
coisa me alcança
mas deixa-me ficar um pouco mais
acertado ao ritmo
daquilo que se quer efectivamente
dizer como se ligado
a um grito se fizesse ouvir
o que não seria difícil
e não seria bem isso
por ser demasiado o tempo
resultado de uma certa impaciência
dizer de fundo e no fundo
que talvez tivesse de ser assim
aquilo que aqui e ali chega
enquanto se vai modificando a postura
daquela expressão que engana sim
mas de alguma coisa que compreende
ou não seja ontem uma vez numa certa
delicadeza do traço outro que por falta
de tempo ficava incompreensível mesmo
assim se despertariam os simultâneos
dias que faltam não tanto assim distendido
mas que por razão descera exactamente
assim o que por vezes se torna por misterioso
e todavia sem qualquer exagero apenas
seriam algumas palavras de transição
se te faço entender certamente que poderia
se alguma vez chegasse e não tardaria
uma e outra vez por dizer determinado
a uma decidida posição daquilo que existe
dizes tu correctamente e bem mas não
como se fosse numa linha tardia parava
pois hoje ao tempo e de pressa não se chega
sem aquele critério de um atempo afazer
que carece de uma certa estabilidade
elegante afirmação seguramente de si
que se vai fazendo em regular mínima linha
de muito pouco e a que quase imperceptível
se chega mas sem linha continua e continua
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21 de fevereiro de 2020
ainda posso
mas apenas desta vez
afinal para que serve
essa continuada luz enquanto
daqui me levo
ao que não faz assim tanto tempo
mas creio que percebo
não tanto aquilo que deve ser
como o que fica como se fosse
o olhar de uma vigilante
impressão que nota e continua
o tempo a olhar para dentro
antes de qualquer consigo
em cegueira e agora esquecido
dos melhores dias que já passaram
esperava mas sem dizer
o movimento dos braços
que excessivamente agitados
olhava de imediato
e no entanto que estar
imperturbado e quieto
naquela recordação
de uma cor não coincidente
a uma dor de qualquer coisa
das imagens antigas
que bruscamente do outro
lado acusa de nada
de seu olhar de uma mesma
luz bassa e amarelada
que se atravessa ao momento
e depois destronada
confirma na mesma voz
a adivinhada imagem
de um sentido contrário
que ficava no que parava
qual impressão de um contratempo
de cor que parece
o mesmo e agora continua
mais de perto para ser
visto que atravessa
o lugar não propriamente
daquilo que confirma
um certo interesse
de azul neste caso
de qual imagem daí composta
desfalece o interesse
agora mais revelado
que de perto ficava
na mesma impressão de
uma outra imagem antiga
20 de fevereiro de 2020
ocorriam palavras de interlúdio
suspensas numa imagem de inverno
que ao extremo da temperatura
consolavam de si o olhar complicado
em parcial representação da espécie
de um sorriso que se faz pudor
naquela imediata forma de afinidade
que aparece encadeada numa infinidade
de fragmentos de palavras
era o que pensava então comprometido
a uma frequente falta de motivação de não chegar-se
e ao tempo ia ficando como que desligado
de qualquer pensamento ou sentimento que não estaria
para grandes travessias e assim abrigava
nas mentes mais preparadas dos conotados novos tempos
aqueles velhos ritmos das palavras que acima passavam
ao modo da composição mais variada
do sangue e das palavras quais que não seria essa
a hora mais apropriada de as reconhecer
daquilo que prosseguia do reflexo numa abertura
para a qual não se reconhece ainda
um qualquer ponto mais demorado em qualquer ideia
que sem fio ficasse na palavra escrita
daquilo que aparece e soa ridículo
acelerava ao acaso as pensadas palavras em circulação
nas avenidas de entre o hoje e o amanhã das fontes perdidas
que malfadadas de um grito em sono profundo
de tudo aquilo que emergia como algo
em solfejo das comerciadas palavras da história exaustava
as entranhas ao ritmo da parte perdida
o que dependendo de como se lê nas coisas estiliza
tudo aquilo do qual se possa fazer atenção
numa prosa reconhecida por meio de algumas monótonas
palavras penetra o vazio de todas as ideias
como se ao progredir centrifugasse o permanecido
peso dos objectos vazios que persistiam
da sombra perturbadores numa qual amálgama
do pensamento mais desligado das palavras
abria ao lado uma janela musical de sono em perfeita
metáfora e daí observava que faltavam as palavras
que rodavam indiferentes aos sonoros espaços
de algumas linhas transversais nos ascendentes rostos
que ao canto das sebes
nas tardes desabitadas
dos dias de inverno
e por sumas do sangue
como que distinguiam
a traço alado na terra
os sonolentos saltos
de uma sombra de nada
aos campos lunares
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31 de janeiro de 2020
de sobre olhar
a noite ao fim do dia
castanho uma sombra
no tangível corpo
a cada voz melancólica
contornava nos ossos
a passagem das horas
que o objecto disposto
por linhas de uma cor
ao acaso esvaía marcado
o interlúdio de fundo
daquilo que ficava
qual distância por entre
a luz num cerebral
traçado das órbitas
que passavam no percorrido
peito que assim gelava
na sincopada pele exausta
um sopro de calor
regressava ao recanto
da memória qual lugar
do corpo aí permanecia
em lapidar mudança
no tempo recomeçava
o parecer da forma
nas madrugadas
de um pensamento
que sonoro permanece
qual oblíqua sombra
daquele olhar defronte
a algo de uma linha
fixa que assim não fica
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22 de janeiro de 2020
de nada se tira
uma qualquer coisa
que dizer se sucede
e revestida de expressão
se ressente numa forma
consigo ao cair se deixa
na inversa posição
do mais antigo silêncio
que trabalho de fazer
se ao instante retoma
nas partes da palavra
aquilo que passa
por qualquer sentido
a um dizer de fundo
nas desfeitas palavras
do lugar do costume
que assim desabituado
poderia vestir
de qualquer palavra
mas como se das palavras
apenas o hábito chega
21 de janeiro de 2020
como se –
cintilado de verdade –
tudo estivesse
no ritmo e na forma
de uma atenção surpreendida
estranhava o desacerto
de si que corrigia potencial
sentido ao lugar
suspenso de uma chama
e a coberto de alguns preenchidos
traços compartia
daquilo que se sente
indicado a um outro
plano da palavra
qual ressentido sinal da figura
que se parasse
para pensar marcaria
o reconhecido pensamento
daquilo que se toca
e de sentir se faz
num gesto por fazer sentido
20 de janeiro de 2020
ficava o lugar
numa voz acidentalmente
ao regresso
subia arbitrário
da palavra encontrada
e num caloroso
sorriso como gotejava
de presença
o percorrido espaço
por detrás a cada
espelho que encontrava
olhar desfeito
de perto num qual
rumor de nada
cintilava de escolha
e aparecia em simultâneo
daquela forma
que se pensa acompanhada
de uma presença
em deleite de contacto
que qual falta
em desvio ao lugar
que lhe cabe
sente uma linha
ao pormenor
do faminto acontecer
sonoro de qualquer
coisa na face
em corrigida figura
que tornava reflexo
de um aspecto marcado
que a traço acontece
e de uma outra presença
como se dali chegasse
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9 de janeiro de 2020
O efeito diverso
Olha que chegava
Dali numa hora o seu silêncio
Sobrava diverso
Efeito ao desvelar da presença
E numa volta sugeria
Que deixava de longe em peso
O irreal profundo
Daquilo que lentamente chama
Como a um tempo
E desaparece em celebrado
Grito o que sentira
Em sorriso efeito ficava
Nota de uma luz
Em cada chão no rosto cansado
Ao limiar dormia
Defronte uma outra voz
Da qual possuído
Se tornava em memória
E daí partia consigo
Ao furtivo sabor de uma sombra
Que dizer lhe passava
Em qualquer coisa
E que caído de contemplar-se
Reconhecia não pertencer
Dessa cor a distância
Pois se não chegasse a adormecer
Desatar-se-ia de si
Um qual pó que se faz em terra
E então daqui ou dali
Chegaria em vida aos arrabaldes
Do traço inicial
Que pensara densa sugestão
De algo estranho
Que em contrapeso introduzia
Ao sedutor lugar
Aquele inverso que se fazia um outro
E dessa mesma ideia
Em afazer preenchia
O olhar pausado
Como se caísse a primeira vez
Em qualquer coisa
De luxuriante e verdadeiramente
Tocado dessa figura
Em hábito se fazia dessa terra
Em que o sabor perdura
E vai divagar
De tão perto que agora
Transparecido de nascente
Em costume se recolhe
E a coberto de dar-se ressalta
Que o calor recomeça
Num traçado vazio que se esfera
Fogo adentro chegava
Gelo ao silêncio dos opostos
E de um outro em segredo
Subia da fonte a distância
Que preenchida
De um contorno em desacerto
Ficava cada difusão
Dos lados na paisagem
Qual antiga presença
Dos caminhos na sua sombra
Se respirava ao instante
Suspenso de todos os sentidos
E passava de si
Numa imperceptível mudança
O diz tenso
Gesto em rubor desfeito
Que qual centelha
De uma diferença pairava
Dessa falta conforme
Ao canto do lugar
E assim se apresentava
Como se de fora notado
Fosse aquilo
Em que agora se deixava
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