29 de dezembro de 2009

A marca dos lábios,
encanto liba tormento,
e nada diz, sei,
que pensa não saber,
as memórias escritas
do rosto que sente
o encontro a um dia
escuro e tão perto,
longe fica na chuva
e acorda sentidos,
sombras no regaço
das últimas tentações,
condição de não ter,
o amargo distante
por fim no dia fugaz
tomara do impropério,
ficar os assentos
em cor na matéria
mais que nova, via,
não guarda das palavras,
aberto ainda a pairar
d’outono e os navios
a passar não fica
mais sangue e cor
de oceano, espuma
a maré vazia,
fico o sal, nuvens
da borrasca, lado
a lado ao corpo
esse olhar lembrara
fundo ao dia, chega
o instante, (quem te)
imagem oscila
entre a manhã
e a tarde afasta
desde toca, chamado
estas figuras, e tu,
corpos cegos, repete
essa voz quando
a vida consente,
o teu, por vezes,
sombras qualquer fim
da manhã logo
é frio, aceso e cala,
ruínas de cada faz
a sombra, líquido,
traço do corpo
a corpo enquanto
conquista, a liberdade
e o carrega, no peito
em fogo, a tarde
não estava tempo
(ou era eu),
correra o sangue
a protesto das palavras,
na boca o sabor
dos mundos fazia,
nada o é, ouve,
por vez sopra
do rumor, sente,
o instante fere
à queima, das palavras,
no mais livre
outros céus, abertos
cimos da terra,
a liberdade ao longe,
e os pântanos do dia
em perto é feito
o acaso, a noite,
canto ao fim do dia,
mais se liga,
mais avança, basta.

Como o fazer lacónico ao grande alvorecer da guarda sombras ao amanhecer, véus, o tecer das sílabas, de composição de dentro, o nome, as línguas, o fogo, os cantos da voz, o grito aceso, outra vez o dia, alto. de que é feita a matéria (?) quando voltas à terra.

Do mais ocaso até vindo em rápida sucessão, do qualquer fim.

27 de dezembro de 2009

O gesto num minuto
sentira a presença
ao cair aberto chama
de olhar a fundo,
e não pensa em voz
a soar sobre a folha
por restos da matéria
a cada palavra,
mais próximo, termos
que faz e toma
do que é simples
a ritmos dum verbo
que a forma é dizer,
rios dum prazer,
que corre o petrificado
momento, e não pensar,
corrido, manifesto ponto
cedo a noite cai
numa fisionomia, fechada,
não tanto a chuva
mas passos na pedra
em récitas do som
perto, a raiada promessa
vão, lentamente, desfolhar
livros na noite em voz
soltas as sensações
da luz ida, nomes
e palavras ao acaso
não fica mais,
desse encanto, os corpos
e os dias assim,
maneiras da profusão
lançada, mantos
na curvatura da pele
e as ondas a desvanecer
a música quase perto,
o silêncio em terra firme,
tecido desse rumor
a passo imóvel,
por todos, mundos e luas
mais vivo as ondas
leve, a vista agitada,
as folhas caídas,
nas margens da espera,
onde as tantas palavras
queira a manhã
não tarde a mais cantos
do manifesto e palavras
loucas, rastos
do mal tirado à sombra
em qualquer lugar,
nu, raios e a cor
dessas terras pisadas,
o ar das noites, corre
e toma de mais o canto
que alcança, braços
do rubor, a face da pele,
a saber das mãos
em parecer do som
nas palavras, do fulgor
em cada sítios ao acaso,
o gesto elegante,
como cordas a soluçar
as curvaturas da lava,
as lavras da terra,
e o principio de tudo.