30 de junho de 2008

Pudendo. dali sair por entretecido soslaio ao revir do acontecer o rasto resplandecente que fica do que é guardado à assolada matéria do pormenor redundante.


Lique. Fé.

- assim tão ali proclamado s

Vizir.

- daqui ao escarcéu do ídolo

Cofia.

- expectante que proclama se

Arqui.

- liga diz se em tri

Rigoletto.

- e sim, munido de palavras, ilha, mas também o digo, barco.



Uma temporada passara naquela ocasião e depois do tanto repetir o desejo deixa se atencioso o que nesse dia fere o corpo do enlace duvidoso, deparara se o toque do desgaste ou os aluviões do silêncio feito.



Languescente de vária composição ou um grado doutro de ribeiro.


Ribeira de. brava.

- mais do que apresenta se é isto o que se pensa de imediato –

Madre de. um reconocer lento.

- e atente se bem ao que diz se como que num rompante de solfejo e adiante, e porque não pois que logo o que custa é, tão solícito e tão até que ponto –

Tudo isto n.uma estela agreste.

- ou ainda mais o que doravante transita como numa pose fechada, ou como quem caracteriza o que pudera, ou até que sim –

Rosto alvitre.

- e à chegada às palavras continuam as palavras e mais o que dá se a entender de tudo isto -

Rosto cravado.

- como espigão da terra tomado em distender do sopro no momento ausente ou por aí -

Ou um atavio inquieto.

- como cego atiramento do soberbo reagir ou o pulsar por quê, e porque não -

Uma percorrida cisão.

- isto ao ponto do atingir termo pior ou que seja, ou do mais que seja, como tempo pesado na produção do instante esvaziado ou assim estendido, como que numa tela de cores ao vazio, num processo de híbrido integral -

Cadências.

- manta de retalhos diversos caídos pelo alvorecer nas cercanias cilindradas, gastas assim de um limpo, cendrado, batimento -

Solfejo misto. signo espalhado.

- depois o batimento, o holocausto, um espalhamento único que toma o fazer cardíaco por relato de circunstância fácil, alçado, que têm se do outeiro só ou (n)um admirável mundo velho de circunstância maquinal, a significar inverso duplo que é tanto tema de condição ao espalhar, rio ou desmembrar a ti, depois, ao outro, vale ou cravado na rocha como fora civilidade do instante, descartado, que tanto promete nos essa escolha, que faz se –

De solfejo.

- acima já não solve o exemplo da natureza estrita e isto, revisto, ou seja o que diz se nisto, nem assim se provê de tanto, ou, portanto, encanto o não querer saber -


Soliloq. Como imensa festa do que é feito um pensamento ou mundo óbvio é o que diz se assim, antes, assino o verbo assim, e o assim é como se toma a besta versátil do largo reparo, como surgir o fácil do fazer entre o soliquoquio.


O sol antes do revirar
o silêncio
visto de recanto

vigora.

24 de junho de 2008

Voga ponto esta marca que deixa aberto o caminho ao som do magma borbulhar ; é baixo o canto da viscosidade, o soletrado torpor que fica, tirado, no pensamento.

como que mundo que passa
que não dá se do passar do mundo

Como fixar da cólera ainda assim não faz se, diria, que um outro só deixa deste mover o sair, ao sabor impossível que insinua se e, já só fixo como o constatar se por vezes no tédio faz se, por vezes, o que perfila, qual miragem ao caminho árido e daí a marcação, que vêm, daí, ao longínquo pormenor.

que tira se do vazio
ilustre
e o lazer
fica
tirado ao encima
dos sítios na fantástica vizinhança

Os ecos ficam destes encontros ligeiros e soltam se do disforme fascínio logo que o som desce, leve, junto a soar um certo verde, a favor, como numa apologia do esmagamento infame.

diz se mais do que importa
e já não antes
que quando se chega
começa se então o fazer

e que isso sabe se

noção murmurada da distante espacialidade tirada do que diz se, o cruzar as linhas de choque, ao desenrolar que desmarca se, em falas de sulcos alinhados, matérias de logo fazer.

que põe
dispõe
luta livre de sedimentos
alinhados
frios

de fazer essa redundância
esse rasto de fazer.

21 de junho de 2008

Palavra de sol cita.

O sol
cita de cor
a magnânima
palavra
a preceito

de comércio
outro

livre

a rios
de consenso
geral.

Traçado

Traço
sangue
marcado
solo
jorra
torrente
ao lugar
ressalto
corpo
em maré.

Pont.

Meio
ponte,
entre
margens
aquieto
esquece

e,

(n) noite,
alcinada,
busca
do. sítio
indizível.

16 de junho de 2008

Exaustivo discorrer.

Faz se
mover
até surgir
algo
que surja
e tome
como
rudimento
rodado
que
procura
no correr
o que
sem saber
o extasia
e poderá
gerar-se
na imagem
que procura
abrir
de porta
que efectiva
tema
linha
cor
discorrer
aqui
que têm cor
e discorre
a pergunta
que discorre
até
discorrer

e digo aqui,
já,
não
que discorre
antes
corrido
que corre
e assim
passa

do que discorre
ao que corre
ou à pergunta
pelo que corre
aqui
discorrido

digo
como diz
correcção
que discorre
em antecipação
da correria,
o que,
obviamente,
tem
tema
prévio
discorrer,
que diz corre r,
corre,
que corre
como
interrogação

E é e diz corrido
e é diz corrido
e discorrido
e diz se correr
e diz-se o que corre
de. cor,
que não corre.

mas

corre
coral
não so.
mente
corre

e aqui
têm se
o mesmo
que marca
veículo
do que quer
que nos dá condição
do
diz correr,
verbo
correr
que é
cor
que dá conta
corrida
na marcação
d.um que corre
assinado
do. que corre,
corre-se

o que deixa a pergunta do discorrer assim e como dizer o diz correr assim ou quem começa e deixa se e gela o pensar dos defuntos corpos que vão se em fogos do sopro informe, lentas leves linhas ondas que esguiam, passam se (n)um invisível fluído.


Faz leve o beijo.
A Luva que inflama.
repete :
corte faz grito.

fulgo ante si p(r)a
revir o entre tecer,

desfazer
que dá-se
e não

foi
num alcance

o poder
fazer

trato
ºk
por fim

abre ;

passa os passares do grito
que traz (n) vão incólume

e fica tido
t®ifo
no esquisso do falar.

12 de junho de 2008

A Artaud - Variações a propósito de um tema (de lewis carrol)

Não se trata aqui de uma tradução mas sim de uma adaptação - variação a propósito do tema - de um poema donde o meu pensamento se regulou para se juntar ao autor em espírito e assim se viu, a si mesmo e por si mesmo, não propriamente no seio deste poema mas no da poesia.

Lewis Carrol viu o seu eu como num espelho mas não chegou na realidade a crer neste eu , e quis, então, viajar no espelho afim de destruir o espectro do eu além de si mesmo, antes de o destruir no seu próprio corpo, pois era ao mesmo tempo em si mesmo que expurgava o duplo deste eu.

Há neste poema um estado determinativo dos estados - por onde passa a palavra – que é matéria antes de florir no pensamento e operações de alquimia salivar, se assim o podemos dizer, e que todo o poeta, do fundo da sua garganta faz subir à palavra - (música, frase, variação do tempo interior) - antes de regurgitar matéria para o leitor.

Prova-o esta estranha comparação marcada perante um trecho de caça grossa epicurista que, para melhor apurar o seu paladar, retém um bocado por seis que degusta, e o poeta, (sonhando um ar melódico supremo), afim de aumentar a degustação interna lança se assim sobre os seus limites.

Este poema onde uma frase musical tipo parece diluir-se golpe a golpe em fumos é o poema de um insensato que um dia entrou no ser e acabou por abandoná-lo, é o esforço de todos os insensatos em ser e em se deter a uma realidade ela mesma fugidia e condenada e à qual não se detém senão em função da sua própria perversidade.

Degustamos minuciosamente o pensamento e a linguagem mas durante este tempo a nossa alma foge-nos e ela era esta realidade, ela mesma, perante a qual nos julgámos marcados. E o nosso eu celeste, o anjo de cabelo ruço de Carrol, lutava sobre a terra com seu espectro traiçoeiramente mutificado em demónio.

Pois Lewis Carrol é na realidade um espírito de cólera da reivindicação e do furor. Uma espécie de emissor nascido da percepção e da linguagem e se isto não se pode crer ao lê-lo é porque ninguém teve jamais a ideia de espreitar com ele por trás do espelho interno onde o seu espírito, contraído e em sofrimento, não se pôde impedir de passar.

O epicurista que Lewis Carrol acusa deste pecado de perversidade consigo mesmo é ele mesmo, e o movimento irado a que toda a sua obra apela é contra o eu e as condições ordinárias do eu, ou seja, à noção temporal do nosso eu.

Fatigado e em sofrimento por qual pecado passou a vida a executar variações sobre este tema, mas, ler a obra de um poeta, é, antes de tudo, ler de viés. Pois toda a obra escrita é um espelho onde o texto escrito se funda perante o não escrito.

E o não escrito de Lewis Carrol é uma profunda, sábia, vertiginosa insatisfação.

As coisas, Lewis Carrol, não são de facto tudo o que são. E podemos sonhar sobre este tema e executar variações que sempre a ideia do eu perverso nos retorna como uma desafiadora regurgitação, quando encontraremos nós, enfim, este não eu onde nos vimos tais que nós mesmos, enfim, e puros, quer dizer, virgens, no fundo do espelho eterno.

O ar sonhado toda a vida por Lewis Carrol é o do seu eu melódico supremo, palavra certa do serafim soterrado por trás dos fantasmas assustadores das coisas e que um dia nos regressará,... mas quando ? Através de quais músicas, de que ar, num mundo que não têm mais o eixo de um ar eterno a dizer se, nem uma música imaterial e sobrenatural a repetir se.

*

Não amo a gazela rara
e não gosto de comer os pratos caros
pois os altos preços aproveitam
aos especuladores dos pobres lábios
e não quero ao fazer isto
mutar-me em açambarcador.

Pois vejo vir a mim com olho embolsado e negro
o meu filho à hora da saída da escola,
que tendo se batido contra quem e quê,
e não sabendo bem dizer porquê,
tenho a impressão de me ver
em batalha perante o meu espelho
contra o meu próprio desespero.

Mas quando vêm para melhor me conhecer
lançar-me-á fora o irritável senhor,
e,
assim que me ponho a tingir o cabelo
é que SUA GRAÇA intratável nota mudança
e a espécie admira.

E ela me ama enfim, estava seguro de que a minha tinta
de azul aviltado ou verde lodaçento
deixaria espesso traço visível a metade sobre os meus olhos
de um potente ruivo que me distingue melhor.

Antonin Artaud - Variations à propos d’un théme (d’aprés Lewis Carrol) ; 1943.

9 de junho de 2008

Olhos negros.

Tu, és a profundidade de todos os cumes.

F.Nietzsche.



Obscuro norte desce em torrente s que toma da matéria
a condição, gélida, total e indivisa
que insinua a escura face em momento que estranha-se,
alinha e é quando assinala o sitio
originário, à afecção do marcar,
irromper da presença junta
como eterna tirania que fica no aconchego da elevação.

Local que foge
e permanece em presença móvel do estupor,
que toma o afecto em paradoxo
e o agarrar do movimento que é a ela,
aos olhos
que suspeita-se a toda possibilidade
de ser,
de estar
e estaca-se perante o que busca,
que nota o espanto,
o tão grande apelo, excuso
difuso do corpo magno,
inquieto
na carne que devassa se em pergunta
pelos olhos
da inquietação, que transcende se desse sentido
e por vezes julga o sentir,
como esclarecimento na luz,
negra,
que surge,
como se do coração tratara.

Pusesse ao sabor o sentimento indizível
que furta se a deixar o que acirra,
em marcação da carne,
carne aposta a carne
que faz se espanto,
onde não há cintilação,
cume que marque em desejo
a silenciosa presença que agarra
do fundo,
profuso umbilical cordão negro
suspeitado.

Imenso sentido que deixa estar da insinuação invisivel,
contempla angústia que move
e dos profundos olhos irrompe num instante
que se tem, fora de qualquer espaço,
invade os campos aos olhos que questionam,
sua inatingível face
que engana, precipita
em furtivo permanecer que excede de dentro do olhar,
busca os seus olhos
que tudo precedem em atavio inquieto,
negro
gelo que conforta,
dilacera o olhar marcado,
híbrido,
move o que olha ao abismo,
fende e deixa condição
de dor,
urgência.

Inevitável escolha que funda se
do desvelo nocturno, cobre em verdade
e fere o sol do desejo no caminho
que surge ao dia dos regatos festivos,
como estrela da manhã que substitui se em acção,
doce
ao sabor furtivo dos olhos negros.

Como imagem acertada do desejo
na arte dos cumes cintilados,
dão se o fazer de ilusão
por tépida languidez do que é determinado,
como mesmo, que faz se artifício da luz
e desponta nas manhãs
que dão se ao acto,
da cidade, o prazer híbrido,
húmido
êxtase fugaz
por civilidade que deixa memória
nos olhos cheios, da ausência que fica.

O sentido de tudo isto que passa
faz se ao olhar que não têm certeza,
frenesim que não deixa
descanso a antes dos olhos.

Ilude no mesmo em desacerto que revela
e deixa na manhã,
nervo que transforma em sentido agitado
o regresso aos olhos do absurdo, que é fora
do alcance e força o revelar,
no atirar da manhã
que reflecte a verdade aos olhos que passam
além do olhar negro, impregnado,
que toma todo corpo
e toda a carne fora do espaço posto
por ti, ao surgir que faz se alinhado
no olhar que já não vê,
que apreende o misto da surpresa,
estranho teu olhar ausente,
que dá termos, ao olhar e já não olha ao instante
e deixa no passar, do olhar que toma
a informar a forma fugaz,
externa,
ampla,

Como mesma imagem que preenche
e fita o esclarecer paralelo,
passa de um movimento
que cala fundo na cor do favor,
dos olhos que internam
e já não são olhar,
a ti.

Este frio que revela
inatingível o faz, não olhar
agora que divides te, e cobre,
deixa se em preencher corte que liga
e desliza dos olhos insinuados,
que trazem olhar feito, às vias inversas
e o gelo na ausência dos olhos,
que revela, em ser e é isto que passa
e não és, o que jorra extenso, ilusão
ao abrir à imagem que são olhos,
e dá se, da ausência que toma,
que é, não isto ou aquilo antes tu.

4 de junho de 2008

Estar.

Intende
o custo
cego
esgota
(n) mover
e marca,
tira,
caótico
prevalece
e é bem
ritual
da coisa
e
digo
como
o saber
o que
é
este,
e que
isso
sabe-se
ao iniciar
a distância
que não

faz-se
rodar
faz se
a rodar,
o que é
algo
que
vai
sabendo
se
e não
o que faz
se,
ali,
por ali
cair -
ou
atingir
e diz
sinais
que
não
importa
continuar
até
que
surja
o
que
toma
daí,
e

pode
dizer-se
início,
fim,
enfim,
e faz se
o
que pode ser
assim,
que faz
se
e
não diz
se
chegar
a lado
algum
e ma(i)s
o continuar
se
ou não,
o que
é possível,
e é isto
que
é como
custo
do fazer

o continuar
que dispõe-se
de contrário

que é
ficar
das imagens,

as imagens
de estar
ou
com
palavras
de estar,
o que
põe-se
pensamento
de estar,
não
estar,
que liga
e faz
roda
estar
à pergunta
para si
que
responde
se
ou não,
para si,
no silêncio,
que contrai,
o forçar
continuar
a roda
ao esquecer
o custo
do rodar
sacrifício
que
faz
se
consciente
no ritual,
e
que isto
digo,
dizia,
sim,
não
o pensar
efeito
mas
forçar
o aparecer
efeito
diz
e
está
como
conhecer
ou
saber
ser
e sabe
que
ouve
se
sempre
alucina
da
sobre
presa
selvagem,
solo
que é
esta
intenção
que

assim
inicia
o fazer
(se)
o
sentido,
que
diz
aqui
que
se
busca
(n)o
continuar
ao
aparecer
e nada
aparece
e
isso
é
cor
que
têm
ou
então
explode
nada
e talvez
seja
isso
(como)
local
continuar,
que fere
e desfila
dos olhos
o movimento
rápido,
tenso
da intenção
de dizer,
que
não é
dizer
antes
mover
que
quer
quase
e aparece
por vezes,
o deslocar
em superfície
abordada,
a fazer
curto
silêncio
no caos
que é
este
que
tomo
o quase
fim
que deixa
por fim,
no
estar
resolve®
que força
nada
que
traz
silêncio
ao reunir
do caos
representado
da revelia
soberba,
que é
boa
palavra
soberba,
e
já se dizia
ou diria
alguém,
que fico
aqui
ali,
não
tenho
perder
disse,
sente
e que sente
o que
atira,
ali,
não
mais
que diz
e rebenta
faz,
agora,
refere
a tensão
disso
tudo
e
do
que é
e
devia
ser.

e a atenção disso tudo.

o que deve ser suposto,
ou sobreposto
e diz se assim.
... conto o assim.

2 de junho de 2008

A múmia entranhada.

(Artaud.)

Totem à porta, olho morto
regressado neste cadáver,
este cadáver esfolado que lava
o horrível silêncio do teu corpo.

O ouro que sobe, o veemente
silêncio deitado sobre o teu corpo,
a árvore que carregas ainda,
e este morto que marcha em frente.

Vê como rodopiam os fusos
nas fibras do coração escarlate
e este grande coração onde o céu eclode
enquanto o ouro te imerge os ossos -

É duro campo de fundo o panorama
que se revela enquanto marchas
e a eternidade ultrapassa-te
pois não podes perder o ponto.


Invocação à múmia


Estas narinas de pele e osso
por onde começam as trevas
do absoluto, a pintura dos lábios
que cerras como uma cortina.

E este ouro que te brilha em sonho
e a vida que te despoja dos ossos,
e as flores deste olhar falso
junto por onde regressas à luz

Múmia, e estas mãos de fuso
para te revolver as entranhas,
estas mãos onde a sombra lamentável
toma a figura de um pássaro.

Tudo isto de onde se orna a morte
em estupor dum rito aleatório,
este borbulhar de sombras, e o ouro
onde nadam as tuas entranhas negras.

É por aí que te torno,
pela estrada calcinada das veias,
e o teu ouro é como a minha pena
e o pior é o mais sob testemunho.


Antonin Artaud - « La momie attachée et autre textes autour du Surrealisme ».