A Noite Vertical.
Que eu seja – a bola de oiro lançada no sol levante.
Que eu seja – O pêndulo que retorna ao ponto morto procurar a vertical nocturna do verbo.
Que eu seja – um e o outro prato da balança, o fiel. O período compreendido entre os dois extremos da sacada universal que é o batimento de coração segundo o qual podemos duvidar do possível e tudo esperar do seu ansioso “rien ne va plus”.
Lanço ao possível este desafio : Que eu seja a bala no salto de um instante de liberdade.
Lanço este grito – Que eu seja a bala do seu silêncio.
A minha partida chama-se sempre, todos os dias, todos os instantes do grande dia. O meu regresso a nunca, eterna vertical nocturna, ponto morto, igual a ele mesmo, que o outro franqueia – sempre.
Que sou eu ?
Sempre o mesmo retorno, o que retorna a dizer ainda um outro.
Stanislas Rodanski – Anthologie de la poésie française du XX siécle – (tradução livre)
29 de março de 2010
28 de março de 2010
22 de março de 2010
“Como em muitos homens que atingem uma situação importante, era, a mil léguas de qualquer egoísmo, um amor profundo pelo que poderíamos chamar a utilidade pública e supra pessoal, noutros termos, um honrado respeito por aquilo em que se funda o seu proveito, não porque o funda, mas ao mesmo tempo que o funda, e em harmonia com este facto, quer dizer, em suma, por razões genéricas. Isto é um dado importante : um cão de raça, se procura o seu lugar debaixo da mesa do repasto sem se deixar desviar do seu intento pelos pontapés que recebe, não será de facto por baixeza de cão, não, mas por apego e fidelidade ; e na vida, aqueles mesmos que calculam friamente não têm metade do sucesso que obtém os espíritos bem doseados, capazes de experimentar, pelos seres e relações que lhes dão proveito, sentimentos verdadeiramente profundos.”
R. Musil ; O homem sem qualidades – (da tradução francesa)
R. Musil ; O homem sem qualidades – (da tradução francesa)
Primavera.
Na primavera florescem os marmeleiros
e as romãzeiras, regadas
pelas águas dos rios,
lá onde fica das Virgens o jardim imaculado,
e os gomos das videiras crescem sob os rebentos
umbrosos do pâmpanos: mas a mim o Amor
não me dá estação alguma de descanso:
como o trácio Bóreas, deflagrando
com o trovão, soprando do lado de Cípria,
com loucura devastadora,
tenebroso e sem peias,
sacode de alto a baixo com força
o nosso coração.
Íbico ; hélade – Asa (tradução Maria H. Da Rocha Pereira.)
Na primavera florescem os marmeleiros
e as romãzeiras, regadas
pelas águas dos rios,
lá onde fica das Virgens o jardim imaculado,
e os gomos das videiras crescem sob os rebentos
umbrosos do pâmpanos: mas a mim o Amor
não me dá estação alguma de descanso:
como o trácio Bóreas, deflagrando
com o trovão, soprando do lado de Cípria,
com loucura devastadora,
tenebroso e sem peias,
sacode de alto a baixo com força
o nosso coração.
Íbico ; hélade – Asa (tradução Maria H. Da Rocha Pereira.)
12 de março de 2010
O lobo e o cordeiro.
Estavam o lobo e o cordeiro a beber junto ao leito do rio. O cordeiro em baixo, o lobo acima. Diz o lobo :
- Não vês que me sujas a água?!
- Como pode ser isso se estás acima e o rio corre na minha direcção?
- Além do insulto ainda me ameaças?
- Como ameaço-te?
- Sim, bem me lembro do que fizeste o ano passado.
- Mas se nem era nascido.
- Basta, está bem assim. A tua maldade não me deixa alternativa.
E precipita-se sobre o cordeiro que devora.
...
Esopo.
24 de fevereiro de 2010
Cérebro, utilidade, desvio.
A necessidade de uma construção.
O aspecto e a reminiscência dos caminhos.
A longa e ruidosa manifestação de tudo o que percorre.
O critério de alcance em (positivo) permanecer da dúvida.
O outro lado da metafórica em maneira
dos actuais compassados processos continuados.
Os autores do coração regulado.
no lugar da espera,
em sinais do nunca mais
nunca, o supor
no entanto à sua falta
em simultâneo dum verdadeiro
e certo lugar
que tudo passa enquanto existe,
existe, duma ou doutra maneira,
na aparente razão,
do campo de acção,
que faz o sentido (em dúvida) e permanece evidência, pólos do mesmo.
A necessidade de uma construção.
O aspecto e a reminiscência dos caminhos.
A longa e ruidosa manifestação de tudo o que percorre.
O critério de alcance em (positivo) permanecer da dúvida.
O outro lado da metafórica em maneira
dos actuais compassados processos continuados.
Os autores do coração regulado.
no lugar da espera,
em sinais do nunca mais
nunca, o supor
no entanto à sua falta
em simultâneo dum verdadeiro
e certo lugar
que tudo passa enquanto existe,
existe, duma ou doutra maneira,
na aparente razão,
do campo de acção,
que faz o sentido (em dúvida) e permanece evidência, pólos do mesmo.
20 de fevereiro de 2010
Filigrana em w.
Algo vem como rumor,
no vago sopro, por entre os lagos,
ao rosto em ruga desse sentir,
dois, na direcção do sobreolhar,
chega, como fora um passo em abismo,
(nota de uma certa impertinência),
a escolha à passagem que permanece
imagem, fica, marca, os indecisos,
incertos, versos de uma voz humana.
Algo vem como rumor,
no vago sopro, por entre os lagos,
ao rosto em ruga desse sentir,
dois, na direcção do sobreolhar,
chega, como fora um passo em abismo,
(nota de uma certa impertinência),
a escolha à passagem que permanece
imagem, fica, marca, os indecisos,
incertos, versos de uma voz humana.
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