17 de outubro de 2012



O olhar que mascara o mundo em corpo de mar é espuma de palavras. E o estar aqui é o que seja.

Tomaria todas as decisões de uma forma pelo menos leviana. Patologicamente existente. É. No fundo trata-se apenas de uma escolha de sorte à maneira dos clássicos da diversidade.

Que importariam então as reflexões do acto na ressaca do mesmo? A imagem dos instantes vívidos, a torrente, os éditos da função do regresso.

Pois se existe coisa de que me lembro é do estômago, órgão metafórico da escolha, que nem sequer é tocado, e nunca o será, neste plano a que se chama ser, ou palavreado.

16 de outubro de 2012


O verbo é morrer da promessa, que de novo é morrer.
Passam olhos de gárgula, contornam-se num recreio adiado, aleatório.

A posteridade do plástico.
Infinitamente recoberta de uma história viscosa.
É feita de moléculas a correr aos sete pés das pegadas gigantes.

Oxalá fique, oxalá não fique.

Não obceca a memória.
Sempre faz mover, ou estar parado em movimento.

Trajo de trapo e uma aparição visionada.

A circunscrição do plano do papel faz o vento solo nas bestas do adquirir, e o nome, com todo o respeito, é, a cada passada, o desejo da fala em silêncio que qual grafonola baixa a custo uma aparência.

Desilude, que fazer.

Quais fogos do vazio repito nas estrelas em colapso.
Os cantos das outras cantorias do semblante fechado.

E numa abertura do classificado oposto pensamento em sonolento bocejo, a recta escalada impõe, na designada comissura, o óbvio local do angariado de (por) si.

Que logo começa de novo.

13 de outubro de 2012


As grinaldas do convénio da nomenclatura guardam silêncios por via duma razão amorosa, aos gritos de sorte, em cadência, ficam, solenes, nas grutas que gravitam os corpos em paralaxe.

Uma razão de privacidade.

E como a flor da cereja ou o pardal largado em cima das casas da celebração, das comendas, a cidade salva, ao troar da manhã falecida, os nomes da selva, e os silêncios todos.

As casas do amor.
Os filamentos da montanha.

A semente em salvaguarda da palavra ferida de requinte nos átomos da miséria.

Revelado em estranha disfunção da linguagem, o círculo original exausta o riso à entrada das etapas como rebento em lugar da viva santificação do metal afeito à circunstância utilitária da distribuição e do registo. Éditos da necessária imagem.

Vamos dizendo em surdina as palavras como numa dança das cadeiras.

De lado a lado.

O dia pulsa em redor (dessas palavras) o secreto intervalo donde a origem espreita o sincopar carregado da cisão esventrada em monumentos carrascos da assim sombra lavrada.

Fins da terra dor.

12 de outubro de 2012


Silêncio.

Esgota-se o eco na lama desta terra. O deserto é escorraçado nos ossos. Já não há lugar que não seja nos olhos.

A noção do plástico dá-se incerta em matinal leite ao censo dos cadavéricos costumes.

A lira, humedecida
nos braços, entoa
da rocha fendida,
o dizer da polissemia,
e os poços verdes,
(um lugar assim parado),
ao largo dessa terra
fazem luz
de uma fala perdida.

Gestos em corte poético,
nos lábios do prazer,
em distensão requintada,
ao rubro, num dia prosaico.

Elevado aos píncaros culturais da gema, (conotada do salivar volteio), faz-se a côdea dos escudos da terra. E, nos lagos da agitação placenta, em contusão das fontes luxuosas, o arame perfaz a ascensão dos desertos ao gotejante peito que faz, sincopadamente, o plástico.