22 de outubro de 2012


O lapso é o retomar da encenação,
gerado nos tempos da dança
(sempre o mesmo jogo da máscara)
e da justificada tragédia da existência vazia
(infalível máquina do defeito humano)
que plasma por inteiro a resposta do mesmo
como fora a tentação do corte
ou a transposição do rasgo em reacção matriz.

Além da vontade.
Toda a cor um dia.

21 de outubro de 2012


Aberto ao azul do mar em guerra, dos lagos imaginários, uma casa ausente transforma a manhã logo que a forma regressa e morre ao fazer de um acto que bate em contra fundo.

Tomara de longe o iniciar.
Na parte perdida de horizonte.
Que de volta a um instante.
Esquece o imediato sentido.

O impresso olhar levado no próprio do momento produz um reflexo absoluto que, por ter ficado tão perto, um outro dia gritou que parara.

Como fora a modulada memória descida ao sítio da parte perdida.

E assim tirado o mundo ao representar do sopro, um aspirado diluir da fala esvanece, (a um nada dizer), o canto da tonalidade esfíngica.

Dito como deve ser? Como dizê-lo aqui?

Depois, lançado por fim na decisão do sentimento completo, o dizer que se escapa,lança um toque etéreo como o excedente dele que se investe, melancólico.

E ao cair do dia presente a imensa e amarga ironia de um apenas silenciado.

20 de outubro de 2012


Bom, a bem dizer supõe,
qual aceso, ou qual sinal,
ou num qual acesso,
vertiginoso ao ponto vazio,
que sussurra o colorir,
do permanecer corporal,
em proporção preenchida,
nos lagos da crua certeza.

Um lugar aberto no tempo.
Aproxima feito sopro eventual.
O silenciar das mil participativas.
E faz desatenta a locução simultânea.
Que em acto de produção ideal.
Faz a demonstração do mais forte.

Ou, dito de outra forma, a “glória do sintagma” na cor do suspeito assunto.

À vista das nações sentia o peso encher o dia
E no instante assim representado
O inverso corria os caminhos conclusos.

(Ali chegado ficou pois parecia certeza o que sem saber se refazia, e no mesmo acto).

E o relançar da desferida palavra.
Na fachada do âmbar em fortuita apoteose.
(Outrora argênteo tempo do dilúvio).
Faz do percurso uma tal nomeada figura.

Doutros dias porém.

(Mas como todo o processo é recorrente sinto uma insuflação profunda que argumenta outra vez).

O caótico atingir do estado da representação dinâmica.
(Redundante, inclusiva, e, portanto, inversamente redundante).
Do oclusivo refrão do sinal bate às portas estupefactas.

É mais que insubmissão, é paixão, irredutível lugar elementar.

17 de outubro de 2012


Eras de fundo a conquista iludida em satisfação dos agrupamentos moleculares.

Aquela determinação animal.
As frondosas imagens do logro.
As boas novas e a síncope.

A sinopse de todos os elementos é como a apresentação do mais simples. Fala do encobrimento. O discernir, trabalho de uma justificada violência na raiz da situação, é, numa palavra: a secreta celebração do sacrifício, alheio, claro.


O olhar que mascara o mundo em corpo de mar é espuma de palavras. E o estar aqui é o que seja.

Tomaria todas as decisões de uma forma pelo menos leviana. Patologicamente existente. É. No fundo trata-se apenas de uma escolha de sorte à maneira dos clássicos da diversidade.

Que importariam então as reflexões do acto na ressaca do mesmo? A imagem dos instantes vívidos, a torrente, os éditos da função do regresso.

Pois se existe coisa de que me lembro é do estômago, órgão metafórico da escolha, que nem sequer é tocado, e nunca o será, neste plano a que se chama ser, ou palavreado.

16 de outubro de 2012


O verbo é morrer da promessa, que de novo é morrer.
Passam olhos de gárgula, contornam-se num recreio adiado, aleatório.

A posteridade do plástico.
Infinitamente recoberta de uma história viscosa.
É feita de moléculas a correr aos sete pés das pegadas gigantes.

Oxalá fique, oxalá não fique.

Não obceca a memória.
Sempre faz mover, ou estar parado em movimento.