5 de fevereiro de 2013


Caixas empilhadas sobre as fundações do iogurte
Desaparece o inverno no cais das gargantas abertas
Corre do cimo um olhar de avelã que te verde
E, no meio do povoado, os ratos acumulam mistérios.

Por sinal a uma coberta de estrelas.

Já por lá passei, e não vi, decididamente, nada de novo a assinalar; as cores continuam cores, as palavras, ao que parece, continuam palavras, e as raízes, embora se não vejam, supõe-se que por lá estejam, invisíveis, por debaixo dos edifícios.

Falecia no que cimenta o desaparecer agora do tempo sentido ao esclarecer dos motivos passados. Causa do instante encerrado aqui. Pois. O sentido do que é sentido ganha sentido quando nos põe sentido.

(E guarde-se o silêncio das palavras não ditas).

Alegórica. Incolor. Do. Colapso.

O perfume da intempérie
Assiste a paisagem
Ao solo da colheita
Nas espécies combinadas.

31 de janeiro de 2013


Subitamente uma nota aguda eleva o tom da discórdia a uma nova marcação do perceptível movimentar do objecto.

São sintomas da extensão decerto
As preenchidas ravinas
Dos olhares por dentro a contradizer
O sentimento que toca.

Cerco.

Uma certa claridade
Retoma o mesmo em circular
(O que não deixa de surpreender de facto)
Ao inflectir da pronúncia.

28 de janeiro de 2013


O fogo solta filamentos,
labaredas,
o sentido tange o instante,
e, de novo nascido,
afoga o olhar no movimento.

O sentido da linguagem é como tirar o fantasma do ritmo em qualidade abissal, clarão elementar, (como a carne e o resto), atirado ao âmago da irradiação das vinhas num fulgurante descolorir.

A noção disso é um segredo e um fardo, um inexplicável que liga ao coração da ideia a forma afectiva do pensamento, esquecido sim.

Istmo.

Por todas as luas.
Sopesa o olhar condescendente.

(Toda a intenção mata à vista desarmada).

E o enigma.
Tenta forçar a entrada. E permanece.

(Em quanta conta se tem).

23 de janeiro de 2013


O que fica por sinal da ideia chega ao nuclear do próprio e faz as rápidas setas ao coração do fogo, (são dois dias no local das algébricas), e o perdido desse instante, ao nascer, vaga o horizonte em cheiro de terra acabada, o que é como chegar ao final num corpo vazio, aberto porém.