22 de novembro de 2017


O palato em reflexo
Imagem dos corpos súplices
Em posição de missiva
Junto ao pedestal do espelho
Faz circular a memória
Que permanece miragem.

17 de novembro de 2017


Quimera das antigas sílabas

No limbo da cenoura
Uma sensualidade da letra e do discurso
Por sonoras de devir
Degusta o soma dos elementos
E gera o ideal
Conforto das vagens num efeito corrosivo.

13 de novembro de 2017


Da repetição (ao predicar) enquanto assinatura.

Máscara de intenção difusa ao prolífero retiro em propagação.
Uma estranha vigília completa o acto em palavra ao fazer falar a palavra ainda antes da ideia.
E (quase) que surge esta encostada à palavra.
Num processo de descrição do pensamento (que não da ideia) em que fica sugestão de palavra.
De palavra em pensamento do pensamento sim.
E (por assim dizer) faz-se vida e ressalta do choque entre o pensamento e um pensamento que é palavra.
Qual deliquescer dos elementos em desfaçatez de informais.
Conceito deste mundo.
Que numa passagem de pronto a referência põe termo à ideia que (quase) fica em referente e sentido.
E o tédio que daí se adivinha é o iniciar da escrita.

10 de novembro de 2017


Os palpitantes símbolos das coisas
Em singular das múltiplas escalas
Sobem das palavras numa majestade de incenso
Ao acaso que representa -
A aspergida substância da memória dos abraços.

8 de novembro de 2017


Um certo ajustamento a uma superfície de pedra.

O mesmo da impressão
Detalhado na pedra
Em instrumental denota
O retroceder da imagem
Na expressão de dor
E exaltação no encanto
De um pequeno instante

Ou detalhe:

Que interiormente purificado da passagem das circunstâncias figura dos elementos e nem sequer aparece enquanto matéria impressionada.

7 de novembro de 2017


O glóbulo das fábulas
Junto ao antigo das margens
Num contínuo derramamento de passagem
Se respirasse um único
Momento nada ficaria por fazer.

2 de novembro de 2017


O hipocampo da fanfarra

Obscurecido da própria voz
Em si da memória dos tecidos
Os rastos daí se figuram
No hipocampo da fanfarra.

E potencialmente proclama a contraluz de um instante que ao cumprir da sugestão no papel segundo do atrito faz a espécie da reparação ou do inventário. Diz portanto que não é mais do que um pequeno incentivo, natural reprodução, fundamentado desse modo na imagem da cenoura.

Diz portanto que é uma cenoura, não a cenoura em si obviamente, mas a imagem dela.

Começa portanto por ser uma escolha alimentar, sendo que o seu fundamento seria, neste sentido, essa necessidade alimentar que evoluíra no sentido do ritual, ritual este, em verdade, onde não se pode falar quer de sobrevivência quer de necessidade. Esta ‘necessidade estrutural’ levantaria questões, não só em número, quanto em qualidade e fortificação, ler frutificação da espécie nesse sentimento. Pois toda a sensualidade -as romance- é coito da natureza humana e é, neste sentido, uma encenação, ou mais propriamente a matriz de todas as encenações, qual ritual molecular de sublimação por assim dizer, e não será portanto por acaso que esta (necessidade refinada em possibilidade) se deseja em primeira instância da divindade, como noutros lugares e géneros literários aliás.

E como em tudo o bem maior
Em paradoxal do interstício desponta
Naquela semente fecunda
Que em elementar do alimento
Percorre todo um estado de alimentação
E no percurso desse alimento
Entre torna e tende
A ambos termos
Na robustez dessa contenda
E das ideias simples
Que num efeito de retenção cristalizam
O apetite em imagem
Por meio de um levantamento de segunda ordem
Que tudo preenche
Em primevo da matéria
Forma de sugestão ou sementeira
Parte para a frente da fome e dos ossos
Pelos montes purificados
E digere em boa ordem
Pois o que conta é a digestão das coisas.

E feito por fim do aparente principio das coisas, num denodar que proporciona o completo estiramento das fibras, a todo o comprimento e respiração, junta em cordas de matéria, a mesma refeita, pronta e limpa, matéria.

Quais modalidades do nó ou do nervo, em termos de precisão.

30 de outubro de 2017


Dize que partira
Da palavra o inolvidável
Vento tinha qualquer coisa
Do momento
Que agora recitas:

Era uma vez nas bocas
Outrora a manhã
Chamava contigo a linguagem
Oh aparência de ideia
Que nos eflúvios de acaso
Rumas ao cada cimo
Do frutífero lugar
Em casca de carmesim
Na festiva posição do amor
E daí palpitante
Frutificas na terra
Tocada do odorífero das violetas
Onde anoiteces de delicadeza
E coisas de ti
Oh beleza, colheita ao redor delas.

26 de outubro de 2017


Mais que reconhecer
O retirar dos rostos
Há que adivinhá-los
Daquilo que de aparente
Têm as palavras
E o silêncio da refinada
Renda que desperta
Ao redor das mãos.

25 de outubro de 2017


O transporte.

Posto por sombra
Aberto a uma luz suspende
Os ecos da suficiência
Duplicado em matinal da forma
Num segundo em reflexo
De agora que trespassa
Os amanhãs do mais-que-perfeito
Sentido, e a cada descida.

Num efeito daquela presença que a cada idade atinge os cânticos das coisas que são da terra e recomeça então dos antigos amontoados por indecifrados momentos que cantam as informadas árias do vazio nas aglutinadas cinzas.

E isto a ponto de uma cegueira que lentamente assenta o sincopar dos corpos inclusos naquela espécie que traz consigo o distante em forma de vento.