10 de agosto de 2018


Breve monólogo do órgão de si espelhado por meio da palavra

por sinal um dizer
agradável sabes qual respirar das bocas
do nariz dilatado ao limiar do acontecer
em percurso indicador
táctil no caso
prossegue assim sabes
ou então como quem diz que é assim

esotérica daquilo que aparece : eles não se entre olham para não se revelarem

9 de agosto de 2018


brilha no telhado
um pardal intermitente
e alado se faz
ninguém
de estar num segundo

Do crepúsculo

por entre as ruínas
daquela reflectida imagem
crepuscular
e quase de noite
pulsam restos de fogo e de calor
que rodopiam verdadeiramente

8 de agosto de 2018


esotérica da opacidade: o dizer vive de ser dito e cada palavra é máscara de uma outra palavra

De madrugada

incolor silêncio de filigrana
antiga lei sussurra de orvalho
a manhã num esquecido vapor
sobe a causa do aborrecimento
por meio de uma voz cantada

7 de agosto de 2018


se tens de chegar a tudo isso
pelo menos que seja para sempre

retrato do tempo em partes de tempo

algumas linhas
de citadino recorte
contrastam primeiro
o movimento dos transeuntes
que chegam
depois aquelas nuvens passam
povoadas da sugestão
dos outros momentos possíveis

4 de agosto de 2018


ao circular cedinho de manhã
como que se fazia um parecer de terra queimada
e seca de pormenor
e alegoria e os seus veios chamar-se-ão
doravante o caído fruto
daquele pensamento que se situa entre a disposição
e a origem da palavra torre e de memória

Uma mão

de distante valor
em volta marca de espelho
os ajustados corpos
das palavras produção
de metais de sentido
entranha e corta, outra vez…