18 de agosto de 2018


Elea nunca se entre olham
para não se revelarem
e o campo vai-se povoando
dos seus gritos e murmúrios
e quando por fim tudo acaba
cobrem-se emudecidos
de reprodução e lamento

17 de agosto de 2018


esotérica da palavra: o dizer pela máscara, ou pela palavra, aquilo que não deve ser dito, é como que a estratégica expressão do eufemismo na fala, ou na escrita.

por sucessivas camadas
do ar da palavra
distende a respiração
num tu e eu evasivo
a sincopar as letras
- distraído -
do ponto de vista
das pneumáticas analogias

da hesitação

algo eu de não estar
em cada pedaço de uma despedaçada nuvem
e outro ao passar do tempo
sublinha em algumas linhas
de diferença
o hesitantemente agora chegar da rosa de olhar perdido
desce
aos joviais labirintos
das soberbas ofegantes metonímias
de origem
numa alterada respiração de amarelo carnal

16 de agosto de 2018


esotérica do objecto: o objecto deixa uma impressão de opacidade e o meio pelo qual o objecto é observado aumenta-lhe a opacidade

lapso

em língua de corpo
é noção de cansaço
perpassa o preliminar
da súbita altercação

sintagma de cansaço

outro de tangente e nocturnas imagens
da passagem do tempo escorre em lábios naturais
palavras de espelho e sangue
e em segredo (se) vai ficando como num sonho

15 de agosto de 2018


esotérica da atenção: uma não atenção de atenção

o olhar (reflexivo)
suspenso nos dedos
de uma nova pintura
mais garrida talvez
se costumasse
aliás de cada palavra

demora a dizer
numa língua de noite
um verso de página lenta
(não) tarda das palavras
a sombra o envolve
de impassível sentido