20 de agosto de 2018


linha

por momentos vacila
mas depois não seria assim que caminhavam
as máscaras
a iluminar a inicial da primavera
numa voz (eram poucas as palavras)
da paragem das horas
e os céus caiam em luminosidades terríveis

18 de agosto de 2018


esotérica das ideias: clarões de coincidência, de semelhança

Na fábula o consumar do acto está sempre suspenso de uma última palavra de réplica, como se desta lhe chegasse o motivo do desenlace, e daí se sublimasse, numa exterioridade sentida por assim dizer

Elea nunca se entre olham
para não se revelarem
e o campo vai-se povoando
dos seus gritos e murmúrios
e quando por fim tudo acaba
cobrem-se emudecidos
de reprodução e lamento

17 de agosto de 2018


esotérica da palavra: o dizer pela máscara, ou pela palavra, aquilo que não deve ser dito, é como que a estratégica expressão do eufemismo na fala, ou na escrita.

por sucessivas camadas
do ar da palavra
distende a respiração
num tu e eu evasivo
a sincopar as letras
- distraído -
do ponto de vista
das pneumáticas analogias

da hesitação

algo eu de não estar
em cada pedaço de uma despedaçada nuvem
e outro ao passar do tempo
sublinha em algumas linhas
de diferença
o hesitantemente agora chegar da rosa de olhar perdido
desce
aos joviais labirintos
das soberbas ofegantes metonímias
de origem
numa alterada respiração de amarelo carnal

16 de agosto de 2018


esotérica do objecto: o objecto deixa uma impressão de opacidade e o meio pelo qual o objecto é observado aumenta-lhe a opacidade

lapso

em língua de corpo
é noção de cansaço
perpassa o preliminar
da súbita altercação

sintagma de cansaço

outro de tangente e nocturnas imagens
da passagem do tempo escorre em lábios naturais
palavras de espelho e sangue
e em segredo (se) vai ficando como num sonho