10 de novembro de 2018


dizer outra coisa
por quaisquer palavras
de ausencia
num dia de repente
o olhar retira
consigo a resposta
que coberta
de razao se esquece

9 de novembro de 2018


uma terrosa
cor de castanho defronte
aos porosos torrões
da terra em volta
e algumas letras animam
de valor a expressão
dos comovidos socalcoa
do tempo antigo que
como que parado grita

8 de novembro de 2018


das formigas

por carreiros abertos
na fronteira dos filamentos
em meio ao primordial
arvoredo lentamente rumam
ao fel mais além
das enigmáticas correntes

7 de novembro de 2018


a primitiva palavra
do silencioso arbítrio
cendrada de espanto
faz-se suspensa
num reflexo de sombra

6 de novembro de 2018


de cintura fina
vestida de primavera

cai no feno
a flor envolta
ao dia
das mil carícias

5 de novembro de 2018


a esta espiral imagem
pertence uma cor cinzenta
que se esfuma no reflexo
de uma lenta lentidão
entra junto ao vazio
e agora espera por meio
que a receba e assista
ao divagar das palavras
adormecidas na sombra
ficam curiosas suspensas

3 de novembro de 2018


vazia de longe o inaudível
clamor de limiar desvanecido
em primado da razão no sensível
corpo conforma ao costume
de cada palavra aquela
parte em silêncio que continua
o cego vazio que a chama

2 de novembro de 2018


por detrás do espelho
diz-se do fruto ao instante
que caído na imaginação
sopra da sombra
aquela cor de engano
que aos gritos se interroga

31 de outubro de 2018


e ao descer a rosa
o colo da seda floresce
na terra um apelo
descobre em abandonado movimento
as suas pétalas
que esplendor
veste ao declive da festa

30 de outubro de 2018


por volta do entardecer
por detrás da montanha
ao longe uma presença
como que desperta na carne
os consumidos artefactos
ostentados ascendem
em numinosas tonalidades