um de qual sabor
e numa voz em contra
som surgia
de quarto em falta
e numa voz da face
que não nas palavras
18 de fevereiro de 2020
a um tempo da palavra
que não ontem tocado na pele
era mais tarde em segredo
que o corpo se fazia discreto
17 de fevereiro de 2020
o persistir de uma qual amálgama
de pensamento mais desligado das palavras
como que abria ao lado uma janela
musical de sono que observava em perfeita
metáfora a falta nessas mesmas
palavras que ali rodavam indiferentes
15 de fevereiro de 2020
ao canto das sebes
das tardes desabitadas
os dias de inverno
por sumas do sangue
como (que) distinguiam
a traço alado na terra
os sonolentos saltos
de uma sombra de nada
aos campos lunares
14 de fevereiro de 2020
é difícil resistir à pressa da vida que se é jovem
e ainda mais quando essa pressa não é verdadeira
e os clichês sucedem-se conforme as estações da palavra
e assim revelam toda a fecundidade do trabalho
um solfejo em comunidade
das palavras como que (in)sucedia-se
e exaustava das entranhas
o ritmo da parte perdida
que dependendo de como se lê nas coisas
estiliza tudo aquilo do qual
se possa dizer ou fazer atenção
13 de fevereiro de 2020
entre o hoje e o amanhã
das fontes perdidas um grito das entranhas
como que malfadava de sono profundo
aquilo que emergia em algo do mesmo
mas muito para além dessas mesmas manifestações
12 de fevereiro de 2020
o intenso da boca
vermelho acelerava aquelas
palavras pensadas de esquecimento
em circulação nas avenidas
11 de fevereiro de 2020
veloz vogava
o pensamento de uma qualquer
ideia sem fio
que se gelasse na palavra
escrita de tudo
aquilo que aparece
e soa ridículo
10 de fevereiro de 2020
quais calendários da plantação
metafísica ao tornar de saturno prosseguiam
de como que os reflexos
de uma certa abertura para a qual
não se reconhece ainda
um qualquer ponto que mais demorado