6 de outubro de 2012


Poderia aspergir todo um elenco. Um preparado de alienação.
O imenso caudal das microscópicas imagens que fluísse as vias corporais do engenho.
E da arte. Corresse a ilusão e tudo recomeçasse.

Pois pode ser o que dizia-se da imagem da adoração.
Perto instante a que não chegassem palavras para fazer em nós pedaços dele.

Furiosas marés revoltas.
Tomai-me em paz.
No convém.
Do agradecer embevecido.
E reverente mente.
Retirado em face desse “dom”.

5 de outubro de 2012


A suspensa expressão da espera assenta no instante o rosto crispado.
(É preciso ver para lhe fixar a palavra).
Pois o muito tempo é relativo, tudo foi dito.
Impresso no rosto como a salvaguarda do privilégio.

Um peso que adormece, revela na voz, o “mistério” do jogo e da hierarquia.

Na hora do regresso, plasmado, um irisado gatilho arbitra a ligação duma ausência em suposta situação do vendaval reflexo.
Natural solução doutra ideia. O olhar sentido aqui.
De fonte ao alto rio a rebentar num movimento atirado ao quadricular lugar da sonora perversão da palavra.

Já!

Sombras irrompem das antigas imagens manifestas à luz presente.
Ares do destino, diz-se.
Chega-se o fim no revelar das imagens escondidas.
Ecos de selvajaria, a progenitura do sacrifício.
A imensa história dos círculos da silenciosa brutalidade.
Cegas manobras. O sangue perdido.
O deslizar na distribuição das palavras
Ao sabor das fúteis edificações da memória do paradoxo vivo.
Últimas tábuas da inscrição.
Os altares da mais ancestral violência.
Os antigos gritos.

Sabei que ao silêncio se abandona este fogo.
E sabei, depois, a visão de um mar tão quieto como imenso o dia.
Tirai-vos de cena, acordai das imagens que passam
Como relatos mortos das vidas arrancadas.

Corpo ignorado, o dia em que chegue a hora.

Que chovam os silêncios aterradores.
O dissipar de qualquer coisa.
Um qualquer momento somado das vozes
Que desde sempre correram este caminho seco.

2 de outubro de 2012


Estamos cegos dos gumes acutilantes
Das cordas e cantos
Das torrentes de vozes duplas
Uma imensa garganta voraz
E fogos não tão secretos que se vejam.

De parietal exposto à borrasca latente.
Sucedem os primeiros sons à confusão do raiar.
Branco. Como ultimato carenciado.
Num tempo que já não conta.
Em moldura envelhecida das infâncias.
Séculos de areia. Poros de barro.
As petrificadas sentenças nos ombros, suavemente.
São como fósseis listados dos séculos a mais.
Num passo firme que é nunca chegar.
Às palavras de todas as vidas que suponham-se assim.

26 de setembro de 2012


Regressado ao matinal resfolegar das ocasiões passadas.
Aos envios do olhar mirabolante.
Luto por compensar o vazio fundo das pedras e castelos.
O que ainda me diz um fio de matéria,
Se matéria me diz o peso e a forma, massa radical dos incêndios.
É que quisera-se assim o caminho em cordões de sangue pesado.
Derramado ao acaso das horas, dos olhares.
Como o fulminante regresso ou um mesmo caminho irreal.
Efeito abissal das fontes tão do alcance (em fim) que lhe tomasse o gosto.
Na usurpação dos corpos. Semelhante. O que irá dizer.
Agora que se incendeia os olhos lavado em fogo um corpo invisível.
O que irá dizer então.
Do que anunciam as inacessíveis montanhas desse lado em que se vê
O vago lembrar das vidas passadas, terríveis.

Fazeis rir as pedras, chorar as fontes, adormecer as donzelas.

Burilados. Demenciais.
Um último estertor dos açougues.
Tal era a impressão.
Das (intencionais) palavras e silêncios.

(Onde faz-se vida duma antiga experiência da leitura do olhar).

Nos planos de vida.
Num certo fogo particular. Celular.
Que faz do princípio rasgado ao iniciar dos possíveis.
Um atribuir no fundo.