6 de março de 2013


Desolado. E também lamento o reforço industrial do léxico. Nem toda a convulsão é assim tão intensa assim como nem todas as elocuções padecem dessa intenção. Esse fátuo das máscaras. É ambíguo o deixar cair das falas inaudíveis. E são tantas as maneiras das setas da velha discórdia, da lava que escorre. Ignora ao que vem como quem se vaga das decadências, como quem tira o seu proveito. Impera, mas nem lhe passa o paradoxo.

5 de março de 2013


Da frase feita a dirigir a culpa do petiz, notai-o bem, em quanto se assemelha, ao mais austero semblante, de quando o rei vai nu, distraído.

4 de março de 2013


A montanha grita os ecos do vale e sobe um bafo da terra em palavras de seiva, os malabaristas do fogo rodopiam lá de cima, está na hora do discurso – é ainda tão cedo e já não há nada a dizer.

3 de março de 2013


Um pátio deserto e cinzento. É com certeza o inverno este lugar. Outra circunstância. Um terminal desolado aguarda o fim da noite que, enquanto passa, desespera qualquer coisa. Alguma vez se viu noutro assim? Consta que um rei, só por isso, colapsou.

O acordar faz ressaltar da rocha um contraste que perdura - é bom sair pela noite adentro encharcado, as ruas têm, nessas horas, um sabor melancólico a inolvidáveis desertos.

2 de março de 2013


À falta de quê permanece, (como iguaria apetecível), o invisível tomado fora do seu domínio: canto da madeira em terrenos do estômago quase voraz (limitado na sua capacidade) que volteia o anunciado trajar primaveril.

Para lá do mar, e ainda para lá do mar do mar, repousa o sono perpétuo das circulações humanas, aborrecido, assenta os pés na terra monumental, que um dia, a crescente vegetação esquecerá.

Em termos de silêncio geral obviamente, um singular som do castelo outrora.

16 de fevereiro de 2013


Terra, irás colher o trevo à sombra das latadas. O que será feito das casas, do cheiro das folhas, das madeiras à noite a ranger sob a cautelosa passada. Onde ficas e em qual das telhas vês o pretenso atingir do chão, o acordar, a erosão, os lanços de pedra à volta como as velhas moscas em confraria, de uma certa maneira. O horizonte eleva a gritaria ao céu das vilas despovoadas. O sentimento surge ao bater dos sinos na gélida manhã petrificada em imagem de peso. Branco é o gelo habitado a sós contigo ó condição. As ondas, agitadas neste campo de onde sigo as janelas plantadas dos passageiros aromas, assentam as suas tendas junto apenas por momentos, e os ossos, no centro da montanha, queixam-se ao primeiro rebento de um sol que não termina na pele.

Sustentabilidade. Para ilustrar o conceito recorro ao bem conhecido episódio do elefante que atravessa as calmas águas do lago saltitando graciosamente de nenúfar em nenúfar.

15 de fevereiro de 2013


Empreendedor.

Dirijo-me ao frigorífico, abro-o, olho lá para dentro e retiro um iogurte, já devidamente munido da colher apropriada, como-o.