8 de março de 2013


Naquele tempo, um manto híbrido envolvia a voz por teias lançadas, imaginavam-se imagens, a miséria sincopava a fome que tudo devastava à sua passagem, e, entretanto, o mundo girava como se fosse um todo.

O escrutínio, por silenciosas sílabas do pensamento em face, chega, imenso como a construção dos anos, e escrevinha o vazio em teorias do imediato.

O sonho acorda ao som dos cânticos desgarrados, (assembleia de gritos repentinos, imagem do sequestro social), e ignora, por certificado que seja, qualquer fim de conjunto. Valha-nos o são atencioso das garrafas, digo já, antes que seja um nunca mais acabar.

6 de março de 2013


Nesse dia acordara um pouco tarde, a noite decorrera agitada, violenta. Bom, nada de grave, afinal, ainda havia bastante tempo. E foi só por voltas do crepúsculo que compreendeu - tinha adormecido demasiado cedo.

Desolado. E também lamento o reforço industrial do léxico. Nem toda a convulsão é assim tão intensa assim como nem todas as elocuções padecem dessa intenção. Esse fátuo das máscaras. É ambíguo o deixar cair das falas inaudíveis. E são tantas as maneiras das setas da velha discórdia, da lava que escorre. Ignora ao que vem como quem se vaga das decadências, como quem tira o seu proveito. Impera, mas nem lhe passa o paradoxo.

5 de março de 2013


Da frase feita a dirigir a culpa do petiz, notai-o bem, em quanto se assemelha, ao mais austero semblante, de quando o rei vai nu, distraído.

4 de março de 2013


A montanha grita os ecos do vale e sobe um bafo da terra em palavras de seiva, os malabaristas do fogo rodopiam lá de cima, está na hora do discurso – é ainda tão cedo e já não há nada a dizer.

3 de março de 2013


Um pátio deserto e cinzento. É com certeza o inverno este lugar. Outra circunstância. Um terminal desolado aguarda o fim da noite que, enquanto passa, desespera qualquer coisa. Alguma vez se viu noutro assim? Consta que um rei, só por isso, colapsou.

O acordar faz ressaltar da rocha um contraste que perdura - é bom sair pela noite adentro encharcado, as ruas têm, nessas horas, um sabor melancólico a inolvidáveis desertos.

2 de março de 2013


À falta de quê permanece, (como iguaria apetecível), o invisível tomado fora do seu domínio: canto da madeira em terrenos do estômago quase voraz (limitado na sua capacidade) que volteia o anunciado trajar primaveril.

Para lá do mar, e ainda para lá do mar do mar, repousa o sono perpétuo das circulações humanas, aborrecido, assenta os pés na terra monumental, que um dia, a crescente vegetação esquecerá.

Em termos de silêncio geral obviamente, um singular som do castelo outrora.