brilha no telhado
um pardal intermitente
e alado se faz
ninguém
de estar num segundo
Do crepúsculo
por entre as ruínas
daquela reflectida imagem
crepuscular
e quase de noite
pulsam restos de fogo e de calor
que rodopiam verdadeiramente
8 de agosto de 2018
esotérica da opacidade: o dizer vive de ser dito e cada palavra é máscara de uma outra palavra
De madrugada
incolor silêncio de filigrana
antiga lei sussurra de orvalho
a manhã num esquecido vapor
sobe a causa do aborrecimento
por meio de uma voz cantada
7 de agosto de 2018
se tens de chegar a tudo isso
pelo menos que seja para sempre
retrato do tempo em partes de tempo
algumas linhas
de citadino recorte
contrastam primeiro
o movimento dos transeuntes
que chegam
depois aquelas nuvens passam
povoadas da sugestão
dos outros momentos possíveis
4 de agosto de 2018
ao circular cedinho de manhã
como que se fazia um parecer de terra queimada
e seca de pormenor
e alegoria e os seus veios chamar-se-ão
doravante o caído fruto
daquele pensamento que se situa entre a disposição
e a origem da palavra torre e de memória
Uma mão
de distante valor
em volta marca de espelho
os ajustados corpos
das palavras produção
de metais de sentido
entranha e corta, outra vez…
3 de agosto de 2018
acorda o dia
em trinados de passeio
e comovido sentido
nas imagens dos violinos
pungentes crescendos
de despertos dedilhados
em cadências de azul
porém de uma melancolia ligeira
2 de agosto de 2018
Uma lágrima sustenta
o escorrer interior
da face no seu caminho
e desconhecida se deixa
olhar que houvera
dos silenciosos suspensos
dias de nós sussurrados