29 de dezembro de 2018


um dizer de fundo
que em superfície pertence
a uma certa insinuação
das coisas leves
contra faz o que dissera
em que se diz
e introduz como que contente

28 de dezembro de 2018


dizia que o que o faz
não será só seu mas mantém-se
como que disseminado
numa fruta a falar do tempo
que afinal acompanha
de um calafrio o quê se pudesse assim
metaforizar devagarinho
pertenceria marca
depressa ao que se quer dizer
pois chama demasiado
mas passa depois numa sensação
de contente aqui fruta
que ressoa no ar em fundo de calor

27 de dezembro de 2018


de noite acima sentido
supunha uma figura
em calorosa sucessão
que qual diluída fronteira
de pedra cor
por ter mais sugeria
que de dentro partia
e desfeita ao que nos liga
será no seu lugar
a correspondente vibração
daquilo que
numa sombra cega se recebe

26 de dezembro de 2018


entrecruzados no peito
flutuavam dedos inscritos
sem rasto nas imagens
e como que numa expressão
de devaneio os demos
à vista de todos
largados por respirar
naquela parte que nos liga
a um outro adormecido
desperto de nada sentir
no mundo que não seja
o respirar que se sente

22 de dezembro de 2018


por agora posto
o que em cor se cai
não chega
ao ser que se sente
mas mais ou menos ressoa
duplamente sonoro
e reveste-se
como que suspenso
e assim baixa em condição
nessa mesma terra

21 de dezembro de 2018


do qual destino
em miseração de cuidado
sempre se levanta
o altíssimo tingir de um rubor
vermelho
que qual lembrança
do ir mais além
de nota de cada gesto
aquilo que de certo se concebe

20 de dezembro de 2018


esqueceu-me o pensamento
em termos de presente
como se encadeasse
a chamada da caligrafia
nas desapossadas sílabas
que entusiasmadas o diziam

19 de dezembro de 2018


recolhido à satisfação
de uma aparência
o de terminado gesto passava
ao de leve
como se algo de condimentado
nos tocasse
em expectativa de valor
e assim dissesse que
mostrar-se-ia acompanhado de presença

18 de dezembro de 2018


falta de sentido
a circunstância do gesto
que sente-se
no pão
em movimento
de uma singular narrativa

17 de dezembro de 2018


avista-se
do alto da ladeira
(n)uma cor sombria ao longe
na estrada os dias e os tambores
em silêncio agitados
recortam no tempo a morte
que nos leva
em sibilante missiva