31 de janeiro de 2020


de sobre olhar
a noite ao fim do dia
castanho uma sombra
no tangível corpo
a cada voz melancólica
contornava nos ossos
a passagem das horas
que o objecto disposto
por linhas de uma cor
ao acaso esvaía marcado
o interlúdio de fundo
daquilo que ficava
qual distância por entre
a luz num cerebral
traçado das órbitas
que passavam no percorrido
peito que assim gelava
na sincopada pele exausta
um sopro de calor
regressava ao recanto
da memória qual lugar
do corpo aí permanecia
em lapidar mudança
no tempo recomeçava
o parecer da forma
nas madrugadas
de um pensamento
que sonoro permanece
qual oblíqua sombra
daquele olhar defronte
a algo de uma linha
fixa que assim não fica

30 de janeiro de 2020


qual oblíqua sombra
do olhar defronte
a algo de uma linha
fixa que não ficava

29 de janeiro de 2020


não tomara de ocaso
o parecer daquela visão
que como que deixava
o tempo partido
nos corpos a hora recomeçava
dessa mesma imagem
das madrugadas
num pensamento sonoro

28 de janeiro de 2020


qual sopro de calor
ao recanto gelado
da memória no regresso
o lugar do corpo
aí permanece
em lapidar mudança

27 de janeiro de 2020


o olhar como que passava
das órbitas ao peito
percorrido em circular suspenso
na sincopada pele exausta

25 de janeiro de 2020


o objecto disposto
de cor em linhas
de acaso esvai
na fronteira o marcado
interlúdio de fundo
que fica qual distância
por entre a luz
a cerebral traçado

24 de janeiro de 2020


de sobre olhar a noite
ao fim do dia castanho
uma sombra por luminosos
lapsos de qual imagem
contorna nos ossos
a passagem das horas
do qual tangível corpo
em cada voz melancólica

23 de janeiro de 2020


o lugar é feito
da primeira vez antes
de qualquer palavra
qual emergir de um estranho
fundo que em si recebe
o pulsar dos mundos
e a qualquer momento se marca

22 de janeiro de 2020


de nada se tira
uma qualquer coisa
que dizer se sucede
e revestida de expressão
se ressente numa forma
consigo ao cair se deixa
na inversa posição
do mais antigo silêncio
que trabalho de fazer
se ao instante retoma
nas partes da palavra
aquilo que passa
por qualquer sentido
a um dizer de fundo
nas desfeitas palavras
do lugar do costume
que assim desabituado
poderia vestir
de qualquer palavra
mas como se das palavras
apenas o hábito chega

21 de janeiro de 2020


como se –
cintilado de verdade –
tudo estivesse
no ritmo e na forma
de uma atenção surpreendida
estranhava o desacerto
de si que corrigia potencial
sentido ao lugar
suspenso de uma chama
e a coberto de alguns preenchidos
traços compartia
daquilo que se sente
indicado a um outro
plano da palavra
qual ressentido sinal da figura
que se parasse
para pensar marcaria
o reconhecido pensamento
daquilo que se toca
e de sentir se faz
num gesto por fazer sentido