O simbólico é o que põe termo ao código da disjunção e aos termos separados.
É a utopia que põe termo aos tópicos da alma e do corpo, do homem e da natureza, do real e do não real, do nascimento e da morte.
Na operação simbólica, os dois termos perdem o seu principio da realidade.
Mas o principio de realidade não é mais do que o imaginário do outro termo. Na partição homem/natureza, a natureza (objectiva, material) é unicamente o imaginário do homem assim conceptualizado.
Na partição sexual masculino/feminino, distinção estrutural e arbitrária que funda o principio de “realidade” (e de repressão) sexual, a “mulher” assim definida nunca passará do imaginário do homem.
Cada termo da disjunção exclui o outro que se torna o seu imaginário.
Assim acontece com a vida e a morte no sistema em que nos encontramos : o preço que pagamos pela “realidade” da vida, para a viver como valor positivo, é o fantasma contínuo da morte. Para nós, vivos assim definidos, a morte é o nosso imaginário. Ora, todas as disjunções que fundam as diferentes estruturas do real (...) têm o seu arquétipo na disjunção fundamental da vida e da morte. Eis porque, seja qual for o campo de “realidade”, cada termo separado, para o qual o outro é o seu imaginário, é assediado por este como pela sua própria morte. (...)
Jean Baudrillard ; A troca simbólica e a morte ; ed.70