“As corporações são o materialismo da burocracia e a burocracia é o espiritualismo das corporações. A corporação é a burocracia da sociedade civil ; a burocracia é a corporação do Estado. Assim, opõe se na realidade, como “sociedade civil do Estado” ao “Estado da sociedade civil”, isto é, as corporações. Onde a “burocracia” for o novo principio, o interesse genérico do Estado começa a converter se num interesse “à parte” e, por conseguinte, num interesse “real” que luta contra as corporações do mesmo modo que toda a consequência luta contra a existência dos seus pressupostos. Por outro lado, quando desperta a vida real do Estado e a sociedade civil se liberta das corporações levada por um instinto natural próprio, a burocracia tenta restabelecê-las, pois se se dissolve o “Estado da sociedade civil” cai igualmente a “sociedade civil do Estado”. O espiritualismo desaparece com o seu contrário, o materialismo. A consequência luta pela existência dos seus pressupostos quando um novo principio luta não contra a existência mas sim contra o principio dessa existência. Logo, quando é atacado o espírito da corporação, também o é o espírito da burocracia ; e se esta combatia anteriormente a existência das corporações a fim de efectivar a sua própria existência, procura agora salvaguardar tenazmente a existência das corporações para salvar o espírito corporativo, o seu próprio espírito.”
K. Marx ; Crítica da Filosofia do Direito de Hegel – Presença.