31 de março de 2010

Dissemelhança.

Um rosto – "sósia".

Uma porta que se abre,
um movimento,
os suspensos olhos num
segundo, o outro lado
do olhar, a surpresa atenção
mantém do rosto, os fixos
olhos nesse instante.

Suspensa continuação do movimento maquinal. O efeito é tido no contratempo que deixa-se ficar balanceado (simultaneamente) na continuação. Daí o efeito de tensão muscular. Representa o contraponto.

O baixar de pálpebras,
a comissura, levemente.

A significação da memória encontra o seu fim aberto no movimento suspenso da semelhança extraordinária. Esta produção da memória inicial, assim sobreposta, é racionalização da “liberdade”, da imagem, como um “afinar das causas”. É como afecto da sobreposta imagem que liberta do afecto e da imagem, numa sobreposição.

E não é que esta distância esteja propriamente no tempo mas antes na produção e vivência do desdobramento da imagem, na sua repetição, no momento, na suspensão.

Já não é memória, mas criação de memória.

- Peço desculpa, estava distraído.
- Olá. Recordo-me. Confesso-me curiosa.
- Sim, é de facto uma semelhança extraordinária, um conhecimento vago no entanto, não distante ou longínquo, apenas vago.
- De qualquer forma.
- Sim, não.
- (Sorriso).