7 de abril de 2010

Fonte antiga.

Na base da rocha cerrara-se o animal aos gritos e sinais da vigia. Sobre a nascente caíra a sombra de um poder velho.

o coração persiste,
a mais alta fonte,
no dia selvagem,
caminha sombras,
ramadas da noite,
faz-se ao artifício
da lama e segue,
em silêncio,
ao nascer do dia,
o cair das águas,
(olhos em volta do silêncio),
a semelhança presente,
no antigo lugar,
do apelo entre as rochas,
as ligas fendidas,
da cega memória
dos aterrados dias,
funda ausência,
por muitas eras,

(estilhaços por toda a carne)

e no cego momento
da luz tão perto,
erguido dessa lama,
ao repente da força,
o correr do enlace,
aos lagos torrenciais,
nas paredes de cristal,
a encerrada imagem,
golpe da vida,
em clamor mais fundo,
jorra-lhe a fúria,
no corpo incendiado,
e na margem, exausto,
repousa o peito,
um instante junto,
que fica a respiração,
na funda imagem
dos poços e fontes.

Bocados da carne atirados em valor – cães - tomados por constelações aos cimos da terra antiga. Descansa o seu corpo na imagem, carne e lama, a violência rasgada, assim.