21 de dezembro de 2017


O viajante e a cotovia melancólica

Do planalto à memória
Torres o lamento ecoam
Por maneiras de seda
E naquela presença vivaz.

(nota introdutória)

Uma vez que a distância não cessa de aumentar insuflada daquele pormenor quase oculto que sopra na terra o primeiro a partir, do segundo aqui se faz menção numa pesarosa porcelana que da palavra convoca o impassível modelo de uma certa porém multifacetada espécie.

(introdução)

Era para todo o sempre celebrada a substância e nunca será por demais repeti-lo pois o tempo anuncia algo de bom que com certeza esparso e preciso vagabundeia nas artérias que a rodeiam de instante e surpresa.

O viajante e a cotovia melancólica

Era quase indiscernível que sussurrava o caminho imerso em pensamento elevado quando subitamente o atingiu o terror da sombra azul que qual suspensa imagem lhe desvelou por assim dizer as variadas sensações de estabilidade e flores bonitas que vieram encontra-lo metaforicamente submerso nas ramagens frondosas ramagens estas que acima quase impercetivelmente se agitavam de ventura e som e desciam ao coração do viajante que num (exclamativo) gesto de pronto então concebeu o terror concebido dos seus lábios para depois submergir naquela máxima que enlanguesce em mananciais de inspiração pura e finalmente imbuído daquele sentimento das alturas por assim dizer exclamou:

Pertence-te!

E ao sol emergiu num dourado que tinha de tudo e declamou arguto:

Delicada razão
Essa que te assiste
E da tua graça
Em verdade estas palavras
Não podem deixar
De sentir a comoção
Na violácea fronte
Qual rasgo pela montanha
Abaixo naquela voz antiga
Que de ternura
Encanta e vem repousar
Nos cabelos ao amanhecer
Tardio que invade
Os lassos membros
Das fragrâncias da magnólia.

Dito isto sentiu imediatamente a melancolia da cotovia que a si chamava a beleza da paisagem e numa palavra de delicado sentimento (que nunca esquecera) e também não desprovido de uma certa elegância singelou num suspiro o pensamento interior que derramado em essência entoou assim na montanha:

A cotovia não para nas ramadas da ramagem!

E do arbóreo odor em volta se assegurou o olhar por momentos e dormiu um sono bom enquanto em volta o silêncio permanecia nos embevecidos lábios qual antigo cetim que tingido de terra então lhe ocorrera outro dia:

De prosaicas melodias palpita a madrugada em face da maravilha! - Rejubilou consigo.

Reconsiderou depois de imediato aquela determinada passagem de uma íntima canção que em celebração da flor (aquando do primeiro momento) em prazer despontara naquele obscuro recanto e em frémito percorrera o distante e burlesco sentir naquela difusa língua do sentimento e da ligeira emoção.

Tempo. Fria manhã depois. Um frenesim de sinais na paisagem.

Languidamente estendeu-se na sonora composição da pele e do rosto e nas mãos chegou por fim (qual espelho do momento) àquela indistinta forma estranho e compassado

De verde olhar de nome aceso

Pois finalmente lembrara aquela melodia baixo e silencioso (como que adormecido) de imagem que no corpo em rubra carne se faz ao despertar do sangue uma vez estival do esplendoroso ornamento e lho canto em fragrante sinal do tempo incolor agora.

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