30 de julho de 2019


Do outro

chegar-te em silêncio
que fazes versos
preenchido num salto
de cor adentro
as idades num gesto
adiadas a cada minuto
nas ruas em silêncio choram

seguir-te-ia recentemente
mas apenas até um certo ponto da palavra
que de fronte se apresenta
canto que não seria motivo para tanto
e não quer dizer o mesmo
que lançado das palavras se conceda
naquela voz em que a sorrir te partes
não sei de que peso te leve em lacerado ritmo

eu cá por mim esperava mais pela noitinha
que perto chegasse e então acompanhar-te-ia
em silêncio a noite parece um rumor
que a cada dia em promessa chega renovado

e caminhas no entanto esquecido
por entre as máscaras que em volta te habitam
enquanto passas no teu passo
que parece lento o acompanhar-te envolto
não sei de quê cansou-me
de estar num gesto a presença das coisas
que assoladas soam
nos recomeçados restos de uma luz ao longe
a chuva nos teus passos pisava
e regressaria em presença ao trepidante leve
sinal em que caminhas
cada gesto da silente agonia que passava
nos teus olhos como um respirar
daquele não sentido a um pensamento contigo

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