20 de fevereiro de 2020


ocorriam palavras de interlúdio
suspensas numa imagem de inverno
que ao extremo da temperatura
consolavam de si o olhar complicado
em parcial representação da espécie
de um sorriso que se faz pudor
naquela imediata forma de afinidade
que aparece encadeada numa infinidade
de fragmentos de palavras

era o que pensava então comprometido
a uma frequente falta de motivação de não chegar-se
e ao tempo ia ficando como que desligado
de qualquer pensamento ou sentimento que não estaria
para grandes travessias e assim abrigava
nas mentes mais preparadas dos conotados novos tempos
aqueles velhos ritmos das palavras que acima passavam
ao modo da composição mais variada
do sangue e das palavras quais que não seria essa
a hora mais apropriada de as reconhecer
daquilo que prosseguia do reflexo numa abertura
para a qual não se reconhece ainda
um qualquer ponto mais demorado em qualquer ideia
que sem fio ficasse na palavra escrita
daquilo que aparece e soa ridículo
acelerava ao acaso as pensadas palavras em circulação
nas avenidas de entre o hoje e o amanhã das fontes perdidas
que malfadadas de um grito em sono profundo
de tudo aquilo que emergia como algo
em solfejo das comerciadas palavras da história exaustava
as entranhas ao ritmo da parte perdida
o que dependendo de como se lê nas coisas estiliza
tudo aquilo do qual se possa fazer atenção
numa prosa reconhecida por meio de algumas monótonas
palavras penetra o vazio de todas as ideias
como se ao progredir centrifugasse o permanecido
peso dos objectos vazios que persistiam
da sombra perturbadores numa qual amálgama
do pensamento mais desligado das palavras
abria ao lado uma janela musical de sono em perfeita
metáfora e daí observava que faltavam as palavras
que rodavam indiferentes aos sonoros espaços
de algumas linhas transversais nos ascendentes rostos

que ao canto das sebes
nas tardes desabitadas
dos dias de inverno
e por sumas do sangue
como que distinguiam
a traço alado na terra
os sonolentos saltos
de uma sombra de nada
aos campos lunares

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