An.
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do
estado
corre
o erguer
que tolda o magnífico véu s,
os rasgados recortes ;
como :
afoito do grotesco a ressurgir em comédia,
ou anómala música da locação que escapa,
diz se, mais e regressa nunca aposto ou talvez,
como mil figuras ou toldado das canções,
que esgotam se aos olhos, do espanto que falece, diz.
12 de agosto de 2008
Baudrillard.
O simbólico é o que põe termo ao código da disjunção e aos termos separados.
É a utopia que põe termo aos tópicos da alma e do corpo, do homem e da natureza, do real e do não real, do nascimento e da morte.
Na operação simbólica, os dois termos perdem o seu principio da realidade.
Mas o principio de realidade não é mais do que o imaginário do outro termo. Na partição homem/natureza, a natureza (objectiva, material) é unicamente o imaginário do homem assim conceptualizado.
Na partição sexual masculino/feminino, distinção estrutural e arbitrária que funda o principio de “realidade” (e de repressão) sexual, a “mulher” assim definida nunca passará do imaginário do homem.
Cada termo da disjunção exclui o outro que se torna o seu imaginário.
Assim acontece com a vida e a morte no sistema em que nos encontramos : o preço que pagamos pela “realidade” da vida, para a viver como valor positivo, é o fantasma contínuo da morte. Para nós, vivos assim definidos, a morte é o nosso imaginário. Ora, todas as disjunções que fundam as diferentes estruturas do real (...) têm o seu arquétipo na disjunção fundamental da vida e da morte. Eis porque, seja qual for o campo de “realidade”, cada termo separado, para o qual o outro é o seu imaginário, é assediado por este como pela sua própria morte. (...)
Jean Baudrillard ; A troca simbólica e a morte ; ed.70
É a utopia que põe termo aos tópicos da alma e do corpo, do homem e da natureza, do real e do não real, do nascimento e da morte.
Na operação simbólica, os dois termos perdem o seu principio da realidade.
Mas o principio de realidade não é mais do que o imaginário do outro termo. Na partição homem/natureza, a natureza (objectiva, material) é unicamente o imaginário do homem assim conceptualizado.
Na partição sexual masculino/feminino, distinção estrutural e arbitrária que funda o principio de “realidade” (e de repressão) sexual, a “mulher” assim definida nunca passará do imaginário do homem.
Cada termo da disjunção exclui o outro que se torna o seu imaginário.
Assim acontece com a vida e a morte no sistema em que nos encontramos : o preço que pagamos pela “realidade” da vida, para a viver como valor positivo, é o fantasma contínuo da morte. Para nós, vivos assim definidos, a morte é o nosso imaginário. Ora, todas as disjunções que fundam as diferentes estruturas do real (...) têm o seu arquétipo na disjunção fundamental da vida e da morte. Eis porque, seja qual for o campo de “realidade”, cada termo separado, para o qual o outro é o seu imaginário, é assediado por este como pela sua própria morte. (...)
Jean Baudrillard ; A troca simbólica e a morte ; ed.70
11 de agosto de 2008
O Aviador prevê a sua morte.
Sei que encontrarei o meu destino
Algures entre as nuvens no alto;
Eu não odeio a quem combato,
Aqueles que eu guardo eu não amo.
A minha terra é na margem do rio,
A minha gente é pobre na margem do rio.
Não há fim que lhes faça perda
Ou assim os venha alegrar.
Estadistas, multidões de ensurdecer,
Nem lei nem dever me fizeram bater ;
Um solitário impulso de delícia
Trouxe-me a este tumulto nas nuvens ;
Tudo considerei, tudo fiz consciente.
Os anos vindouros viam-se vãos de alento,
Vãos de alento eram os anos antigos ;
- em balanço com esta vida é esta morte -.
W.B.Yeats- “The Irish Airman Foresees his Death” - Tradução livre.
Sei que encontrarei o meu destino
Algures entre as nuvens no alto;
Eu não odeio a quem combato,
Aqueles que eu guardo eu não amo.
A minha terra é na margem do rio,
A minha gente é pobre na margem do rio.
Não há fim que lhes faça perda
Ou assim os venha alegrar.
Estadistas, multidões de ensurdecer,
Nem lei nem dever me fizeram bater ;
Um solitário impulso de delícia
Trouxe-me a este tumulto nas nuvens ;
Tudo considerei, tudo fiz consciente.
Os anos vindouros viam-se vãos de alento,
Vãos de alento eram os anos antigos ;
- em balanço com esta vida é esta morte -.
W.B.Yeats- “The Irish Airman Foresees his Death” - Tradução livre.
.quando no quarto branco ...
Quando no quarto branco da charité
acordei de manhã,
e ouvi cantar o melro
entendi muitas coisas.
Havia muito que a noite não temia
por saber que nada mais me faltaria
se eu próprio me faltava.
E nesse instante cheguei a alegrar-me
até com o canto dos melros
após a minha morte.
B.Brecht
acordei de manhã,
e ouvi cantar o melro
entendi muitas coisas.
Havia muito que a noite não temia
por saber que nada mais me faltaria
se eu próprio me faltava.
E nesse instante cheguei a alegrar-me
até com o canto dos melros
após a minha morte.
B.Brecht
6 de agosto de 2008
31 de julho de 2008
Tutuguri - O Rito do Sol Negro.
Em baixo
por baixo da inclinação amarga
e cruelmente desesperada do coração
abre se o círculo das seis cruzes
três em baixo
encrustados na terra mãe
desencrustados do abraço imundo
da mãe que baba se.
A terra do carbono negro
é a única locação húmida
nesta fenda escarpada.
O rito é o novo que o sol passa por sete pontos antes de eclodir no orifício da terra.
E existem seis homens,
um por cada sol,
e um sétimo homem
que é o sol completamente
crú,
vestido de negro e carne vermelha.
Este sétimo homem
é um cavalo,
um cavalo guiado por um homem.
E é o cavalo
o sol,
não o homem.
Sobre o rasgar dum tambor
e de uma longa fraudulenta música
estranha
os seis homens
que deitados estavam
girados a terra rasa
jorram sucessivamente como girassóis,
não propriamente sóis
mas solos giratórios
dos lótus de água,
e a cada jorrar
corresponde o gongo cada vez mais sombrio
e reentrado
do tambor
até que de repente vê se chegar a galope
de vertiginosa velocidade
o último sol,
o primeiro homem,
cavalo negro
com homem completamente nu
e virgem
sobre si
que tendo saltado avançam seguindo meandros circulares
e o cavalo de carne em sangue
atira se
a voltear sem parar
ao cume do (seu) rochedo
até que os seis homens terminem de marcar
(completamente)
as seis cruzes.
O Tom maior do Rito
é
precisamente
A Abolição Da Cruz.
E tendo terminado de girar
enxertam
as cruzes da terra
e o homem nu
a cavalo
arvora
imenso ferro
a cavalo
que temperou na incisão do (seu) sangue.
Antonin Artaud ; Pour en finir avec le jugement de dieu ; 1948 ; Oeuvres.
por baixo da inclinação amarga
e cruelmente desesperada do coração
abre se o círculo das seis cruzes
três em baixo
encrustados na terra mãe
desencrustados do abraço imundo
da mãe que baba se.
A terra do carbono negro
é a única locação húmida
nesta fenda escarpada.
O rito é o novo que o sol passa por sete pontos antes de eclodir no orifício da terra.
E existem seis homens,
um por cada sol,
e um sétimo homem
que é o sol completamente
crú,
vestido de negro e carne vermelha.
Este sétimo homem
é um cavalo,
um cavalo guiado por um homem.
E é o cavalo
o sol,
não o homem.
Sobre o rasgar dum tambor
e de uma longa fraudulenta música
estranha
os seis homens
que deitados estavam
girados a terra rasa
jorram sucessivamente como girassóis,
não propriamente sóis
mas solos giratórios
dos lótus de água,
e a cada jorrar
corresponde o gongo cada vez mais sombrio
e reentrado
do tambor
até que de repente vê se chegar a galope
de vertiginosa velocidade
o último sol,
o primeiro homem,
cavalo negro
com homem completamente nu
e virgem
sobre si
que tendo saltado avançam seguindo meandros circulares
e o cavalo de carne em sangue
atira se
a voltear sem parar
ao cume do (seu) rochedo
até que os seis homens terminem de marcar
(completamente)
as seis cruzes.
O Tom maior do Rito
é
precisamente
A Abolição Da Cruz.
E tendo terminado de girar
enxertam
as cruzes da terra
e o homem nu
a cavalo
arvora
imenso ferro
a cavalo
que temperou na incisão do (seu) sangue.
Antonin Artaud ; Pour en finir avec le jugement de dieu ; 1948 ; Oeuvres.
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