11 de janeiro de 2013
Um amontoado de cinzas sucumbe esta noite ao cabo iluminado.
Os dedos da mão alcançam aros de bronze na chama adormecida.
Pousam silêncios por sobre as folhas em branco
E os veios da madeira cravam sinais de um outro tempo
Como foram livros permitidos, desassossegadas paredes.
Ao longe, apaga-se o brilho e cerram-se os dentes.
Não chegará ao seu destino o ribombar das artérias, esta noite.
O corpo não cessa forte ao declinar dos azuis
Como um mar de eclipse que avança o torrencial das nuvens
Arremetidas aos clássicos da definida forma vitral
Que, por divagado sonho, faz do pó promessa derramada.
O gesto envolve a sombra do corpo em carícia.
Como se chegara a razão do prazer.
6 de janeiro de 2013
Na fila.
Uma mulher conta na mão o preço indicado pela funcionária de serviço a duas latas de grão, feita a transacção, e enquanto ensaca as duas latas de grão, diz:
- É que Eles agora dizem que temos de beber muita água e de comer muito grão.
A fila esboça um sorriso silenciosamente cúmplice – talvez uma nova descoberta da ciência nutricional, supõem …
Enquanto vai ensacando as duas latas de grão a mulher justifica a (aparente) falta:
- É que por enquanto a água é da torneira, enquanto for permitido, claro.
O silencioso sorriso da fila transforma-se como que em ranger dentífrico, tenso e distenso, simultaneamente.
Já na posse do saco contendo as duas latas de grão despede-se a mulher:
- O que nos consola, é que também Eles morrem.
A fila continua silenciosamente a sorrir, mas este sorriso, que segundos atrás era sóbrio, subtil, surge agora nos lábios da mesma como se fora uma espécie de celebração … digamos assim.
5 de janeiro de 2013
4 de janeiro de 2013
20 de dezembro de 2012
26 de outubro de 2012
Entanto uma tal voz,
embaraçada em estado desenlaça,
numa rota ou dois a um fim,
o assentar racional da razão,
animada das velhas artes da matéria,
(que o valha),
segue a pulso uma escolha,
de imposição imagética,
que desperta o dizer do estupor,
ao pensamento dos tectos,
e num belo eco do lugar,
(entretanto dizia),
a notação do sucesso gestual,
no suposto ponto aplicado,
ao rasgo insolente do caos,
que por defeito acto, guarda,
(entre o odor da terra
e a disposição plástica),
o próprio efeito da razão
como se objectivasse o sentir
do caminho, vago e desvanecido.
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