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22 de fevereiro de 2020
21 de fevereiro de 2020
ainda posso
mas apenas desta vez
afinal para que serve
essa continuada luz enquanto
daqui me levo
ao que não faz assim tanto tempo
mas creio que percebo
não tanto aquilo que deve ser
como o que fica como se fosse
o olhar de uma vigilante
impressão que nota e continua
o tempo a olhar para dentro
antes de qualquer consigo
em cegueira e agora esquecido
dos melhores dias que já passaram
esperava mas sem dizer
o movimento dos braços
que excessivamente agitados
olhava de imediato
e no entanto que estar
imperturbado e quieto
naquela recordação
de uma cor não coincidente
a uma dor de qualquer coisa
das imagens antigas
que bruscamente do outro
lado acusa de nada
de seu olhar de uma mesma
luz bassa e amarelada
que se atravessa ao momento
e depois destronada
confirma na mesma voz
a adivinhada imagem
de um sentido contrário
que ficava no que parava
qual impressão de um contratempo
de cor que parece
o mesmo e agora continua
mais de perto para ser
visto que atravessa
o lugar não propriamente
daquilo que confirma
um certo interesse
de azul neste caso
de qual imagem daí composta
desfalece o interesse
agora mais revelado
que de perto ficava
na mesma impressão de
uma outra imagem antiga
20 de fevereiro de 2020
ocorriam palavras de interlúdio
suspensas numa imagem de inverno
que ao extremo da temperatura
consolavam de si o olhar complicado
em parcial representação da espécie
de um sorriso que se faz pudor
naquela imediata forma de afinidade
que aparece encadeada numa infinidade
de fragmentos de palavras
era o que pensava então comprometido
a uma frequente falta de motivação de não chegar-se
e ao tempo ia ficando como que desligado
de qualquer pensamento ou sentimento que não estaria
para grandes travessias e assim abrigava
nas mentes mais preparadas dos conotados novos tempos
aqueles velhos ritmos das palavras que acima passavam
ao modo da composição mais variada
do sangue e das palavras quais que não seria essa
a hora mais apropriada de as reconhecer
daquilo que prosseguia do reflexo numa abertura
para a qual não se reconhece ainda
um qualquer ponto mais demorado em qualquer ideia
que sem fio ficasse na palavra escrita
daquilo que aparece e soa ridículo
acelerava ao acaso as pensadas palavras em circulação
nas avenidas de entre o hoje e o amanhã das fontes perdidas
que malfadadas de um grito em sono profundo
de tudo aquilo que emergia como algo
em solfejo das comerciadas palavras da história exaustava
as entranhas ao ritmo da parte perdida
o que dependendo de como se lê nas coisas estiliza
tudo aquilo do qual se possa fazer atenção
numa prosa reconhecida por meio de algumas monótonas
palavras penetra o vazio de todas as ideias
como se ao progredir centrifugasse o permanecido
peso dos objectos vazios que persistiam
da sombra perturbadores numa qual amálgama
do pensamento mais desligado das palavras
abria ao lado uma janela musical de sono em perfeita
metáfora e daí observava que faltavam as palavras
que rodavam indiferentes aos sonoros espaços
de algumas linhas transversais nos ascendentes rostos
que ao canto das sebes
nas tardes desabitadas
dos dias de inverno
e por sumas do sangue
como que distinguiam
a traço alado na terra
os sonolentos saltos
de uma sombra de nada
aos campos lunares
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