9 de junho de 2008

Olhos negros.

Tu, és a profundidade de todos os cumes.

F.Nietzsche.



Obscuro norte desce em torrente s que toma da matéria
a condição, gélida, total e indivisa
que insinua a escura face em momento que estranha-se,
alinha e é quando assinala o sitio
originário, à afecção do marcar,
irromper da presença junta
como eterna tirania que fica no aconchego da elevação.

Local que foge
e permanece em presença móvel do estupor,
que toma o afecto em paradoxo
e o agarrar do movimento que é a ela,
aos olhos
que suspeita-se a toda possibilidade
de ser,
de estar
e estaca-se perante o que busca,
que nota o espanto,
o tão grande apelo, excuso
difuso do corpo magno,
inquieto
na carne que devassa se em pergunta
pelos olhos
da inquietação, que transcende se desse sentido
e por vezes julga o sentir,
como esclarecimento na luz,
negra,
que surge,
como se do coração tratara.

Pusesse ao sabor o sentimento indizível
que furta se a deixar o que acirra,
em marcação da carne,
carne aposta a carne
que faz se espanto,
onde não há cintilação,
cume que marque em desejo
a silenciosa presença que agarra
do fundo,
profuso umbilical cordão negro
suspeitado.

Imenso sentido que deixa estar da insinuação invisivel,
contempla angústia que move
e dos profundos olhos irrompe num instante
que se tem, fora de qualquer espaço,
invade os campos aos olhos que questionam,
sua inatingível face
que engana, precipita
em furtivo permanecer que excede de dentro do olhar,
busca os seus olhos
que tudo precedem em atavio inquieto,
negro
gelo que conforta,
dilacera o olhar marcado,
híbrido,
move o que olha ao abismo,
fende e deixa condição
de dor,
urgência.

Inevitável escolha que funda se
do desvelo nocturno, cobre em verdade
e fere o sol do desejo no caminho
que surge ao dia dos regatos festivos,
como estrela da manhã que substitui se em acção,
doce
ao sabor furtivo dos olhos negros.

Como imagem acertada do desejo
na arte dos cumes cintilados,
dão se o fazer de ilusão
por tépida languidez do que é determinado,
como mesmo, que faz se artifício da luz
e desponta nas manhãs
que dão se ao acto,
da cidade, o prazer híbrido,
húmido
êxtase fugaz
por civilidade que deixa memória
nos olhos cheios, da ausência que fica.

O sentido de tudo isto que passa
faz se ao olhar que não têm certeza,
frenesim que não deixa
descanso a antes dos olhos.

Ilude no mesmo em desacerto que revela
e deixa na manhã,
nervo que transforma em sentido agitado
o regresso aos olhos do absurdo, que é fora
do alcance e força o revelar,
no atirar da manhã
que reflecte a verdade aos olhos que passam
além do olhar negro, impregnado,
que toma todo corpo
e toda a carne fora do espaço posto
por ti, ao surgir que faz se alinhado
no olhar que já não vê,
que apreende o misto da surpresa,
estranho teu olhar ausente,
que dá termos, ao olhar e já não olha ao instante
e deixa no passar, do olhar que toma
a informar a forma fugaz,
externa,
ampla,

Como mesma imagem que preenche
e fita o esclarecer paralelo,
passa de um movimento
que cala fundo na cor do favor,
dos olhos que internam
e já não são olhar,
a ti.

Este frio que revela
inatingível o faz, não olhar
agora que divides te, e cobre,
deixa se em preencher corte que liga
e desliza dos olhos insinuados,
que trazem olhar feito, às vias inversas
e o gelo na ausência dos olhos,
que revela, em ser e é isto que passa
e não és, o que jorra extenso, ilusão
ao abrir à imagem que são olhos,
e dá se, da ausência que toma,
que é, não isto ou aquilo antes tu.