24 de setembro de 2008

Artaud - Fiz um sonho excessivo.

Eu era um tronco lamentavelmente cerrado entre o ferro do sangue e a chave da compressão que faz árvore, era, portanto, esta árvore de sangue jorrado da volta extrema da minha chave. – E avançava no imenso mim mesmo quando compreendi que não avançamos em si mas em parte nenhuma, e que o eu é esta ilusão criadora de insectos chamados eternidade, infinito, cosmos, universalidade. – E que todas estas ideias eram seres que me afligiam da sua obstinação em fazer se viver porque um dia me abandonei. – Pensar princípios em vez de pensar seres com seus corpos foi a fraqueza que deu à luz esta imbecil humanidade que do cume do seu espírito santo pensa as árvores pelo rebento em vez de as sofrer primeiro pelas torturas da raíz e da tortura da sua raíz compor, pó a pó, a terra que lhes dará de crescer. –

Veremos o que se sustentará melhor disto que criei ou disto que destrui.
Ficará destruído o que destruí, ficará criado o que criei ?
Pois é preciso que as coisas me peçam para ficar para que eu as aumente.


Antonin Artaud ; Textes et lettres écrits á Rodez en 1946 ; Oeuvres.

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