2 de outubro de 2010

Subitamente vasto.

Instantes da corporal
movimentação
da procura, dos ambientes
da forma, das memórias
da condição substituta,
dos sistemas da tradição molecular, num atiramento das entrecortadas palavras logo pela manhã, activado aos filamentos da voz, e num trabalho dos olhos, pela primeira vez aqui,
em ensaios dos verbos,
como a fibra dos olhos leves,
ou os centos da correria,
ao coroar das soberbas culturas, por súbitos do mesmo desvelar constante, o acabado exemplo dum funcionamento mecânico, (n)um contentamento das espécies, tudo, como um grande amor,
o absurdo das vivências da imagem,
as ictiformes adorações da movimentação servil,
as arbóreas escaladas da imagem fixa,
os curto circuitos da caracterização carregada,
em repetição de todas as máscaras,
na festa da queda dos corpos,
na calada dos cultos do mais longo avesso,
ao som do acaso,
e das sóbrias conclusões colheitas,
no altar do vago renome das heráldicas, em agraciações das alturas do gelo à conquista dos firmamentos, uma insinuação das polémicas situações, agentes, dum certo tipo de mentes retiradas,
dos céus em desvario,
das multidões roucas,
da extensão dos lugares múltiplos,
das miríades,
noites da luz desperta … depois, era como quando se encontrasse alguém na junta muralha das praias edificadas, junto aos situados planaltos do silêncio, no cabo frio de todos os percursos da retracção.

Urgência dos outros horizontes que soltam-se das cortadas qualidades das palavras ao preencher daquela tonalidade que deixa a sugestiva, assente, abertura da memória. Equilíbrio ténue por sobre o fio da reflexão dos comportamentos à vista, um exercício em posse da distância da comoção que deixa, assim, o lugar da prosa aberto à entrada, uma novidade da implantação, dos espaços. A sugestão desta movimentação da vivência - a repetição, o indicar, o afundamento, o dissimular, as descortinas da violência, todo o irromper das marcações das palavras, suas significações de superfície – é como que a confirmação de uma primeira ideia, um estar o sentido no meio do labirinto das vozes, das subtilezas, quer dizer, pesa, sucede, deixa o desvanecer ensaio duma alteração do ritmo e manifesta-se após em movimento de transformação a qualquer coisa de angústia, um desprendimento, um sentimento do tempo. Esta inacessibilidade fica na vontade como as tais realidades perdidas e a primeira descoberta dessas extensões é o ânimo, uma entrada nos mistérios da distância que marca, corrige, as antigas direcções da imagem como se foram tais palavras uma vida e a matéria fosse o próprio tempo das proposições, as partes duma transformação temporal onde todo o efeito se apresenta como escolha, do ritmo, da sua significação real. Como o entrecortado da inscrição do horror e da queda nas imobilidades ou o fluir interno dos ritmos dos objectos desvelados nesta apreensão das realidades físicas, perenes, como o estacar ou o fluir dos rios magníficos em cabalísticas manifestações da serenidade e da impaciência, em cultos da criação. Trata-se, de facto, dum surgir da verdade e da dissimulação o que tem todo um alcance neste emergir da impaciência já que distancia o peso do sentido em vida e não se reveste, afinal, da maior ou menor importância, qualquer dos juízos que daí se possam exprimir acerca das necessárias tomadas de posição da frase e dos seus mecanismos de ignição ao fluir em linha longa, trata-se, apenas e sempre, no fundo, de um combate e de uma queda, de um caracterizado recomeçar mas de um recomeçar, que não é um qualquer anteprojecto da transformação métrica mas apenas o imediato da imagem como conquista, quer dizer, como fruto a colher, efectivamente ; uma necessária futilidade de toda a ascensão que condiciona, assim, mais do que uma qualquer rotação ou sentido, o sacrifício efectivo da exaustão e da abertura. A dois tempos. E não será concerteza por mais de uma condição dos elementos da religação que toda a consideração surge assim, não formalizada, em escorreito fluir da extensão, num exercício previamente necessário de invisível tacteamento contínuo que – neste estádio impaciente dos corpos, em que o desejo chega a uma definição de imagem e torna-se movimento – apenas significa, por si, um retrocesso no caos da condição obscura.

Pois de toda esta reflexão surge a repulsa de toda a reflexão e esta não é mais do que o necessário preceder do próprio da manifestação que descreve-se como combate, como aniquilação, o momento físico do transporte, sua manifestação segunda, prévia, da desordenada decisão lançada, aqui, nas tomadas do desprendimento da voz que solta-se em linha dos encerrados fundos da permanência obscura. De qualquer forma é apenas um dia, esclareça-se, um certo tipo de movimento que toma, da sua própria manifestação, o signo de uma insuflação profunda, uma marca de repente, um toque do calor, súbito.

Apresentava-se a tarde desértica
E os regatos corriam frescos
Escureciam-se em vaga presença
Os sulcos da terra sedentos.

Nada no entanto ao cair da noite ascender de todos os costumes,
a retirada das palavras,
o calor das alterações,
a indicação dos sentidos,
os mundos à deriva, o subitamente vasto da luz em momentos do toque irrepreensível que fica, dos suspensos planos da magnitude em flor, (sim, também as flores, os amores, as outras dores que se alcançam, o apelo dos campos verdes, o sumo das idades que cantam), numa qual tarefa das naturezas longínquas, subitamente vasto de todos os percursos,
das ruas,
das cantigas do bem estar,
nos sólidos acessos
interditos, inexistentes ; pois bastariam digo (e a conclusão é das palavras que se distanciam, desconfiam, que por fim não são mais e retiram), as veladas partículas de toda uma produção das segundas naturezas,
nos sonhos de uma multidão cega,
pelos corredores da cantata,
ao sinalizar das pontuais carícias,
em curiosidade das manobras,
e na contracção dos envolvimentos,
das serenidades simples,
em imposição dos desafios válidos,
da ágil desenvoltura dos arquétipos nus, que como cai-se em sensação de desperdício à satisfação da descoberta,
os mais atentados da manifestação arcaica,
lançados num volteio largo,
em palavra final dos mundos,
repartícula de todos os sentimentos acabados,
recaídos nos corpos,
duma aparência putriforme,
qual mais,
passagem dos corpos violentos,
nos restos do vazio,
roda,
das normais resoluções ; como um tudo vago, sonorizado, solto, quase que agradecido e sumamente afeito às condições naturais, sereno, condicional, tomado em convulsões duma observação dos elencos, em retirada das cenas,
nas partes de uma parte,
de um apurado rubro ao acaso,
por maneiras da matéria,
que revela-se nas palavras, do dia e da noite em linguagens do que tem-se na junta observação dos asilos, os manifestos do além e uma circulação do ar quente, sombra e luz, aqui e ali,
as fontes em cadência,
as condições abruptas, dos totalizados pontos precisos em manifesta convulsão dos arquétipos como as sondas ou as perfurações do solo ultimadas às preparações do engano,
em favor das hostes,
sugerido a toda a palavra, em conjunção dos simples das manifestações oníricas como num sonho da palavra expandida ou um qualquer coisa que sistematicamente se oculta, subitamente vasto.