11 de outubro de 2012


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“Tem a palavra o Sr. Ministro do ruído de cascos”.

O Sr. Ministro do Ruído de Cascos – Alguns dos nossos colegas supõem que me furto a explicações. Não vimos nós, no decurso da sessão anterior, o Sr. Carvão exigir ao governo que exponha as razões que o levaram a comprar uma manada de elefantes brancos sem tromba? Estou pronto a discutir este assunto logo que a assembleia o deseje. Se o não manifestei na altura, digo-o agora, foi porque temia que palavras imprudentes pudessem ser proferidas daquele lado (na extrema esquerda) da assembleia. (Fortes aplausos ao centro, à direita e em diversas bancadas à esquerda).

A Menina Lanterna – E as empresas que subsidiou para utilizarem terra barrenta na produção de força motriz?

O Sr. Presidente – Peço-lhe que deixe o Sr. Ministro do ruído de cascos explicar-se.

Uma voz na extrema direita – Você é um abominável tratante.

O Sr. Ministro do Ruído de Cascos - … Não se chegou ao ponto de invocar os espirros dos fogões para condenar a colocação de carris nos relvados de Bagatela? Tais processos são justamente dignos das orelhas surdas pelas flores de alcachofra e que expelem cornetas com fitinhas. Não é possível continuar sem bússola cantante.

O Sr. Presidente do Conselho – O governo pede o voto de confiança. Que a vossa sogra se ponha a dormir.

(…)

Benjamin Péret – “Morte aos chuis e ao campo de honra” - &etc (trad. Vitor Silva Tavares)