(n)a impressão do dizer que retira
gera culpa o dizer a impressão
e esta é falta que retira intenção
da impressão, sistemática, que atira -
6 de agosto de 2008
31 de julho de 2008
Tutuguri - O Rito do Sol Negro.
Em baixo
por baixo da inclinação amarga
e cruelmente desesperada do coração
abre se o círculo das seis cruzes
três em baixo
encrustados na terra mãe
desencrustados do abraço imundo
da mãe que baba se.
A terra do carbono negro
é a única locação húmida
nesta fenda escarpada.
O rito é o novo que o sol passa por sete pontos antes de eclodir no orifício da terra.
E existem seis homens,
um por cada sol,
e um sétimo homem
que é o sol completamente
crú,
vestido de negro e carne vermelha.
Este sétimo homem
é um cavalo,
um cavalo guiado por um homem.
E é o cavalo
o sol,
não o homem.
Sobre o rasgar dum tambor
e de uma longa fraudulenta música
estranha
os seis homens
que deitados estavam
girados a terra rasa
jorram sucessivamente como girassóis,
não propriamente sóis
mas solos giratórios
dos lótus de água,
e a cada jorrar
corresponde o gongo cada vez mais sombrio
e reentrado
do tambor
até que de repente vê se chegar a galope
de vertiginosa velocidade
o último sol,
o primeiro homem,
cavalo negro
com homem completamente nu
e virgem
sobre si
que tendo saltado avançam seguindo meandros circulares
e o cavalo de carne em sangue
atira se
a voltear sem parar
ao cume do (seu) rochedo
até que os seis homens terminem de marcar
(completamente)
as seis cruzes.
O Tom maior do Rito
é
precisamente
A Abolição Da Cruz.
E tendo terminado de girar
enxertam
as cruzes da terra
e o homem nu
a cavalo
arvora
imenso ferro
a cavalo
que temperou na incisão do (seu) sangue.
Antonin Artaud ; Pour en finir avec le jugement de dieu ; 1948 ; Oeuvres.
por baixo da inclinação amarga
e cruelmente desesperada do coração
abre se o círculo das seis cruzes
três em baixo
encrustados na terra mãe
desencrustados do abraço imundo
da mãe que baba se.
A terra do carbono negro
é a única locação húmida
nesta fenda escarpada.
O rito é o novo que o sol passa por sete pontos antes de eclodir no orifício da terra.
E existem seis homens,
um por cada sol,
e um sétimo homem
que é o sol completamente
crú,
vestido de negro e carne vermelha.
Este sétimo homem
é um cavalo,
um cavalo guiado por um homem.
E é o cavalo
o sol,
não o homem.
Sobre o rasgar dum tambor
e de uma longa fraudulenta música
estranha
os seis homens
que deitados estavam
girados a terra rasa
jorram sucessivamente como girassóis,
não propriamente sóis
mas solos giratórios
dos lótus de água,
e a cada jorrar
corresponde o gongo cada vez mais sombrio
e reentrado
do tambor
até que de repente vê se chegar a galope
de vertiginosa velocidade
o último sol,
o primeiro homem,
cavalo negro
com homem completamente nu
e virgem
sobre si
que tendo saltado avançam seguindo meandros circulares
e o cavalo de carne em sangue
atira se
a voltear sem parar
ao cume do (seu) rochedo
até que os seis homens terminem de marcar
(completamente)
as seis cruzes.
O Tom maior do Rito
é
precisamente
A Abolição Da Cruz.
E tendo terminado de girar
enxertam
as cruzes da terra
e o homem nu
a cavalo
arvora
imenso ferro
a cavalo
que temperou na incisão do (seu) sangue.
Antonin Artaud ; Pour en finir avec le jugement de dieu ; 1948 ; Oeuvres.
29 de julho de 2008
28 de julho de 2008
A quem...
A posição de uma atitude religiosa que resultaria da clara consciência e que excluiria senão a forma extática da religião pelo menos a sua forma mística difere profundamente das tentativas de fusão que preocupam espíritos preocupados com atribuir à fraqueza posições religiosas dadas no mundo presente.
Aqueles que no mundo religioso se assustam com a discordância de sentimentos, que procuram o vínculo das diferentes disciplinas e querem resolutamente negar o que opõe ao prelado romano o sanyasin, ou ao pastor kirkegaardiano o sufi, acabam por emascular – de ambos os lados – o que já procede de um compromisso da ordem intima com a (ordem) das coisas.
O espírito mais afastado da virilidade necessária para unir a violência e a consciência é o da “síntese”.
O cuidado em fazer a soma do que revelaram possibilidades religiosas separadas e de fazer, do conteúdo que lhes é comum, o principio de uma vida humana elevada à universalidade parece inatacável apesar dos seus resultados sem sabor, mas, para quem a vida humana é uma experiência a levar o mais longe possível, a soma universal é, necessariamente, a da sensibilidade religiosa no tempo.
A síntese é o mais claramente isto que revela a necessidade de ligar decididamente este mundo ao que a sensibilidade religiosa é na sua soma universal no tempo.
Esta clara revelação da decadência de todo o mundo religioso vivo (acusado nestas formas sintéticas que abandonam os limites estritos de uma tradição) não era dado na medida em que as manifestações arcaicas do sentimento religioso nos apareciam independentemente da sua significação, como nos hieróglifos dos quais só a decifração formal foi possível ; mas se esta significação é dada e se, em particular, a conduta do sacrifício, a menos clara mas a mais divina e a mais comum, cessa de nos estar fechada, a totalidade da experiência humana é nos devolvida.
E se nos elevamos pessoalmente aos mais altos graus da consciência clara, já não está mais em nós a coisa subjugada mas o soberano do qual a presença no mundo, dos pés à cabeça, da animalidade à ciência e do utensílio arcaico ao non-sense da poesia, é o da universalidade humana.
Soberania designa o movimento de violência livre e interiormente lancinante que anima a totalidade, resolve se em lágrimas, em êxtase e em eclosões de riso e revela o impossível no riso no êxtase ou nas lágrimas.
Mas o impossível assim revelado não é mais uma posição deslizante, é a soberana consciência de si, que, precisamente, não se desvia mais de si.
A quem a vida humana
é uma experiência a levar
o mais longe possível ...
Não quis exprimir o meu pensamento
mas ajudar-te a resgatar da indistinção
o que pensas de ti mesmo ...
Não diferes de mim mais do que
a tua perna direita da esquerda,
mas o que nos une é
O sono da razão – que produz monstros.
Georges Bataille ; "Théorie de la Religion".
A posição de uma atitude religiosa que resultaria da clara consciência e que excluiria senão a forma extática da religião pelo menos a sua forma mística difere profundamente das tentativas de fusão que preocupam espíritos preocupados com atribuir à fraqueza posições religiosas dadas no mundo presente.
Aqueles que no mundo religioso se assustam com a discordância de sentimentos, que procuram o vínculo das diferentes disciplinas e querem resolutamente negar o que opõe ao prelado romano o sanyasin, ou ao pastor kirkegaardiano o sufi, acabam por emascular – de ambos os lados – o que já procede de um compromisso da ordem intima com a (ordem) das coisas.
O espírito mais afastado da virilidade necessária para unir a violência e a consciência é o da “síntese”.
O cuidado em fazer a soma do que revelaram possibilidades religiosas separadas e de fazer, do conteúdo que lhes é comum, o principio de uma vida humana elevada à universalidade parece inatacável apesar dos seus resultados sem sabor, mas, para quem a vida humana é uma experiência a levar o mais longe possível, a soma universal é, necessariamente, a da sensibilidade religiosa no tempo.
A síntese é o mais claramente isto que revela a necessidade de ligar decididamente este mundo ao que a sensibilidade religiosa é na sua soma universal no tempo.
Esta clara revelação da decadência de todo o mundo religioso vivo (acusado nestas formas sintéticas que abandonam os limites estritos de uma tradição) não era dado na medida em que as manifestações arcaicas do sentimento religioso nos apareciam independentemente da sua significação, como nos hieróglifos dos quais só a decifração formal foi possível ; mas se esta significação é dada e se, em particular, a conduta do sacrifício, a menos clara mas a mais divina e a mais comum, cessa de nos estar fechada, a totalidade da experiência humana é nos devolvida.
E se nos elevamos pessoalmente aos mais altos graus da consciência clara, já não está mais em nós a coisa subjugada mas o soberano do qual a presença no mundo, dos pés à cabeça, da animalidade à ciência e do utensílio arcaico ao non-sense da poesia, é o da universalidade humana.
Soberania designa o movimento de violência livre e interiormente lancinante que anima a totalidade, resolve se em lágrimas, em êxtase e em eclosões de riso e revela o impossível no riso no êxtase ou nas lágrimas.
Mas o impossível assim revelado não é mais uma posição deslizante, é a soberana consciência de si, que, precisamente, não se desvia mais de si.
A quem a vida humana
é uma experiência a levar
o mais longe possível ...
Não quis exprimir o meu pensamento
mas ajudar-te a resgatar da indistinção
o que pensas de ti mesmo ...
Não diferes de mim mais do que
a tua perna direita da esquerda,
mas o que nos une é
O sono da razão – que produz monstros.
Georges Bataille ; "Théorie de la Religion".
24 de julho de 2008
Buraco sem palavras.
A tristeza biliosa do vazio
do buraco onde não há nada
não sopra o nada
não há nada
e à volta do buraco
no ponto onde as palavras retiram se
buraco sem palavras
sílaba sem sons.
Antonin Artaud
do buraco onde não há nada
não sopra o nada
não há nada
e à volta do buraco
no ponto onde as palavras retiram se
buraco sem palavras
sílaba sem sons.
Antonin Artaud
18 de julho de 2008
Eco tempo
Condição que soa toque estranho
Um eco que põe se o tom
Disposto o marcar
Do corpo que jorra
O continuar que consiste
O atingir do termo
Que toma fio a frase
Que digo sonoro
Mais
Que repito digo
Sonoro :
Aparece –
Ecos múltiplos.
Longa instância
Única espécie de satisfação aos olhos lançados
Deslizar perene
Rápida sucessão de longas linhas
Pontos assolados
Ligação
Dispersão
Outro estendido evento
Estância adequada
Animal intuição
Solícita
Que faz se fundo
Sereno
Já se ouvem ecos
O fim dos ciclos
Vozes ecoam histórias
Eras.
Condição que soa toque estranho
Um eco que põe se o tom
Disposto o marcar
Do corpo que jorra
O continuar que consiste
O atingir do termo
Que toma fio a frase
Que digo sonoro
Mais
Que repito digo
Sonoro :
Aparece –
Ecos múltiplos.
Longa instância
Única espécie de satisfação aos olhos lançados
Deslizar perene
Rápida sucessão de longas linhas
Pontos assolados
Ligação
Dispersão
Outro estendido evento
Estância adequada
Animal intuição
Solícita
Que faz se fundo
Sereno
Já se ouvem ecos
O fim dos ciclos
Vozes ecoam histórias
Eras.
17 de julho de 2008
Paliçada ocidental.
Como
pronto
mergulho
do astro
ressequido
o
de. siderato
instante
da solução
fugaz
magnética
- por termos –
elástica
represa
utilidade
do desgaste
ideal
ou
ensinamento
do edificar
as latentes
origens
eco lógica s
como
mesmo
ideal
ou
lixo bestial
por potestade
livresca
do corolário
ou
atenção
mundana
no render
o conforto
que vagem
(como idade
do agem)
à paliçada
que põe se
como
lógica
do acampamento
ou
(d)a acção
escorreita
de. feita
aleita
afeita
estreita
atreita
e é feita
efeito
num hábito
corrosivo
desse qualquer adiante
não tão assim distante.
Como
pronto
mergulho
do astro
ressequido
o
de. siderato
instante
da solução
fugaz
magnética
- por termos –
elástica
represa
utilidade
do desgaste
ideal
ou
ensinamento
do edificar
as latentes
origens
eco lógica s
como
mesmo
ideal
ou
lixo bestial
por potestade
livresca
do corolário
ou
atenção
mundana
no render
o conforto
que vagem
(como idade
do agem)
à paliçada
que põe se
como
lógica
do acampamento
ou
(d)a acção
escorreita
de. feita
aleita
afeita
estreita
atreita
e é feita
efeito
num hábito
corrosivo
desse qualquer adiante
não tão assim distante.
16 de julho de 2008
Um sonho dentro de um sonho.
Toma este beijo na fronte !
E no partir de ti agora
Este muito deixa me confessar
Que não estás errado tu que julgas
Que os meus dias foram sonho ;
Porém, se a esperança voou longe
Numa noite ou um dia
Numa visão, ou nenhuma,
Será então menos passada ?
Tudo o que se vê ou parece
Apenas é um sonho dentro de um sonho.
Fico no âmago do troar
A costa atormentada pelas vagas
E seguro na minha mão
grãos da areia dourada –
Quão poucos ! E no entanto como rastejam
por entre os meus dedos às profundezas
enquanto gemo – Enquanto gemo !
Oh Deus ! Não posso eu toma-los
com agarrar mais firme ?
Oh Deus ! Não poderei eu salvar
Um da onda impiedosa ?
Será tudo o que vemos ou parece
apenas um sonho dentro de um sonho.
Edgar Allan Poe “ A dream within a dream” – Tradução livre.
E no partir de ti agora
Este muito deixa me confessar
Que não estás errado tu que julgas
Que os meus dias foram sonho ;
Porém, se a esperança voou longe
Numa noite ou um dia
Numa visão, ou nenhuma,
Será então menos passada ?
Tudo o que se vê ou parece
Apenas é um sonho dentro de um sonho.
Fico no âmago do troar
A costa atormentada pelas vagas
E seguro na minha mão
grãos da areia dourada –
Quão poucos ! E no entanto como rastejam
por entre os meus dedos às profundezas
enquanto gemo – Enquanto gemo !
Oh Deus ! Não posso eu toma-los
com agarrar mais firme ?
Oh Deus ! Não poderei eu salvar
Um da onda impiedosa ?
Será tudo o que vemos ou parece
apenas um sonho dentro de um sonho.
Edgar Allan Poe “ A dream within a dream” – Tradução livre.
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