Um “contacto” à flor da pele.
Chega-nos uma angústia na face física da impossibilidade. O “encontro” do corpo de razão, físico, com o corpo de sentimento, imaterial, vice-versa; seja qual for o objecto o paradoxo mantém-se da própria divisão. Daí toda a irracionalidade, e os jogos, e a dança, a tragédia, o drama, enfim, a matéria do que nos apela, nós, o outro, (tu afinal). Este “combate” entre a materialidade do corpo e a imaterialidade do sentimento é a necessária condição de limitação da matéria, é própria produção da matéria, mais, é a própria matéria que, limitada, flui – é, realmente, o instante da impossibilidade das palavras, qualquer coisa que nos move à novidade, à dor, ao progresso das construções fechadas, o mais acabado dos mecanismos culturais dos diques e dos labirintos, das condutas, um oriente no ocidente. Este “reencontro” em corpo de luz é a imagem das delícias do regresso a uma “linguagem” sem observador onde todos os olhos se retiram. Esta utopia do amor suspende-se na impossibilidade que tira, dos seus rubores, a marca do progresso, da inovação. Um sonho do corpo implantado em doce recordação da luminosa reunião, vislumbre do momento da matéria, primordial implantação do instante da memória que vivemos, (como que de trás para a frente, ou vice versa), reflectido em angústia e como fora uma primeira pedra que é o instante da “separação” fundado como veículo da imagem, a imaginação. Sublimado momento da “violência”, uma saudade de nada. Bem real (no entanto) na sua força, civilizacional até. Inventamo-nos à razão dos corpos o excedente signo do mais poderoso dos mecanismos, afinal, como poderíamos viver sem amor, sem esta pluralidade. Todo o encontro assim carrega o nome de nós, seja um salto, um transporte, um combate … e um encontro assim é o poderoso íman que fundamenta todas as revoluções e avanços desta pluralidade que atinge as suas mais violentas convulsões da “arte” da decisão particular acabada, completa. No fundo é sempre esta busca, o encontrar-nos no segredo da noite, dos corpos da luz, em silêncio.
10 de dezembro de 2010
Como tardasse a uniforme adjectivação
Do peso
De qualquer coisa
Num dinamitado processo
Ao acaso da manhã
Nas sombras donde pudesse nascer
Um rio, semente dos acasos,
Das ligeiras maneiras
(prenúncio das marés vivas)
Das multidões desarvoradas
Que correm
Num esmagamento infalível
Aos ferros cruzados
Em queda,
Cantos do pormenor.
Dissera:
O adquirir da posse caminhara os lassos recantos do dia.
Subira o clamor das hostes.
Retirara-se. Surgisse.
Do peso
De qualquer coisa
Num dinamitado processo
Ao acaso da manhã
Nas sombras donde pudesse nascer
Um rio, semente dos acasos,
Das ligeiras maneiras
(prenúncio das marés vivas)
Das multidões desarvoradas
Que correm
Num esmagamento infalível
Aos ferros cruzados
Em queda,
Cantos do pormenor.
Dissera:
O adquirir da posse caminhara os lassos recantos do dia.
Subira o clamor das hostes.
Retirara-se. Surgisse.
Arde a fronteira
E nunca pára o território
Nas voltas em chama
Da noite ao preencher
De um novo vazio
Ao olhar sobre as casas.
Quem participa das abandonadas luzes.
Das linguagens duma exaltação das chamas.
Da súbita ausência, do permanecer.
Como vira o olhar do animal trespassado
Grito calado, em chama.
E nunca pára o território
Nas voltas em chama
Da noite ao preencher
De um novo vazio
Ao olhar sobre as casas.
Quem participa das abandonadas luzes.
Das linguagens duma exaltação das chamas.
Da súbita ausência, do permanecer.
Como vira o olhar do animal trespassado
Grito calado, em chama.
Tudo igual à chegada.
Estas palavras, os olhos, teus que me agarram.
E de um extremo ao outro o mesmo frémito.
As cadências de uma multidão no encalço do relevo, dos novos lugares.
Como fora um reencontro dos lugares.
Nos espelhos de uma superfície fria.
Tudo igual à chegada, os olhos, teus que me agarram.
De um a outro o mesmo, grato.
Como toda a presença mecânica.
A fixação, a delicadeza.
Mais sombras, nunca satisfeito.
Estas palavras, os olhos, teus que me agarram.
E de um extremo ao outro o mesmo frémito.
As cadências de uma multidão no encalço do relevo, dos novos lugares.
Como fora um reencontro dos lugares.
Nos espelhos de uma superfície fria.
Tudo igual à chegada, os olhos, teus que me agarram.
De um a outro o mesmo, grato.
Como toda a presença mecânica.
A fixação, a delicadeza.
Mais sombras, nunca satisfeito.
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