22 de dezembro de 2010

Ao tornar sonho em cada lugar,
cintilante por detrás dos olhos,
(súbito nas superfícies do brilho),
fica a noite o dia, lugar sincopado,
nas gargantas abertas, sabor ausente.

20 de dezembro de 2010

E de novo as mesmas observações. Como avalio da completude do movimento? Posso talvez falar de um fim, de uma intenção subjacente, o movimento, uma memória do processo. Mais interessante seria qualificar este “tipo” de intenção, pois, não existindo premeditação, quer dizer, sendo o movimento executado de uma forma absolutamente intuitiva, também não existiria uma reflexão prévia da intenção. Seria, talvez, uma “tensão”, um “tensionado” movimento na direcção do objecto. Sujeito?
A razão é o “método” de transposição do campo “em direcção”. A “imagem” da razão é: o reflexo das linhas de força do campo … e iria dizer que se trata de uma “imagem invertida" dessas linhas de força mas não tem necessáriamente que ser assim, antes, não o é, de todo, assim. A “razão” é: a consideração do método de transposição das linhas de força instauradas em campo e em função do objecto desejado. “Ali” instaurado. Estas “linhas” dão-se em função do objecto, do sujeito, é por isso que o “objecto” é condição do campo, antes, esta “relação da posse”.
Todos os tempos do momento executados num movimento perfeito. Completo. Estava perplexo. Todas as tonalidades numa escala perfeita.

E o que é uma escala perfeita? Como reconhecê-la? – E digo reconhecer, não conhecer, de um modo imediato, sem pensar, não há, aqui, e de facto, qualquer tipo de intervenção da consciência -. E o que é uma escala perfeita? Como avalio, neste sentido, da perfeição de uma escala? Reconheço-a. Poderei dizer que a reconheço em função de um efeito atingido? Creio que não. Trata-se de uma impressão remota. Uma remota impressão. Estética.
Nada em vivências do instante.
Suspenso qual viajante do tempo.
O olhar de surpresa. Nada nessa imagem, de novo. Apenas ficara e ligeiramente tocado (que o tempo não é de excessos muito obrigado) atrasam-me essas cadências de vida como um tempo que sempre já passou. (Como as conjecturas do cordial assentimento). Sigo. Não houvera (muito) mais a dizer. Este horizonte a perder de vista não é o mundo, és tu, e faço de cada vez o gesto preciso que parece no gesto (o) que o mundo espera do gesto, (são derivas que lhe ecoam, com certeza, ensurdecedoras na minha voz). Momento após momento, instante após instante, sucedem-se essas imagens e a mim, que nasci imóvel … perturba-me essa perturbação. Assim era o jogo dessa morte alegre. Sucedem-se os ritmos e a direcção é uma. Nada fica dos corpos tecidos. Um apelo do quê, afinal?
O aparentar. O desvio.
O rio em correntes que deslizam nas linhas de um correr magnético.
E um todos os dias sol ao culminar dos elementos.
(A cólera talvez).
Nas conjugadas cores que perfilam.
(Os mundos ao mesmo, e mesmo assim).

19 de dezembro de 2010

Corpo desperto a todo o exterior. O olhar que apre(e)ndia. A progressão. Uma saciedade que o movia. Faltava um contacto. O vago sentir da finalidade atravessava a densidade da paisagem. Em espaço aberto. Estendiam-se as multidões de formas, a perder de vista. Passou num instante. Considerava. Nada que olhasse o movia e deixou-se ficar, instantes, nas franjas daquela planície. Estranhava. Manifestava-se um primeiro apontar e entrou, vagarosamente. Uma diversidade, ramos e conduções da cor, as rugosas peles magníficas, as esguias delicadezas do matiz da beleza, um pó da terra seca, os recortes sombrios da pedra distante, a magnífica presença do verde, as estranhas luminosidades dos declives batidos, continuaria, ignorava, (então), a presença de um certo tipo de movimento mecânico. Buscava um certo sentido.

18 de dezembro de 2010

A pele activada.
O despertar da atenção.
A circulação quente.
O silêncio por atingir.

E de novo o dia, um dia. O sentir de uma imensidão estranha. Os olhos cortados de uma luminosidade nascente, apenas distante. Dos cimos de uma qualquer rocha, cresce o olhar agitado, a imediata busca de um movimento. Deixara correr assim as primeiras manifestações do efeito, da imagem. Ensaiara. Descera então essas escarpas, passos cautelosos, banhado em suor. Tivera deixado a noite atingir os baixos daquela cor e por todo o lado as sinfonias de um novo acordar. Faltava o gesto. Os espaços dessa vez. Seu tempo.

17 de dezembro de 2010

Perfilara o abandono
Num deixar súbito
Que sustentara o olhar.
Num reencontro:
- A vida é estranha.
- Tem os seus momentos.