16 de outubro de 2012


Trajo de trapo e uma aparição visionada.

A circunscrição do plano do papel faz o vento solo nas bestas do adquirir, e o nome, com todo o respeito, é, a cada passada, o desejo da fala em silêncio que qual grafonola baixa a custo uma aparência.

Desilude, que fazer.

Quais fogos do vazio repito nas estrelas em colapso.
Os cantos das outras cantorias do semblante fechado.

E numa abertura do classificado oposto pensamento em sonolento bocejo, a recta escalada impõe, na designada comissura, o óbvio local do angariado de (por) si.

Que logo começa de novo.

13 de outubro de 2012


As grinaldas do convénio da nomenclatura guardam silêncios por via duma razão amorosa, aos gritos de sorte, em cadência, ficam, solenes, nas grutas que gravitam os corpos em paralaxe.

Uma razão de privacidade.

E como a flor da cereja ou o pardal largado em cima das casas da celebração, das comendas, a cidade salva, ao troar da manhã falecida, os nomes da selva, e os silêncios todos.

As casas do amor.
Os filamentos da montanha.

A semente em salvaguarda da palavra ferida de requinte nos átomos da miséria.

Revelado em estranha disfunção da linguagem, o círculo original exausta o riso à entrada das etapas como rebento em lugar da viva santificação do metal afeito à circunstância utilitária da distribuição e do registo. Éditos da necessária imagem.

Vamos dizendo em surdina as palavras como numa dança das cadeiras.

De lado a lado.

O dia pulsa em redor (dessas palavras) o secreto intervalo donde a origem espreita o sincopar carregado da cisão esventrada em monumentos carrascos da assim sombra lavrada.

Fins da terra dor.

12 de outubro de 2012


Silêncio.

Esgota-se o eco na lama desta terra. O deserto é escorraçado nos ossos. Já não há lugar que não seja nos olhos.

A noção do plástico dá-se incerta em matinal leite ao censo dos cadavéricos costumes.

A lira, humedecida
nos braços, entoa
da rocha fendida,
o dizer da polissemia,
e os poços verdes,
(um lugar assim parado),
ao largo dessa terra
fazem luz
de uma fala perdida.

Gestos em corte poético,
nos lábios do prazer,
em distensão requintada,
ao rubro, num dia prosaico.

Elevado aos píncaros culturais da gema, (conotada do salivar volteio), faz-se a côdea dos escudos da terra. E, nos lagos da agitação placenta, em contusão das fontes luxuosas, o arame perfaz a ascensão dos desertos ao gotejante peito que faz, sincopadamente, o plástico.

11 de outubro de 2012


(…)

“Tem a palavra o Sr. Ministro do ruído de cascos”.

O Sr. Ministro do Ruído de Cascos – Alguns dos nossos colegas supõem que me furto a explicações. Não vimos nós, no decurso da sessão anterior, o Sr. Carvão exigir ao governo que exponha as razões que o levaram a comprar uma manada de elefantes brancos sem tromba? Estou pronto a discutir este assunto logo que a assembleia o deseje. Se o não manifestei na altura, digo-o agora, foi porque temia que palavras imprudentes pudessem ser proferidas daquele lado (na extrema esquerda) da assembleia. (Fortes aplausos ao centro, à direita e em diversas bancadas à esquerda).

A Menina Lanterna – E as empresas que subsidiou para utilizarem terra barrenta na produção de força motriz?

O Sr. Presidente – Peço-lhe que deixe o Sr. Ministro do ruído de cascos explicar-se.

Uma voz na extrema direita – Você é um abominável tratante.

O Sr. Ministro do Ruído de Cascos - … Não se chegou ao ponto de invocar os espirros dos fogões para condenar a colocação de carris nos relvados de Bagatela? Tais processos são justamente dignos das orelhas surdas pelas flores de alcachofra e que expelem cornetas com fitinhas. Não é possível continuar sem bússola cantante.

O Sr. Presidente do Conselho – O governo pede o voto de confiança. Que a vossa sogra se ponha a dormir.

(…)

Benjamin Péret – “Morte aos chuis e ao campo de honra” - &etc (trad. Vitor Silva Tavares)

Apresentaram-me a verdadeira forma do alabastro e as suas secretas palavras - espalhadas como um todo - por sobre a mesa dos auspícios, soavam como a providência salivar dos tópicos do consenso, a crítica, entretanto, cantava o permanecer dos anos caídos sobre as potestades vazias, e os cães a salivar.

E a temperança do som mal viver dos dois lados da formatação técnica era qualquer coisa que não é sensato dizer. Calem-se as pontes. Que se fechem as grutas. As terras. A razão que passa nas ondas não tem cor de mar nem curvas de entidade. Que se pare por aqui.

10 de outubro de 2012


A lânguida coloração
dos campos
em cegueira colérica,
combina, aos saltos,
a manhã do verbo
numa visitação tardia,
do desolado apólogo.

Denotado retiro das fibras.

Lentamente a chuva cai o tempo das eras anunciadas,
as labirínticas linhas líquidas da matéria caem visceralmente
a noite em silêncio, num rumor que pairasse o desvelar.