laminal
corte
o estado vazio esta palavra
que fala,
que é sempre,
e como fazer
surgir
na tela do junto instante
a
palavra
à palavra
(que não é ideia)
ou qual dizer como qual corpo deste,
ou disto, que faz se choque,
ou pensamento.
19 de agosto de 2008
Lamuerte#3
Sonda a morte ao que levanta se
na garganta o porquê do baixo canto
da vida e o amor murmurados,
hábito do dizer vazio, cruzado
traço te o que chega sincopado
mente um qualquer destino que nos cerra,
o contado prazo e a pintada ficção feita,
tua, digo, soberbo o rebentar silêncio o dia
o diz, a velha morte atento como no clarão azul -
pois lançado grito ou fácil por diante vocifera sabe,
como inteiro instante o teu mal surgir, agreste
em cada grito ou grande o morrer na voz que cai
tira te, à luz da morte e ao signo o clarão dela
que possa partir e deixar me, enfim, na junta
vida a morte assim que corre ou dizer, ou nem isso –
Sonda a morte ao que levanta se
na garganta o porquê do baixo canto
da vida e o amor murmurados,
hábito do dizer vazio, cruzado
traço te o que chega sincopado
mente um qualquer destino que nos cerra,
o contado prazo e a pintada ficção feita,
tua, digo, soberbo o rebentar silêncio o dia
o diz, a velha morte atento como no clarão azul -
pois lançado grito ou fácil por diante vocifera sabe,
como inteiro instante o teu mal surgir, agreste
em cada grito ou grande o morrer na voz que cai
tira te, à luz da morte e ao signo o clarão dela
que possa partir e deixar me, enfim, na junta
vida a morte assim que corre ou dizer, ou nem isso –
18 de agosto de 2008
An.
Logo
do
estado
corre
o erguer
que tolda o magnífico véu s,
os rasgados recortes ;
como :
afoito do grotesco a ressurgir em comédia,
ou anómala música da locação que escapa,
diz se, mais e regressa nunca aposto ou talvez,
como mil figuras ou toldado das canções,
que esgotam se aos olhos, do espanto que falece, diz.
Logo
do
estado
corre
o erguer
que tolda o magnífico véu s,
os rasgados recortes ;
como :
afoito do grotesco a ressurgir em comédia,
ou anómala música da locação que escapa,
diz se, mais e regressa nunca aposto ou talvez,
como mil figuras ou toldado das canções,
que esgotam se aos olhos, do espanto que falece, diz.
12 de agosto de 2008
Baudrillard.
O simbólico é o que põe termo ao código da disjunção e aos termos separados.
É a utopia que põe termo aos tópicos da alma e do corpo, do homem e da natureza, do real e do não real, do nascimento e da morte.
Na operação simbólica, os dois termos perdem o seu principio da realidade.
Mas o principio de realidade não é mais do que o imaginário do outro termo. Na partição homem/natureza, a natureza (objectiva, material) é unicamente o imaginário do homem assim conceptualizado.
Na partição sexual masculino/feminino, distinção estrutural e arbitrária que funda o principio de “realidade” (e de repressão) sexual, a “mulher” assim definida nunca passará do imaginário do homem.
Cada termo da disjunção exclui o outro que se torna o seu imaginário.
Assim acontece com a vida e a morte no sistema em que nos encontramos : o preço que pagamos pela “realidade” da vida, para a viver como valor positivo, é o fantasma contínuo da morte. Para nós, vivos assim definidos, a morte é o nosso imaginário. Ora, todas as disjunções que fundam as diferentes estruturas do real (...) têm o seu arquétipo na disjunção fundamental da vida e da morte. Eis porque, seja qual for o campo de “realidade”, cada termo separado, para o qual o outro é o seu imaginário, é assediado por este como pela sua própria morte. (...)
Jean Baudrillard ; A troca simbólica e a morte ; ed.70
É a utopia que põe termo aos tópicos da alma e do corpo, do homem e da natureza, do real e do não real, do nascimento e da morte.
Na operação simbólica, os dois termos perdem o seu principio da realidade.
Mas o principio de realidade não é mais do que o imaginário do outro termo. Na partição homem/natureza, a natureza (objectiva, material) é unicamente o imaginário do homem assim conceptualizado.
Na partição sexual masculino/feminino, distinção estrutural e arbitrária que funda o principio de “realidade” (e de repressão) sexual, a “mulher” assim definida nunca passará do imaginário do homem.
Cada termo da disjunção exclui o outro que se torna o seu imaginário.
Assim acontece com a vida e a morte no sistema em que nos encontramos : o preço que pagamos pela “realidade” da vida, para a viver como valor positivo, é o fantasma contínuo da morte. Para nós, vivos assim definidos, a morte é o nosso imaginário. Ora, todas as disjunções que fundam as diferentes estruturas do real (...) têm o seu arquétipo na disjunção fundamental da vida e da morte. Eis porque, seja qual for o campo de “realidade”, cada termo separado, para o qual o outro é o seu imaginário, é assediado por este como pela sua própria morte. (...)
Jean Baudrillard ; A troca simbólica e a morte ; ed.70
11 de agosto de 2008
O Aviador prevê a sua morte.
Sei que encontrarei o meu destino
Algures entre as nuvens no alto;
Eu não odeio a quem combato,
Aqueles que eu guardo eu não amo.
A minha terra é na margem do rio,
A minha gente é pobre na margem do rio.
Não há fim que lhes faça perda
Ou assim os venha alegrar.
Estadistas, multidões de ensurdecer,
Nem lei nem dever me fizeram bater ;
Um solitário impulso de delícia
Trouxe-me a este tumulto nas nuvens ;
Tudo considerei, tudo fiz consciente.
Os anos vindouros viam-se vãos de alento,
Vãos de alento eram os anos antigos ;
- em balanço com esta vida é esta morte -.
W.B.Yeats- “The Irish Airman Foresees his Death” - Tradução livre.
Sei que encontrarei o meu destino
Algures entre as nuvens no alto;
Eu não odeio a quem combato,
Aqueles que eu guardo eu não amo.
A minha terra é na margem do rio,
A minha gente é pobre na margem do rio.
Não há fim que lhes faça perda
Ou assim os venha alegrar.
Estadistas, multidões de ensurdecer,
Nem lei nem dever me fizeram bater ;
Um solitário impulso de delícia
Trouxe-me a este tumulto nas nuvens ;
Tudo considerei, tudo fiz consciente.
Os anos vindouros viam-se vãos de alento,
Vãos de alento eram os anos antigos ;
- em balanço com esta vida é esta morte -.
W.B.Yeats- “The Irish Airman Foresees his Death” - Tradução livre.
.quando no quarto branco ...
Quando no quarto branco da charité
acordei de manhã,
e ouvi cantar o melro
entendi muitas coisas.
Havia muito que a noite não temia
por saber que nada mais me faltaria
se eu próprio me faltava.
E nesse instante cheguei a alegrar-me
até com o canto dos melros
após a minha morte.
B.Brecht
acordei de manhã,
e ouvi cantar o melro
entendi muitas coisas.
Havia muito que a noite não temia
por saber que nada mais me faltaria
se eu próprio me faltava.
E nesse instante cheguei a alegrar-me
até com o canto dos melros
após a minha morte.
B.Brecht
6 de agosto de 2008
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