23 de outubro de 2008

O grito, o não, a ligação,
o atirar do gesto, estudado
enfado, a encher o ar num
tal suspiro, belo feito.

como jogo, fogo de solução ;

ou mais represente se e dir-se-ia que põe se e continua
como prévio seduz tacto sugere de ignição inicial
espero feito tifo que (de) tal matéria estava
num passar de como que estilizada
que coloração, primeira.

21 de outubro de 2008

Marmóreas superfícies.

Alonga se o de terminado gesto
que corre num lateral esgar

- capta o sopro,
completo do som,
destacado em gotas,
de espuma nefasta -

incolor como cravado discorrer de traço agitado
reposto de descoberta corrente à escarpa do laço

por descobrir, e já feito, e porém –

14 de outubro de 2008

W.Benjamin - Sobre a pintura ou signo e marca.

A. O Signo

A esfera do signo abrange diferentes domínios que se caracterizam pelas diferentes significações que aí revestem a linha. Tais significações são : a linha da geometria, a linha da escrita, a linha gráfica e a linha do signo absoluto (a linha mágica enquanto tal, ou seja, independentemente do que esta representa).

a), b) As linhas da geometria e da escrita não serão aqui tomadas em consideração.

c) A linha gráfica.

A linha gráfica é determinada por oposição à superfície ; esta oposição não apresenta, aqui, apenas uma significação puramente visual, mas, também, uma significação metafísica. À linha gráfica está ligado, com efeito, o fundo sobre o qual esta aparece.

A linha gráfica caracteriza a superfície e determina-a ligando-se-lhe como seu fundo. Inversamente, não existe linha gráfica senão sobre um tal fundo por tal forma que, por exemplo, um desenho que recobrisse inteiramente o seu fundo cessaria de ser um desenho. O fundo vê, assim, assinalar se um lugar preciso, indispensável ao sentido do desenho, donde resulta que, na obra gráfica, duas linhas apenas podem determinar a sua relação mútua em relação ao seu fundo.

– um fenómeno que, de resto, põe claramente a diferença entre linha gráfica e linha geométrica.

A linha gráfica dá ao fundo a sua identidade. A identidade que apresenta o fundo de um desenho é totalmente diversa desta superfície de papel branco sobre a qual o desenho é traçado, e, segundo toda a verosimilhança, esta deveria mesmo ser excluída desta relação se quiséssemos concebe-la como um movimento de ondulações (eventualmente indiscerniveis a olho nu) de cor branca.

O desenho puro não altera a função do fundo na emergência do sentido gráfico quando o “economiza” em branco. É o que explica que a representação do céu e das nuvens num desenho possa, neste caso, revelar se perigoso, e servir por vezes de pedra de toque para julgar da pureza de seu estilo.

d) O signo absoluto. Para compreender o signo absoluto, quer dizer, a essência mitológica do signo, preciso seria já saber alguma coisa da esfera do signo, da qual se pôs a questão no início. Esta esfera, em tudo estado de causa, não é decerto um medium, mas representa uma ordem que, muito provavelmente, na hora actual nos fica totalmente desconhecida.

Entre a natureza do signo absoluto e o da marca absoluta a oposição é no entanto chocante. A esta oposição, de uma importância imensa no plano metafísico, será preciso primeiro procura-la.

O signo parece implicar muito claramente uma relação espacial e ligar se mais à pessoa. A marca (como iremos ver) parece apresentar uma significação mais temporal, excluindo todo o aspecto pessoal.

Os signos absolutos são, por exemplo, o signo de Cain , o signo aposto nas casas dos israelitas logo que a décima praga se abatia sobre o egipto, signo sem dúvida semelhante ao do qual se trata no “Ali baba e os quarenta ladrões”; com a prudência necessária, podemos conjecturar destes casos, que o signo absoluto possui uma significação antes de tudo espacial e pessoal.

B. A Marca.

a) A marca absoluta.

Tudo o que possamos descobrir sobre a natureza da marca absoluta, quer dizer, sobre a essência mítica da marca e na medida em que seja possível daí descobrir qualquer coisa, reveste se de uma enorme importância para a esfera inteira da marca por oposição à do signo.

A primeira diferença fundamental vêm de que o signo é aposto do exterior enquanto que a marca ressalta do interior. Isto indica que a esfera da marca é a de um medium.

Enquanto que o signo absoluto não surge ao primeiro olhar sobre o que vive, mas encontra se igualmente inscrito sobre objectos inanimados como edifícios e árvores, a marca aparece principalmente nos seres vivos, (os estigmas do cristo, o enrubescimento, talvez as marcas da lepra, as marcas do vinho).

Não existe oposição entre marca e marca absoluta pois a marca é sempre absoluta e não se assemelha a mais nada na sua manifestação.

É de facto marcante que a marca, como o exige a sua relação com o vivente, se encontre frequentemente associada à falta (enrubescimento) ou à inocência (os estigmas do cristo) ; e mesmo quando ela aparece sobre um objecto inanimado (o anel solar na peça de strindberg avent ), ela é frequentemente um recordar da falta.

Mas aparece então ao mesmo tempo que o signo (belshassar) e o carácter prodigioso do fenómeno repousa principalmente sobre a conjunção destas duas figuras, da qual unicamente deus pode ser o autor.

Na medida em que o laço entre a falta e a expiação abre uma relação mágica no tempo, esta magia temporal aparece essencialmente na marca no sentido em que a resistência do presente entre o passado e o futuro é suprimida e estes se religam magicamente para fundir junto sobre o pecador.
Mas o medium da marca não comporta unicamente esta significação temporal, têm também, por efeito, como o enrubescimento o mostra de uma forma particularmente perturbadora, o resolver a personalidade em certos elementos primordiais.

Isto traz nos ao laço que une a marca e a falta. O signo, por seu lado, distingue frequentemente a pessoa, e esta oposição entre signo e marca parece, também ela, fazer parte da ordem metafísica.

No que diz respeito à esfera da marca em geral (quer dizer o medium da marca em geral) tudo o que pode ser estabelecido a este propósito, no presente contexto, será tirado do exame da pintura. No entanto, como dissemos, tudo o que é verdadeiro da marca absoluta é de uma grande importância para o medium da marca em geral.

b) A pintura. A imagem pintada não têm fundo. E uma cor nunca se estende sobre uma outra, quanto muito aparece esta no medium daquela. E talvez mesmo isto seja impossível de estabelecer, por forma que, em certas pinturas, não saberíamos fundamentalmente dizer se tal cor pertence a uma camada profunda ou superficial.

Mas esta questão não têm verdadeiramente sentido. Não existe fundo em pintura e tão pouco existe linha gráfica. A mútua limitação das superfícies coloridas (composição) numa pintura de Rafael não repousa (repose) sobre a linha gráfica.
Este erro decorre em parte da exploração estética do facto puramente técnico de que os pintores, antes de pintar, compõem o seu quadro sob a forma de desenho.
A essência de uma tal composição não têm, no entanto, nada a ver a ver com a arte gráfica. Apenas na aguarela a linha e a cor se religam : aqui, os contornos traçados pela pena ficam visíveis e a cor aplica se de maneira transparente. O fundo, mesmo colorido, é conservado.

O medium da pintura pode ser designado como a marca no sentido estrito ; porque a pintura é um medium ela é uma tal marca conquanto que não conheça fundo nem linha gráfica.

O problema da obra pictórica apenas surge àquele que compreendeu a natureza da marca no sentido estrito, e que, por esta razão se espanta por encontrar na pintura uma composição que não pode, no entanto, relacionar a um elemento gráfico.

A existência de uma tal composição não é ilusória e não é por acaso ou desprezo que ao olhar um quadro de Rafael o espectador distingue na marca pintada configurações de homens, de árvores, de animais. Convencemo-nos disto logo que consideramos que se a pintura nada mais fosse que marca seria deste facto impossível nomeá-la.

Ora o verdadeiro problema da pintura deve ser encontrado no principio que põe que a obra pictórica é com certeza uma marca e que, inversamente, a marca no sentido estrito apenas se encontra na marca pictórica, e que esta, por outro lado, na medida em que é uma marca, apenas o é na própria pintura mas que por outro lado o quadro, sendo nomeado, se encontra relacionado a qualquer coisa que não ele, quer dizer, a qualquer coisa que não é da ordem da marca.

Esta relação a isto do qual o quadro é nomeado, a isto que transcende a marca, é a composição que o produz. Esta assinala a entrada de uma potência superior no medium da marca, de uma potência que, conservando a sua neutralidade, ou seja, sem dissolver a marca por meio do grafismo, encontra o seu lugar na marca sem a dissolver e precisamente porque esta é incomensuravelmente mais alta que aquela, mas não lhe é hostil : é lhe, pelo contrário, aparentada.

Esta potência é a palavra, que – invisível enquanto que tal e manifestando se unicamente na composição – se estabelece no medium da fala pictórica. A imagem pintada é nomeada da sua composição. Compreendemos imediatamente a partir daí que marca e composição são os elementos de toda a pintura que se pretende nomeável.

Uma pintura que não comportasse esta pretensão cessaria de ser uma pintura e oscilaria no medium da marca em geral que está para além de qualquer representação. As grandes épocas da pintura distinguem se pela composição e medium, pelo género de palavra e pelo género de marca no qual esta se estabelece.

Bem entendido não pode ser questão o combinar qualquer palavra e qualquer marca. Mas poderíamos, por exemplo, considerar que nas pinturas de um Rafael se trata antes de tudo do nome e nas obras dos pintores de hoje antes de tudo do juízo que penetrou a marca. Para o conhecimento da relação entre a pintura e a palavra, a composição - quer dizer a nominação - é determinante ; mas, de uma maneira geral, o lugar metafísico de uma escola ou de uma pintura deve ser determinado em função das diferente espécies de marca e de palavras que se manifestam, o que pressupõe pelo menos um certo avanço na arte de distinguir as diferentes espécies de marcas e de palavras – uma arte da qual não possuímos ainda os rudimentos.

c) A marca no espaço. A esfera da marca manifesta se também nas formas a três dimensões, igualmente ao signo, através de uma certa função da linha que apresenta, indubitavelmente, uma significação arquitectónica (e também, portanto, tridimensional).

Por esta única significação se ligam visivelmente tais marcas no espaço à esfera da marca – por qual maneira ficará a determinar por pesquisas precisas. Estas apresentam se principalmente sob a forma de túmulos ou memoriais, entre os quais unicamente as figuras que não receberam forma arquitectural ou plástica constituem naturalmente marcas no sentido próprio.


Walter Benjamin ; Sobre a pintura, ou : Signo e marca ; 1917. (Traduzido do Francês)

9 de outubro de 2008

.

sombras voláteis
no cair da maré, viva.

filamentos de ferocidade
que são do profundo mar
como as téticas hostes
(a)levantadas num rugir vago,

voraz,

ossadas ocas de cabo, desfeito,
ou de um regresso, talvez,
obviamente, novas palavras,
consumações, sedimentos, dias.

3 de outubro de 2008

Sentia no esgotado
o chegar do limiar
malévolo e insistia
como fronteiriço
às pálpebras
onde o olhar voga
de mente e capta
tudo isso num certo
passar que dez fita
como concatenação.

Por aí reverbera o movimento
como num esgar observado,
transitado em ténue ocorrência.

*

aura da hora do levante,
um ouro ouso de oriente.

25 de setembro de 2008

Do cintilar aberto erro o fio (a)lado à vista das angras ressequidas em denso palavreado que faz se carga, dos ecos, impresso, auto, fixo.

Faz envio o mais ou t®inta por linha de onda simples em destacado arco na nítida distância, rios de cores cruzadas, visitadas ao alcance da previsão e perto às longas latitudes.

Sincopar depois do desvario acomodado já o seu pertencer se sai traçado o solto caminho onde prouvera ser, como (n)um salto que busca os solos de conversão, ao fim do rio farto, do porquê, mas não mais.

Passa o sonho o que aspira se ao sol atento sem fazer ideia, até que a ideia chegue, tecto isso, antes, a um observar adquirido nesse instante, como sem cor.

címbalo impossível ;

é nisto que atenta a recordação que junta se como só fora fio,
de cá, de lá, feito ou como que imergido de sol, do sol toque,
como memória impressa, afecta, do instante soberbo, híbrido.

24 de setembro de 2008

Artaud - Fiz um sonho excessivo.

Eu era um tronco lamentavelmente cerrado entre o ferro do sangue e a chave da compressão que faz árvore, era, portanto, esta árvore de sangue jorrado da volta extrema da minha chave. – E avançava no imenso mim mesmo quando compreendi que não avançamos em si mas em parte nenhuma, e que o eu é esta ilusão criadora de insectos chamados eternidade, infinito, cosmos, universalidade. – E que todas estas ideias eram seres que me afligiam da sua obstinação em fazer se viver porque um dia me abandonei. – Pensar princípios em vez de pensar seres com seus corpos foi a fraqueza que deu à luz esta imbecil humanidade que do cume do seu espírito santo pensa as árvores pelo rebento em vez de as sofrer primeiro pelas torturas da raíz e da tortura da sua raíz compor, pó a pó, a terra que lhes dará de crescer. –

Veremos o que se sustentará melhor disto que criei ou disto que destrui.
Ficará destruído o que destruí, ficará criado o que criei ?
Pois é preciso que as coisas me peçam para ficar para que eu as aumente.


Antonin Artaud ; Textes et lettres écrits á Rodez en 1946 ; Oeuvres.

22 de setembro de 2008

Os Seres ...

... não saem
à luz do dia

e não têm outro poder
que não seja o jorrar
na subterrânea noite
onde fazem se

desde a eternidade,

e passam o seu tempo
e o tempo
a fazerem se
assim,

e nunca um
sequer se produziu.

É preciso esperar
que a mão do Homem
os tome e faça

pois só
o Homem,
inato e predestinado
têm
esta temível
e inefável
capacidade

de tirar o corpo do humano
à luz da natureza
e mergulhá-lo vivo
no clarão natural
onde o sol desposará,

por fim.

Antonin Artaud ; Textes écrits en 1948 ; Oeuvres.

16 de setembro de 2008

Memória do deserto.

Começara ao ali cair
o tempo a fazer se naquele estado
a caminho, e o olhar, no deserto.

(N)aquele prévio tempo como altura do dia e logo
é raio alto e só imenso o caminhar, e quanto pior,
que o melhor do que aproveita o deserto, ao deserto
é seu fim, feito e nesses dias, da memória, do rarefeito
ar, cerrado ; o claro olhar no ir do deserto é que cai fundo,

Estãncias dos de si mortos e no deserto as por completas
paixões como séries de passado que sempre traz o grito e
gaza a memória que enquanto corre é não mais do que a
miragem de um avanço, ou pé após pé, ou mesmo até ao
depois do deslizar da memória soberba ou os seus traços
incinerados, ou o sol no braseiro, do deserto.

Já não queima após este o levar por quanto tempo caído e
apenas o deixa, calcinado, o traço que fica dessa memória,
do deserto, e aquando das horas que ausenta o aval da hora
passa, da miragem, da cólera que dali corre e tudo fica ao
tempo faz se, nessa hora o deserto do silêncio, olhar aberto
por instante ; e tudo isto já não é mais que o valha, ou tudo
antes que passo, após passo como pode ser no deserto, nele
os olhos vistos a claro contado traço de, pois, do deserto.

- e é memória da memória a do deserto -

12 de setembro de 2008

Qual disto quer se falar
a não pensar e nisto
ilude, o atingir fundo,
a soprar a névoa,
que não deixa,

e antes,

(o que dir-se-ia)

o ri te qual que dá-te vida
e como questão,
e porque meio a soltar,
o punho desconforto,
ao forçado continuar,
e atento, o momento, que
força se o estado, esquece,
solta que sabe o lá, lá está,
livre na mão, isso, na mão.

E propriamente mantém se nos rodados instantes da zona,
ausente, ou até do que é chamado o cume que parece ;

que

ri,
da,
e,
logo
do
rodo
dá,
e dá de si,
do daqui,
de si

a (resposta).

por reverberado galanteio de solenidade
ou outras ondas soberbas tomadas de
ressonância e veste, magnética s termo,
o dizer, e logo fundo a livres pó s solene s
tendido plano que falta um dia, que dizer
e logo outro vácuo o instante e trabalha,
fundo de outras letras e lugares de pé, pois
seja o que diz, se, faça, que não -

e depois digo como que funcionar traçado e fito isso,
a ver outro apagar -

de facas
frio s

solene astral que fixo
e
mais nos não fique por que já os olhos cintilavam,

e é o que se quer, e o discorrer, e por aí a mais, e por aí a mais, ou que seja, logo se põe, digo, que ficar fico , o que por lá têm se, a metro, ou o que, por que havia a dizer, é ; assim a mais mas como que litrado de desconexão, assimilada ; e mais, e mais :

- li pi ri a di, do, da e fica di, s, tinto, cai –

(e para mais já basta assim, dir-se-ia. onde ?)

Já, mais por algo se pudesse contemporizar se disse
a solução a levantada e logo (a) estoira se em desmando,
rasgo que acerta se em diz, em trato da distância, como
palavreado da decomposição a dez rios de artes várias.

Uma adiantada locação tirada do desdiz se ali chega e são logo do s olhos as longas alturas, (como) pronta analógica s e posto é à solução e diz se, outra vez, o que te passa,
e fá-lo, limitado -

faz correr
ideia
que traz
ideia,
e só atenta,
e logo limita,
pois não ;
que :

ala cardume do alto raio da fila de cá que cá lá faria o fantástico comemorar, sita, tino, rio, em solução de água doce e linhas de produção lançada, como for estado, o que logo foge - (a)

liqualitratrodesidenamais

o

– al.to.de.ta.vi.º


- que leva as roucas soluções de análise, à astálise, onde ficaria, assim, como que não mais ligado em estratos de.
at. (ª) mn s

ou seja ;

em rasgado li,
num longo li,
em trode,
ou safio

ou que seja o que tarda no olhar que quer se e nos olhos que batem,

que
mais
e
mais,

que pois,
que sim,
que não,

que são ?