8 de novembro de 2017


Um certo ajustamento a uma superfície de pedra.

O mesmo da impressão
Detalhado na pedra
Em instrumental denota
O retroceder da imagem
Na expressão de dor
E exaltação no encanto
De um pequeno instante

Ou detalhe:

Que interiormente purificado da passagem das circunstâncias figura dos elementos e nem sequer aparece enquanto matéria impressionada.

7 de novembro de 2017


O glóbulo das fábulas
Junto ao antigo das margens
Num contínuo derramamento de passagem
Se respirasse um único
Momento nada ficaria por fazer.

2 de novembro de 2017


O hipocampo da fanfarra

Obscurecido da própria voz
Em si da memória dos tecidos
Os rastos daí se figuram
No hipocampo da fanfarra.

E potencialmente proclama a contraluz de um instante que ao cumprir da sugestão no papel segundo do atrito faz a espécie da reparação ou do inventário. Diz portanto que não é mais do que um pequeno incentivo, natural reprodução, fundamentado desse modo na imagem da cenoura.

Diz portanto que é uma cenoura, não a cenoura em si obviamente, mas a imagem dela.

Começa portanto por ser uma escolha alimentar, sendo que o seu fundamento seria, neste sentido, essa necessidade alimentar que evoluíra no sentido do ritual, ritual este, em verdade, onde não se pode falar quer de sobrevivência quer de necessidade. Esta ‘necessidade estrutural’ levantaria questões, não só em número, quanto em qualidade e fortificação, ler frutificação da espécie nesse sentimento. Pois toda a sensualidade -as romance- é coito da natureza humana e é, neste sentido, uma encenação, ou mais propriamente a matriz de todas as encenações, qual ritual molecular de sublimação por assim dizer, e não será portanto por acaso que esta (necessidade refinada em possibilidade) se deseja em primeira instância da divindade, como noutros lugares e géneros literários aliás.

E como em tudo o bem maior
Em paradoxal do interstício desponta
Naquela semente fecunda
Que em elementar do alimento
Percorre todo um estado de alimentação
E no percurso desse alimento
Entre torna e tende
A ambos termos
Na robustez dessa contenda
E das ideias simples
Que num efeito de retenção cristalizam
O apetite em imagem
Por meio de um levantamento de segunda ordem
Que tudo preenche
Em primevo da matéria
Forma de sugestão ou sementeira
Parte para a frente da fome e dos ossos
Pelos montes purificados
E digere em boa ordem
Pois o que conta é a digestão das coisas.

E feito por fim do aparente principio das coisas, num denodar que proporciona o completo estiramento das fibras, a todo o comprimento e respiração, junta em cordas de matéria, a mesma refeita, pronta e limpa, matéria.

Quais modalidades do nó ou do nervo, em termos de precisão.

30 de outubro de 2017


Dize que partira
Da palavra o inolvidável
Vento tinha qualquer coisa
Do momento
Que agora recitas:

Era uma vez nas bocas
Outrora a manhã
Chamava contigo a linguagem
Oh aparência de ideia
Que nos eflúvios de acaso
Rumas ao cada cimo
Do frutífero lugar
Em casca de carmesim
Na festiva posição do amor
E daí palpitante
Frutificas na terra
Tocada do odorífero das violetas
Onde anoiteces de delicadeza
E coisas de ti
Oh beleza, colheita ao redor delas.

26 de outubro de 2017


Mais que reconhecer
O retirar dos rostos
Há que adivinhá-los
Daquilo que de aparente
Têm as palavras
E o silêncio da refinada
Renda que desperta
Ao redor das mãos.

25 de outubro de 2017


O transporte.

Posto por sombra
Aberto a uma luz suspende
Os ecos da suficiência
Duplicado em matinal da forma
Num segundo em reflexo
De agora que trespassa
Os amanhãs do mais-que-perfeito
Sentido, e a cada descida.

Num efeito daquela presença que a cada idade atinge os cânticos das coisas que são da terra e recomeça então dos antigos amontoados por indecifrados momentos que cantam as informadas árias do vazio nas aglutinadas cinzas.

E isto a ponto de uma cegueira que lentamente assenta o sincopar dos corpos inclusos naquela espécie que traz consigo o distante em forma de vento.

18 de outubro de 2017


Particular do instante.

Como escutar o verbo
No oculto círculo dos sorrisos
Em contígua circular
Das letras ao cimo da ventania.

E o soar das mãos
No pouco sombrio da febre
A baixa voz
Num reflexo de jazigo.

Veja-se pois o exemplo
Da língua nosso bem genético
Que fragmentado em grande efeito
Reposta a natureza
Num crescendo de intelecção
Dirigido ao celestial do consenso
Celestial na realidade
Se faz do sentir
Das coisas de outrora
E do bom tempo passado.

16 de outubro de 2017


Cheira bem, a pão acabado de fazer.
A mim, que estou aqui sentado
E quase espesso, confesso -
Este cheiro do pão acabado de fazer
Como que dilui-me da espessura –
Embarcado que me tomo, por momentos –
No cheiro do pão acabado de fazer.

9 de outubro de 2017


Conta-se que um dia o suceder das falas se adornou de ideia na espelhada imagem que justamente dobrada saiu ao fantástico caminho do magma a fazer-se outro da recordação do olhar que ao atingir da hora num marulhar da vontade lhe ocorreu a dois por qualquer coisa do fogo e entrou então no recinto em ato que continuou para em queda se agarrar no digesto que vira adormecida a palpitar dos lábios consagrados que cantam cantou ‘será nuvem será este’ numa metamorfose da maior exigência.

Bom, talvez não seja de supor nessa mesma imagem.

Mas paradoxalmente essa dicção possibilitou-lhe o derradeiro desate da prática de um certo mundo que hoje em dia permanece em silêncio que seja repartido na processão do nosso verbo ao modo evasivo que se espera do sonho.

4 de outubro de 2017


Claro que não, claro que não.
O que faz-se, marca-se mesmo.

Concede este gesto a representação, e ainda a tempo, dos séculos residuais, das desgarradas histórias, dos desmembrados corpos esquecidos.

A partilha.

Nas silenciosas catacumbas jazem as jorradas gargantas na pedra que murmuradas em volta aos corpos soltam-se nas celebradas palavras de sangue e numa imagem que a voz sustenta em solenes e soletrados segredos das memórias dos reminiscentes despojos que ao longo das falésias e das escarpas ficam empilhados em piras de prata terrena nos desolados recantos.

Outras terras e o maior dos cilícios silêncios num ostracizado estertor das sombras e das coisas voláteis.

Hostes do rugir voraz
Nas ossadas ocas vigilantes
Pálpebras e semelhantes fronteiras
No lamento da primeira
Distância aos rapsódicos termos
Do falar demos do lugar
Por grotescos e multiformes traçados
A tez das continuadas fontes
Em promessas de sentido e gestos
De trabalho nos reflexos
Solos cintilados a fundamentais
De imagem e ignições dos tristes minutos.

Sincopados corporais de artifício ascendem como que insinuados ao estranho lugar em esboços de passado e presente que abertos numa palavra aos multifacetados instantes da representação do fogo e de uma esfera mais vasta representam as iniciais incessantes e inertes rajadas dos assinalados silêncios nos breves minutos do acontecer reflexo da locação que fica o antigo nas palavras e maquinalmente o mar-cego de outrora escritas ao fluir de um vento em filamentos sonoros.

Outro verbo o nome envoltos do saciar alado a cada fugaz do regulado canto embutido e dissipado na rebentação das terras e da miragem numa magnética indução do induzido que agrega dessa cisão as distintas magentas do traço por assinalada falha numa qualidade.

Condição de origem
Dos materiais movimentos
Nas acabadas palavras
Dos exaustos ciclos
Esventrados e verbais.

Como replicantemente a parte pelo todo em busca da frase perdida o modular tom dos corpos ao momento inicial numa ideia que por suscitado verso chegam em composição junto ao próprio tema intuitivamente efeito que cruza as maneiras do inicial instante e das formas e dos nomes que escapam de uma anterior existência e uns instantes mais.

E depois o entrar na origem a um tempo rasga de identidade o termo das estações e os alternados temores no espaço da criação dos territórios em cópula noção do face a face e original raiz da semente que chega aos corpos em estado febril e a meio da distância faz o essencial da satisfação.

Na força de um cintilar
A duas mãos da espécie
Por seminal ideia
Ao fundo obsceno do grito
E destes todos ideia.

Que na linguagem por fim se revelam em causa e efeito ao entardecer dos panoramas:

Infinitos como as ondas
Marcam então o olhar fascinado
E perplexo ao percorrer dos cromáticos
Processos da metáfora
Em lúdica marcha de cadências
Pontuais de vontade.

Que de branco se revestem
No vulgar da ocorrência
Em lastro nos interstícios
De um cristal violeta
E todas as terras em estado de grito –
E ventos de vertigem
De temperatura ideal.

De um processual das unidades da composição composta e daqui dizer a ocasião e o quão solenemente das fundações numa língua e de per se.