... e o corpo não há nada,
nada excepto eu.
Não é um estado,
não é objecto,
espírito,
nem um facto,
menos ainda o vazio de um ser,
absolutamente nada de um espírito,
nem do espírito,
não é um corpo,
é o intransponível eu,
um não eu,
eu não tenho.
Não tenho eu,
mas apenas há eu e ninguém,
não há reencontro possível com o outro,
o que sou e sem diferenciação,
nem opinião possível,
é a intrusão absoluta do meu corpo,
por todo o lado.
Antonin Artaud