22 de setembro de 2010

A vertiginosa velocidade do afecto,
as faces do assentar do tempo,
a ignição da memória, quer dizer,
a inconsciente criação da memória,
irascível manifestação das condições,
nas golpeadas, linhas da progressão temporal.

Um quadro.

Onde vou diz-me o instante que se depara.
E o que quero diz-me um certo reconhecer.

Fora do mundo preenchido em tomadas do movimento dito puro, as imprecisões e a cidade em oculta movimentação dos sinais, o estar longe, a manifestação do afecto, o desvio dos objectos e a face da indecisão, da ausência, o cansaço, a continuação. As palavras que não escrevo são (junto ao verbo) como que a manifestação do respeito, primitivo, (mágicos) caudais da repressão, da carne em maresia, os momentos de uma selvagem cordialidade. E a activação de um (tal) movimento simples passa pelo movimento simples, redundante, distraído, em cadência, em cadência … apenas me perdi e já tarda o desfazer dos laços, dessa imagem.

Essa remota mensagem.

Cantos da sublimação
permanecera gratificado
o silêncio na espera
do conteúdo (dos livros) da reencarnação,
a suposição de todas as histórias,
os eventos do sonho,
os comandos do plástico.

Do torpor
nem uma palavra
(em cada que fica),
ao resfolegar das posições físicas,
o cansaço da guerra,
aquilo a que chamam a … ,
o cansaço.

Batem-me o corpo
miserável
as horas e os minutos
deixam
como que cortinas
do torpor
em todas as quedas
no corpo, quente.

Uma mesma situação do vazio à sombra das renascidas cinzas feéricas, uma outra manifestação da sonolência, os liquidados, a saudação, insisto-me então numa impossibilidade do diálogo que muta-se em soluçar do silêncio, espaços à força, pois, cedo se retiraram dos objectos, das palavras.

Curto diálogo.

- Vamos, o regresso, o reconhecer, o cordão, os limites.
– Afim, logo, numa simples constatação da evidência, qual a consideração, sim, qual a mais alta das considerações na vida, enfim.
- Nunca é tarde a tarefa da lenta e cuidadosa proliferação dos objectos, o cuidado.
- Mas o sol e a incineração abrupta do movimento, a curiosidade, o abjecto.
-Todos os lugar-comum, que mais.
- Como dizer o lugar na sua ausência, o apelo do espaço no vazio, sim, quero dizer, as apoteoses da instalação nos edifícios calcinados das fontes, como dizer o permanecer, o ócio.
- Pois que são as posições da permanência que contam, a luz, já dizia.
- A luz dos edifícios batidos e calcinados em dor, sua pele arrancada, bocados de uma velha história dos cheiros e dos diálogos, o atrevimento mais que corrido no asfalto cru, siderado, a busca das palavras ou qualquer coisa, uma chama, uma preposição, a continuada posição do delírio.
Depois.
As posições vazias do espaço,
a impossível tarefa da inscrição das palavras,
seja, como um vogar absurdo,
em continuação do peso destacado,

(n)as ligações do momento,
(n)os satisfeitos corpos do enlace,
a vida como um rodopiar dos corpos soltos,
na matéria, fugazmente,

como quando soltam-se
as palavras em não sentido
da musicalidade, simples
situação do acaso, do costume,

console-se o corpo dessas latitudes
como numa voz que tomasse-se antes do sono
em fugaz presença dos altos,
nos esquecidos escritos do sonho,

da indelével maternidade crua,
eu digo, todas as manifestações,
da crueldade, da generosidade,
da entrega, um sacrifício até, enfim,

nunca me passa a razão
da partilha, até aqui,
retraíra-se o corpo na face, do
mais uma vez as manifestações da imagem fixa,

era, como numa invenção da linguagem,
uma observada concorrência
em corpo de todas as manifestações
da prepotência, do cálculo,

com tudo da leveza que desarma,
dispõe, as matérias mundanas da luz,
feitas do acolher,
na porção dos gestos e do silêncio,

em amálgama dos corpos
fendidos, em terrenos do sol
e mais visões, no enlace do instante revelado,
as torrentes de uma água fresca e fria,

como as mais ternuras do conforto e da entrega no repouso de uma multidão, desértico.