9 de novembro de 2016


Vou (apenas) estar uma hora
E arrelia-me um bocadinho este bulício
Que sinceramente…
Enquanto não chega o momento
Das poucas posses quero
Fazer e é um direito que lhe assiste
Interiorizado em afectos
Como se diz das bátegas de chuva
Que persistem na qualidade da indumentária
E quanto mais olha-me -
Pois - com toda a força da imaginação possível.

7 de novembro de 2016


Nitro benzeno - like.

Foco pontual ao ponto de navegação.
E os céus aproximados da substância
Propícia em guacamole de conjunto.

Um bom dia para ti também.
Não tarda aí o inverno
E lembra-me pois, de manhã-
Exactamente o que devo fazer – por maneira douta
Ou então saio já aqui.
Recomendo o sociávelmente
Apelo de estar a dor
Da memória escrita com tudo ao abandono
Numa inexistência disposta
Que conheço mais ou menos… e sinto-me
Como se me pertencesse
A algo de maior
Em comunicação verbal… de ausência
Senão morreria.

Quero deixar expressa
A imagem da posição das figuras
Em movimento para mim -
Pois também para mim apenas o significante
Conta - isso de tão perene
E palpável como a existência
(ou a inexistência) de uma tinta
Que assente bem
Recatada de Ifigénias ao amanhecer
Do touro ou ainda mais
À espera da lua cheia e candente -
Uma quanto e necessária manifestação
Do aspecto reclamo
O sentido alimentar nas funções manuscritas.
E isto na hora da marítima.

Quero portanto apresentar-me.
Sou eu destas pedras da calçada em basalto agreste
Exorbitantemente em passeio
Nesta vida que de tão intensa quase chega a desfalecer…
Mas estou bem, tropecei naquele instante
Mas estou bem, e agradeço a pele
Já que as bebidas
São de um gás ligeiro e ainda mais deliquescente.

27 de outubro de 2016


Tudo o mais ficaria bem
Continuasse a fanfarra à maneira dos malucos
Com cinturas de coisas
E palavras postas a concurso.

Deixa-me só terminar este cigarro
E vamos daqui p’ra fora a um outro dia de mais palavras
Até que eu seja o caso de ficar desfigurada
Nos gritos com que me corto neste vazio que me invade
Rasgada dessa imagem que não chega…
Olha-me, poderíamos sair a dizer
Desta agitação que me rodeia de línguas e sorrisos
Mas primeiro gostaria de me permanecer
Refletida nestas vidraças iridescentes
Enquanto cais na pálida tarde e deixas-me ouvir-me
Debruçado a decidir o que te parece distante
Daquilo que te parece distante
E chega da tua indiferença – dita-me
Desse lado antes que me chegue o silêncio –
A presença, qualquer coisa, diz-me que tenho de ir.

Adormecido ruíra a tua face
Em compartimentada presença os murmúrios
Que dessa e desta parte não reconheço
O reflexo e gasta-me a pele
Em debandada qualquer expressão… como sendo.

26 de outubro de 2016


Diz então como dizer
Composta por palavras
Essa maneira de insistir
Que toca o olhar liquefeito
Ao demorado recanto
Do ritual disposto
Em sobrepostas camadas
De uma argila muito fina.

Em caso de dor
Sobra o histórico percurso
Matizado a cabelos
De embriaguez nos degraus
Da manhã cedo
Pois também
Eu fui jovem, risonho diz.

25 de outubro de 2016


Idade

Significativamente soletra
O devido espaço/apreço da cabeça
Em cânticos da região
E nas mãos depuradas a idade
Avança e a pele acetina
Naturalmente nesta altura do ano.

24 de outubro de 2016


Máquinas silencosas.

Como estar feito de espanto
E alguns destes corpos sucumbidos
Em combustão lenta - residual
Da noite estes movimentos inventam
As memórias dos semelhantes abraços
Que parecem a noite apenas
E a noite cheia de luz num dia aqui.

Qual velo de procissão distrai, sabendo, no entanto, do que é feita a distracção:

A significação de uma qualquer coisa
Investe os recortes de luz nas formas motorizadas
De alguma vegetação
Qual rasto de circunstância
Mecanizada e centelhas de chaminés
A exalar sinfonias
Em aproximação ao lugar desconhecido.

O resultado de semelhante percussão apresenta-se a cada dois ou três dias naquilo que é considerado o seu modo garante e o mais prodigioso dos concertos que atenta ao pormenor e à regeneração do património através da elucidação e da dilucidação de todo um conteúdo sufragado ao modo do acontecer propósito do artelho batalhador e do barro e sua demais constituição assim glorificada disso.

Tudo ao acaso no pensamento da imagem feliz.

O que por semelhante elevação pedestal não saberia perder em consciência tais mananciais de literatura com todas as letras substanciadas em rotação recipiente e consensual qual oração do pão para todos que é a máxima que desprende-se a cada linha universal em fio condutor das arquibancadas e das vozes aparecidas e desaparecidas num relance considerado em centelhas da nova luz e na sólida tradição da mais valência à sombra dos expeditos telégrafos e da bem-aventurança arremetida noutros elementos.

A grafia disso …

É como a elegância do contorno que excita uma certa proliferação de uma certa abundância e ainda uma certa degustação sendo que qualquer proclamação do bom gosto ou do bom garfo é relativa como o tempo e precisamente porque está de chuva a delicadeza quer seja ela do traço ou da expressão contida em sedimentação silenciosa fica no aparentemente distraído mordiscar dos lábios que empresta-lhe um ar desprendido e como que casualmente concentrado pois não é por ser minha mas ainda bem que a população dos ligeiros não para de aumentar, é uma constatação:

Mas será que por estes lados ainda não sabem que o mundo acabou? – pensou consigo.

Outro dia esvaiu-se
Focado e languescente
Nesta cor de chuva
E o rio pincelado
De silhuetas - oscilações
No olhar percorrido
A verde e torrentes
De pedra impaciente
E momentos de vegetação.

Por maneiras de quem diz não-não vou sair na próxima paragem até porque está muito frio e mantenho o que disse aos olhares que em volta se buscam nunca vi mas não me desgosta pois o correr da forma é outra coisa não como a luz de uma certa cor de fundo e firmamento súbito de azul e desertos brancos bolbos de sumo pardacento e ácido.

Por razões à partida da terra
E paredes velhas
Arcas de tijolo colorido
A frio no tempo
Veloz esvanece o espaço
Permanente lugar das escritas
Invariáveis não
De menoridade mas de gozo.

E correm os territórios
De olhar passageiro e mendicidade
A framboesa invisível
Sombra do vislumbre
E forma das palavras
Por detrás dos espelhos
Magnéticos nomes da canção
Da luz o mesmo
Olhar suspenso em panoramas
De sedução e cor
Sólida no tempo inerte.

Que num movimento lento de expressão passível gesto interlocutor exercitara o rasto pista de primeira terra.

19 de outubro de 2016


Suavidade

A suavidade encíclica do pedestal clássico
Por hábito antigo de anatomia
Do sangue calcula a contínua migração dos povos
Potenciais num particular da solenidade
Entronizada ao cuidadoso manuseamento dos materiais
Multiformes em pertença líquida.

Numa ligeiríssima diferenciação
Do resto faz da pertença a antecâmara
Da partilha ou o acontecer
Manifesto de uma certa casualidade – o chiste ocaso –
Que quando alimentar
Fica e fumegante padece de uma certa uniformização.

Na esfera orbital do pensamento o pintar deste acto físico excita a substância em subsistência e não é verdadeira oscilação como nos decálogos antes suspende-se em memórias de uma certa emancipação integrada.

Do que afinal pouco fica
E nos braços que são
Como quem não carrega
O sopro que dali os entreolha.

Esta sentença corta como o “verdadeiro acto” da criação e da ligeira tendência e conquista e é reconhecida por momentos como sendo a memória da implantação de uma qualquer outra coisa que percorresse em processos de passagem a desapiedada condição das montanhas altas e o relevo que persiste em calafrio na pele as ancestrais verbas da vaidade.

Permanece assim como o não atingido movimento da cor estupefacta numa expiração que sobe regulada a um ponto de luz e percorre os dizeres da falta por meio de um qualquer tempo depois da vida ou o que seja da mais leve inexistência a um qualquer fundo inolvidável e em respiração pausada, como nos filmes.

14 de outubro de 2016


Palavras – umas a seguir às outras.

Nada é palavra
E a palavra floresce
As abundantes palavras
Febris - primaveris
Umas a seguir às outras.

Como na multidão
Das fábulas os sinais
Da ágil travessura
Na imagem de ser muitas
Palavras num céu
De azuis já esquecidos
E palavras que chegam
E dizem da primeira
Na segunda pessoa.

13 de outubro de 2016


O aprendiz

Uma mesma falta e o mesmo reconfortante cansaço. O cuidado de insónia e os olhos cobiçados ao que sai da regra – o mundo. Dissipado no que das prosas sobra em corpo abre e sobe e desce e as cadências chegam, preenchem de representação.

Pálidos decibéis outonais
Um cheiro a terra
Erigida – habitada, restrita.


A silenciosa sintaxe do signo na parte medida e perdida ao mesmo instante em escalas de paradigma e circulação do peso, ao centro, a falta investida em palavras que, na imagem do minuto só seu, carregam uma oração de tudo e a vista frugal do tecido.

Gargantas sequiosas
De cenas e combustão - o ápice -
E naturalmente o vazio.

12 de setembro de 2016


Mitos - fronteira - etcaetra.

A semelhança hesita
O transporte ao momento
Seguinte repente
Do qual se faz figura
Escrita e acontecimento e objeto.
Como arestas
E mais a luz que as ilumina
Chama palavras
A receber-te aqui – pormenor –
Do que ficou por fazer.