30 de outubro de 2009

“As corporações são o materialismo da burocracia e a burocracia é o espiritualismo das corporações. A corporação é a burocracia da sociedade civil ; a burocracia é a corporação do Estado. Assim, opõe se na realidade, como “sociedade civil do Estado” ao “Estado da sociedade civil”, isto é, as corporações. Onde a “burocracia” for o novo principio, o interesse genérico do Estado começa a converter se num interesse “à parte” e, por conseguinte, num interesse “real” que luta contra as corporações do mesmo modo que toda a consequência luta contra a existência dos seus pressupostos. Por outro lado, quando desperta a vida real do Estado e a sociedade civil se liberta das corporações levada por um instinto natural próprio, a burocracia tenta restabelecê-las, pois se se dissolve o “Estado da sociedade civil” cai igualmente a “sociedade civil do Estado”. O espiritualismo desaparece com o seu contrário, o materialismo. A consequência luta pela existência dos seus pressupostos quando um novo principio luta não contra a existência mas sim contra o principio dessa existência. Logo, quando é atacado o espírito da corporação, também o é o espírito da burocracia ; e se esta combatia anteriormente a existência das corporações a fim de efectivar a sua própria existência, procura agora salvaguardar tenazmente a existência das corporações para salvar o espírito corporativo, o seu próprio espírito.”

K. Marx ; Crítica da Filosofia do Direito de Hegel – Presença.
T. – uma comoção da imagem.

Precipitara se
a temperatura em frémito,
insinua a jovem noite,
ainda uma brisa
por dentro das casas
as atenções do dia
desvaneceram em frenesim.

E corro em visita dos sinais.

As cursivas - imagem
dum contraponto
a sincopar dos momentos
em panorâmica vista
na volta do apreender,
que não seja um dia,
outro e a vida
a cada instante, velo
do movimento,
olhares, engalanados
sons do sincopar
a maquinal-regra
de um mural citadino.

Não se ocupara do conformar do planalto o olhar de uma figura sem forma.

Os poços negros, passagens
(ao) suspenso coração da imagem,
lapidam em contraponto o corpo,
ficado nessa noite em fazer dia,

Na escolha diz alocar as resistências em acto que importa.

Da queda em dispersões,
as saídas chegado,
o silêncio das palavras,
seus intervalos matriciais,

E o instante é logo que o fogo começa e deixa se como considerar a entrada, o descanso, e o engano elege se frente aos olhos em rendição e tudo, como as últimas disposições da consciência, em salto, o por fim dum distender - copiosamente - arvorado às multidões do rumor, novamente o vazio.

Profundo dos olhos e os ossos
silenciosos fundos da terra
em contraponto às chamadas
do vale a um cimo destas encostas,

fogueiras do calor e da terra e a noite
em esguios socalcos estendidos
sobe este percurso abaixo a encosta
e o faz correr a face funda,

como para lá dos olhos em sonho
a uma moldura sobre as manhãs
em mais real dos ocidentais exilados
instante em comoção das imagens.

A funda mente e perdida
por detrás dos abismos
passava a realidade
que agarra me o murmurar
(o olhar sente)
os esquecidos segredos
a que chamam sonho,
(no sítio onde pára a poesia).

E o dizer apela o dizer do rumor em lugar dos ossos separados, vale-imagem
de todos dias,
correra muros,
a saudade,
os olhos baixo.

E nesta ideia escrita das figuras em pedra a fundos véu só continua a vista junto (?) que faz o rio à volta.

Por fim o coração atira me
como pode o chegar
ou não esta escolha “antiga”,
este olhar das encostas
de novo em partida, outro lugar.

E não mais, tira se o perfazer das palavras qual desmagnética “figura escrita, sem, ou quais, véus que tomaram se em mar assim.

28 de setembro de 2009

Visual digressão em genitivo.

Deixado após fundo,
o sedimento é que fica,
nos ecos desse apelo,
que passa ao fim,
dum natural regresso,
à vertical fugaz,
da primeira leitura,
qual talismã da reposição,
nos olhos silenciosos,
espaços da caçada,
a providencial maneira,
da silenciosa linguagem,
nas coras do acolher,
a organizada imagem,
dum esquecimento,
em representação,
da potência acto,
do motivo depois,
da caçada estendido,
em umbilical promessa,
da realização da terra,
na primordial caligrafia,
da realizada memória,
da incineração, a flecha.

A oculta chama,
dos olhares em festa,
na extinta direcção,
d’outrora a fluência,
paira qual estranhar,
natural da representação,
o imperativo acerto,
tempo, qual remanescer,
dos ilustres instantes,
expandido, denso, critério.

14 de setembro de 2009

Em Setembro.

O corpo excedente,
a parcial temperatura,
dos compostos conjuntos,
impresso expressos,
estados em físico
sinal, do rito muscular.

O reflexo. Ora em qual reconfiguração dos aspectos tirado o reduz, suspenso, as com notações encerradas o faz os libertos automatismos, o move.

Oscilante e insulado,
o pensamento à escrita,
à ideia, matéria das ondulações,
a muscular abertura,
duma certa aceleração no vazio,

circunscrito,

daqui a local,
e sem daqui deixar,
a local liga,
do iniciar rápido,
espelho disso,
em escrita depois,

duplamente.

Depois, o devolver das polarizações em desmagnético carrossel ou réstea de atenção descuidada fizesse se linha, sulco.

Que por vez lavrava o rudimental alimento.
Os concertados crús rios da pele.
Em totais olhos d’ horizonte alheio e denso.
O tender e motivado em calcinação das cores, a luz.
Obviamente mais acima, árido, a ponte, o céu.

Regórgitos em distensão da memória de um alinhamento intuitivo, primitivo e descritivo, das quantitativas – musculares - técnicas, antes mostras, das palavras do momento. A locução significa, o descritivo sabor entanto entrar a noite funda, talvez excesso, aceleração.

Disperso de nuvem,
a tempo e o vento,
as luas em tonalidade,
e sabor do sal.

O ba®co na areia,
antes do sol pôr se,
o cair d’imagem,
no colorir instante.

Em tom do mar,
e sugestão de vento,
as cútis dum dia gasto,
o disperso horizonte.

3 de setembro de 2009

(entre agosto e(m) setembro)

Reinstalação, em modo (hipotético porém) o esquece, as superfícies adentro, o coincide acerta, característica das cores, da terra ;

por falas e ritos,
dos outeiros e montes,
a madeira e os ossos,
nos braços e palavras,
dos crescendos sinais,
esvanece e distendem,
os ecos do frenesim,

dera,
reflexo,
dos olhos
vaso
ilíquidos,
entardecer,
imposição
das dispersões,
onírica,
oscilantes,
rasgo
dos olhos
castanho,
fundo,
estendido, (numa inclinação de* plano ascendente), ilusão, destemperado ar da vida ágil, podengo, estender das clarificações, dos órgãos, vinte mil guardados elementos da conjugação, noventas, subventas mais longas linhas conversos lanços duma escorreita, (porém vivo e deliquescente), deslocamento das introduções disjuntivas, o após da vária civilização, das línguas.

Alto e baixo
atendido
- altar -
mais ágil
- da tensão -
simples.

Disse o frio,
dígitos do paradoxo,
em fluí duma conversação,
a mostra em recanto,
oscular dizia,
o demais grito,
em espécie do parecer,
as letras do mesmo,
mesmos dum sedimento,
a firma em situação,
o atira sólidos,
da colisão fasto,
olhar, história, marca,
em grotesco o suporia,
o figurado, vazio.

E em si, levas de somenos
rosam se a curvatura da carne
- em distributiva - do mesmo olhar
a casa justa, inflado ao fim
dos tempos, numa consignação corpórea,
extenso e despassado, acto figurado,
em conserto dos alongamentos.

...

E no recomeço,
o extenso dos solos,
nas locações cristalinas,
das curvas em colapso,
e altitude em deriva,
de solene e substancia,
logo a conta firme,
o som duma maneira,
em vias de fundo,
a romper esgotado,
o campo a alta voz,
em sinais de resto, .
e junto as amenidades,
no dizer as palavras,
em passagens apostas,
comportas da decantação
simples, num dois três
em teoria, e não tanto
da escolha, antes
imediato, acto
da lapidação ;

os silvos na montanha,
o ribombar do dilúvio.

Os fragmentos, dum antes irreconhecíveis, fases do acto, combinatório. O sol seco e ávido, resfolegar das cinzas, vermelho, gasto do batimento símil. O som, de nota
- ascendente/descendente – estáticas.

*não do.

19 de agosto de 2009

Agosto adentro.

(primeiro momento em expansão circular, abrangente.)

O templo,
de veste em cinza,
silencioso abrir,
crú d’espanto,
repassado em calipso,
(o coração certa mente)
- contraz –
os longos levantes,
a menos, as hierarquias
das palavras, suas cadeias,
as peças, as suas várias “unidades”.

E chamado aventro das edificações, das matérias, o ciclo.

A fausto arauto
em mor de quanto
e qual
- condensada –
altercação
dos simples,
numa “não leitura”,
novamente..

Contínua.

Que dito se insinuasse
a espaço aberto
um tal andarilho,
incansavelmente,
as determinações pura e simples,
as derivas crescendo,
as arestas os soltem,
os rumores duma oriental
fáceis actos sem fim
constituído, esse,
em linha de contra
corre, a nota,
tirado em espaçamentos
se impusera o tempo
dantes fora quais
princípio d’tal imposto,
não digital,
depois das contagens,
por ligação difere,
adentro outrora,
o dizia celas de infinito,
as rodas de oriente em chama.

O constitui quaisquer percursos – descolocado - estender dos quantos/quando audíveis único olhar desse o diluir dos desgastes, dialécticos, o “portanto” da posição extática.

Numa,
- pressístilizado -
potencial
auto
cora
são
gera
entrar ditado
das mecânicas em queda,
livre, as suspensas,
desenfreadas automações,
o demasiado veloz.

E depois, refiz ante o perfilar dos ensaios, ou seja, numa construção dos relógios.

Edificantes, considerar discreto estar de fundo, por assim dizer, as progressões, o meio actual, o campo das cores, a multiplicação, logo, as vacuidades, de ausência em ausência, numa estatística estratificação, a um cada um, conforme, ao panteão duma cantiga, dum coro.

do branco as cores,
as cores do branco,

numa utilidade,
quase perfeito,
o seja, rodado
defeito, fosse.

Vazam cintilante
o acerto ir da súmula
aos extremos do garrotar,
consequente altar da permanência,
onde adormece o destacado levante,
(por virtual composto, em descompasso),
lugarejo de tecto vazio,
trajecto ao peito, junto, xaz.

27 de julho de 2009

Em Julho assim.

Impresso de fala corrente
em maneira aplicada
voga da captação
na vanguarda das antenas
possível desencadear
dum simultâneo manifesto
acerto em vão das sombras
linhas edificadas
ondulações de água
abundante em perspectiva.

O fogo tomado,
em lama apartado,
nas águas amenas,
do rasto traçado.

Veloz só sombra
o mais cada vez diria
quase emissão colocadas
pontes conturbadas
dos dias ribombar apenas
avançam sinal dum parecer
estatutário contado com
doam de manifesto
num voluptuoso segundo.

...

Curva o parecer,
adentro avental,
passados os corpos,
das cútis vigias,
mostras da satisfação,
as subidas e descidas,
pernas da tensão,
no dedilhar os cabelos,
ritmo de afagar,
a pele em mostra,
das cintilante mente,
onduladas espessas
espumas caíssem quase
o silêncio da fria morada,
em perfil do mármore,
os suspensos campos adentro,
o corre esta citação, ocular
das onduladas superfícies,
na terra inexistente.*

Os sabores da rarefeita
situação histórica
das transparências
continuar nocturnos
rastos o dia sonoro
estria radiofonia
distender representado
esvaído duma cada festa
grito e terno e só
quando sabre em liga
tal não esteja depois
o esvanecer das faces.

Distendidos termos
dessas mesmas figuras
no papel silenciado
regresso a todos
dum dia redundante

E por quem ficara
qual fossem chamadas
entregas duma certa
decorrência das vias
o mais irrompe.

Ora vento a sopro
da partição em rajada
tensa o estender
imediato, as séries,
o baixo grito.

Pressentir da fortuita pele, os olhos e distribuições, logo a procura, efectiva, uma antes data, os tais três instantes da sucessão fixa. E mais longe o divago agora longamente a síncope em rotas duma abertura vã, todos do anoitecer, agregado às portas só do vento e mal o sol desapareça, o deixar natural a luz, nos berços da lua ou qualquer surja o distender aluído, desta vez lugar, os apenas braços duma cor, e depois das manhãs, válidas, no consequente avanço.

* que disse se "como o meu totem".

17 de julho de 2009

Operação do recombinar os específicos dados da impossibilidade, os ritmos do desacerto.

Chegara o gesto em escrita do (resto) sentido “cego” original sabor da simultânea coincidência deste, agora, suspensa cor.

Não à face,
em face deste,
em não acção,
no acto desta.

Sustenida nota
distensa, corda
duma (tal) específica
operação fundamental
diz lançados,
calendarizados
afectos em modificação.

Regórgitos dum
a verso antigo
e sempre novo
este mesmo
em transição
da lucidez
chegado a si
num tempo
constado
em tal hístória
das eras,
ao nascer,
já era, antes ;

as antigas notas
em sinal da cor
dos planaltos
encrustados
ri actos
de uma civilização
em fundamento
da figura.

Vista cega, voga local, da estepe (um) sinal, (em) contracto local.

Temas
duma noção,
dos “actos”,
das continuadas
notas idas em parte
encadear dos estratos
(por camadas parciais).

14 de julho de 2009

Notei uma coisa ...

... bizarra, anormal,
estranha,
que ninguém quis
nem quer reconhecer
pois existem palavras de ordem,
de intransponíveis barreiras,
e formas de essenciais interditos :
somos uma vida de marionetas,
e aqueles que nos guiam e detém os fios do sujo despeito consideram antes de tudo e digo Antes de tudo o inveterado amor próprio dum cada um
que fez por que nada no mundo este um cada um não quisesse
não crer se livre,
e confessar, e reconhecer honesta e sinceramente que o não é.
Somos um mundo de autómatos sem consciência nem liberdades,
somos inconscientes orgânicos grafados sobre corpos, somos corpos grafados sobre nada,
uma espécie de nada sem medida e sem bordo e que não têm meio ou eixo, onde seria este eixo no nada, e o que seria o meio do nada (e de quê seria nada o meio) ? e como formaria o nada centro quando não existe invariável meio,
quando o invariável meio é uma fraude
que desarticula a realidade.


Antonin Artaud ; Autour de la séance au vieux-colombier ; 1947 ; Oeuvres.

5 de julho de 2009

Sopra os campos,
a verde em passo,
e de areia baixo,
no expandido instante,
que parte aos olhos,
de horizonte adentro,
e numa ocasião,
do corpo assente,
em "linhas" do silêncio.

Os caídos de acaso
em corrente,
o rumor erigido,
numa vez saudade.